Adiós, dólar? Argentinos recorrem ao Bitcoin para fugir de inflação de 276%

A troca de pesos por dólares perdeu parte de seu apelo após a taxa do câmbio paralelo subir 10%

Bloomberg

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Em vez de correrem para trocar pesos por dólares, os argentinos estão comprando Bitcoin (BTC) para se protegerem da inflação de 276%, deixando para trás uma estratégia clássica que tornou o país em crise em um dos maiores detentores do mundo de moeda americana.

As compras de Bitcoin na Argentina – uma das nações com o maior nível de adoção de criptomoedas do planeta – se aproximaram de seu valor semanal mais alto em 20 meses na exchange local de criptomoedas Lemon, a mais popular entre os clientes de varejo no país.

Os argentinos procuram formas de sobreviver a uma recessão e a uma das taxas de inflação mais elevadas do mundo, enquanto o presidente Javier Milei implementa uma verdadeira “terapia de choque” para tentar salvar a economia.

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A troca de pesos por dólares, o principal porto seguro durante décadas, perdeu parte de seu apelo nos últimos dois meses, à medida que a taxa de câmbio paralela comumente usada no país subiu 10% em relação à moeda americana, enquanto o Bitcoin cresceu quase 60% em relação ao dólar no mesmo período.

A Lemon registrou quase 35 mil transações de compra de Bitcoin na semana encerrada em 10 de março, o dobro da média semanal do ano passado. O comportamento foi semelhante ao de clientes de outras grandes plataformas da Argentina, como Ripio e Belo.

Um dos principais impulsionadores recentes do peso é o forte controle que Milei exerce sobre a quantidade de dinheiro em circulação, não o deixando crescer enquanto o banco central reconstrói o seu estoque de dólares em espécie.

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O volume movimento na plataforma Belo em Bitcoin e Ethereum (ETH) aumentou dez vezes em 2024 na comparação com o mesmo período do ano passado, disse o CEO Manuel Beaudroit em entrevista por telefone. Ele observou que as compras de stablecoins – criptoativos normalmente vinculados a moedas como o dólar americano – caíram de 70% para 60% durante esse período, à medida que a alta do Bitcoin atraiu mais compradores.

“O usuário decide comprar Bitcoin ao ver a notícia de que a moeda está subindo, enquanto a stablecoin é mais pragmática e muitas vezes utilizada para fins transacionais, como pagamentos no exterior”, diz Beaudroit.

A Argentina é um dos dois principais países do mundo, junto com a Rússia, em remessas de dólares, de acordo com um documento de 2012 do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA. A assessoria de imprensa do Fed em Nova York se recusou a fornecer dados mais recentes.

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Os poupadores do país sul-americano detêm cerca de US$ 200 bilhões em moeda norte-americana, um valor apenas superado pelos Estados Unidos e pela Rússia, de acordo com uma análise do economista argentino Nicolas Gadano com base em dados do banco central do país.

Em meio à recuperação do Bitcoin, os argentinos estão agora se desfazendo de algumas de suas economias em dólares e iniciando opções de investimento para, pela primeira vez em anos, escaparem da inflação.

Ao mesmo tempo, houve um aumento de cinco vezes nos relatos de golpes com criptomoedas em fevereiro, segundo a organização não governamental Bitcoin Argentina. “O desespero dos argentinos para chegar ao final do mês e não perder suas economias os leva a tomar decisões precipitadas sem medir os riscos, transformando-os em presas fáceis para golpistas”, disse Gabriela Battiato, head jurídica da Bitcoin Argentina.

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