Após protestos antissemitas, Universidade de Columbia terá aulas online

Protestos contra a guerra em Gaza têm atraído grupos que intimidam e discriminam judeus; prisões foram feitas em Columbia na semana passada e em Yale nesta segunda-feira

Roberto de Lira

Manifestantes, em Nova York, protestam em solidariedade aos organizadores pró-palestinos enquanto bloqueiam rua - 18/04/2024/ (Reuters/Caitlin Ochs)

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A Universidade de Columbia, em Nova York, decidiu adotar as aulas online nesta segunda-feira (22), em meio a vários protestos que aconteceram no campus nos últimos dias contra a guerra em Gaza, mas que atraíram grupos com pautas antissemitas.

Em comunicado, Minouche Shafik, presidente de Columbia pediu que apenas o pessoal essencial se apresente o trabalho hoje e que os alunos que não são moradores do campus não compareçam às aulas.

Os protestos agitam o campus de Columbia desde a semana passada e vieram à tona quando agentes do Departamento de Polícia de Nova York invadiram o local quinta-feira e prenderam mais de 100 manifestantes estudantis pró-palestinos, enquanto milhares de outros gritavam para que parassem.

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A tensão também está aumentando na Universidade de Yale, em Connecticut. Nesta manhã, dezenas de manifestantes pró-palestinos foram presos. Segundo a direção da escola, 47 estudantes que protestavam contra os investimentos da escola em fabricantes de armas militares foram presos na Beinecke Plaza e serão encaminhados para medidas disciplinares, potencialmente incluindo suspensão.

A escola disse que fez esforços repetidos no fim de semana para conversar com os manifestantes, ofereceu-lhes reuniões com os administradores e alertou sobre prisões antes da ação desta segunda-feira.

“A universidade tomou a decisão de prender os indivíduos que não deixariam a praça com a segurança de toda a comunidade de Yale em mente e permitir o acesso às instalações da universidade por todos os membros de nossa comunidade”, disse a liderança de Yale.

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Alerta de Joe Biden

O próprio presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, alertou no domingo para uma “onda alarmante de antissemitismo” em um comunicado ligado à aproximação do feriado judaico da Páscoa, mas com clara referência aos protestos estudantis em Columbia.

“Silêncio é cumplicidade”, disse a declaração de Biden. “Mesmo nos últimos dias, vimos assédio e apelos à violência contra judeus. Esse antissemitismo flagrante é repreensível e perigoso – e não tem absolutamente nenhum lugar nos campi universitários, ou em qualquer lugar do nosso país.”

Em Columbia, a presidente da universidade disse no comunicado estar “profundamente triste” com o que está acontecendo no campus e que estudantes de várias comunidades têm transmitido temores por sua segurança. Por isso, estão sendo adotadas ações adicionais para lidar com essas preocupações.

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“O decibel das nossas divergências só aumentou nos últimos dias. Essas tensões foram exploradas e amplificadas por indivíduos que não são afiliados à Columbia que vieram ao campus para perseguir suas próprias agendas. Precisamos de um reset”, defendeu.

Ele confirmou que, nos últimos dias, houve muitos exemplos de comportamento intimidatório e assediador no campus. “A linguagem antissemita, como qualquer outra linguagem usada para ferir e amedrontar as pessoas, é inaceitável e medidas apropriadas serão tomadas. Pedimos às pessoas afetadas que denunciem esses incidentes por meio dos canais da universidade”, afirmou.

O site Politico informa que seis universidades em todo o país enfrentam uma investigação de antissemitismo do comitê de educação da Câmara dos Representantes, liderada pelos republicanos.