Adeus ao MetroCard: após 30 anos, Nova York encerra a era do cartão magnético

Sistema de transporte da cidade conclui migração para o pagamento por aproximação

Marina Verenicz

Publicidade

O MetroCard, cartão magnético que substituiu as antigas fichas de latão do metrô de Nova York, deixará de ser vendido em 31 de dezembro. O sistema de transporte da cidade conclui a migração para o OMNY, plataforma de pagamento por aproximação. O MetroCard ainda será aceito por parte de 2026, mas está em fase final de descontinuação. A apuração é do jornal New York Times.

O cartão foi lançado em janeiro de 1994. Na estreia, a Autoridade Metropolitana de Transportes (MTA) informou que as fichas estavam sendo substituídas pelo novo meio de pagamento.

As primeiras reações foram positivas, destacando praticidade e menor volume no bolso. Apesar disso, a adaptação foi lenta: em 1996, apenas 8% dos cerca de 5 milhões de usuários diários utilizavam o MetroCard.

Continua depois da publicidade

Três décadas depois, o que era tecnologia de ponta tornou-se obsoleto. Desde 2019, a MTA instalou leitores do OMNY; até o fim de 2020, toda a rede já aceitava pagamento por aproximação. Atualmente, 94% das viagens são pagas pelo OMNY. Segundo a MTA, a transição reconhece a nostalgia de parte dos usuários, mas é considerada necessária.

Antes do MetroCard, as fichas — usadas por cerca de 50 anos — eram facilmente compartilhadas e tinham valor visível. O cartão magnético, por sua vez, exigia consulta de saldo nas estações, oferecia diferentes modalidades (tempo ou valor) e demandava técnica para a validação. Regras como o intervalo mínimo de 18 minutos entre usos em cartões pré-pagos geraram confusão. Em 2016, a então candidata à Presidência Hillary Clinton precisou tentar cinco vezes para passar a catraca no Bronx.

Houve também tentativas de fraude, como a venda irregular de cartões e boatos sobre manipulação da tarja magnética — práticas que podiam resultar em acusação criminal. Com o tempo, cartões vencidos ou sem crédito se acumularam nas estações.

O MetroCard trouxe mudanças relevantes nas transferências. O modelo original permitia uma transferência gratuita por viagem. Em 1997, o MetroCard Gold ampliou as possibilidades de transferência. As tarifas evoluíram: no lançamento, a viagem custava US$ 1,25; depois, US$ 1,50.

O verso do cartão foi amplamente usado para campanhas públicas e publicidade cultural, com referências a artistas, programas de TV, museus e equipes esportivas. Isso impulsionou o hábito de colecionar. O Museu do Transporte de Nova York inaugurou a exposição “FAREwell MetroCard”, destacando o papel do cartão na vida cotidiana da cidade.

Com o fim próximo, surgiram iniciativas de homenagem. A MTA promove eventos e produtos comemorativos, além de versões especiais do cartão. Criadores de conteúdo e designers passaram a produzir itens inspirados no MetroCard, e usuários relatam guardar cartões antigos como lembrança.

Continua depois da publicidade

Segundo a reportagem, a despedida marca o encerramento de um ciclo iniciado em 1994 e a consolidação do pagamento por aproximação como padrão no transporte público nova-iorquino.