XP se lança no mercado de consórcio com foco na alta renda e em bens de luxo

Consumidor terá amparo consultivo para adquirir bens de maneira planejada

Dhiego Maia

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A XP Inc. anunciou, nesta segunda-feira (29), a sua entrada no mercado de consórcios no Brasil.

O braço de Seguros e Previdência da companhia será o responsável pela comercialização de cotas ao público de alta renda na categoria de imóveis e automóveis. Bens de luxo, como aeronaves e iates, também farão parte do portfólio.

Os produtos serão ofertados por meio de administradoras terceiras — a empresa também terá um produto próprio que será comercializado em parceria com a CNP Consórcio.

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Setor não para de crescer

Produto tipicamente brasileiro, o consórcio vem registrando expansão na última década. Com faturamento de mais de R$ 316 bilhões em 2023, o segmento cresceu 25% em relação ao ano anterior, apontam dados da Abac (Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios).

“O consórcio é um mercado consolidado no Brasil e tem um grande potencial de crescimento para apoiar a realização de objetivos. Nossa expectativa é se tornar um dos players mais relevantes do mercado nos próximos cinco anos”, diz Roberto Teixeira, head da XP Seguros e Previdência.

Como vai funcionar?

Os clientes da XP terão amparo consultivo da companhia para adquirir bens de maneira planejada, uma medida que evita a exposição do consumidor às altas taxas de juros de um empréstimo convencional ou financiamento.

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O planejamento financeiro vai orientar consumidores de diferentes perfis, desde o que buscam um crédito convencional até os que têm liquidez, mas podem obter resultados melhores no médio e no longo prazo, sem lançar mão de suas aplicações para adquirir esses bens.

Outro benefício de planejar uma aquisição por meio do consórcio é usar parte dos rendimentos para pagamento de uma cota contratada. Essa iniciativa preserva o patrimônio investido e permite a concretização de objetivos.

“Há uma visão antiga sobre o produto, muito atrelada apenas a uma simples ‘poupança forçada’ que não condiz com as diversas alternativas que hoje existem para o produto. Com uma consultoria bem-feita e consciência de um planejamento de médio e longo prazo, o cliente pode extrair claros benefícios de um produto bastante robusto, que pode ser utilizado para diversos fins”, diz Caio Souza, head da vertical de Consórcios na XP.

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Entenda o consórcio

O consórcio funciona como um “autofinanciamento” em que pessoas físicas ou jurídicas se reúnem para formar uma acumulação conjunta e viabilizar a aquisição de bens ou serviços para cada uma, como imóveis ou veículos.

A gestão destes grupos é feita por administradoras de consórcios (instituições que precisam de autorização do Banco Central para funcionar e que são fiscalizadas pela autoridade monetária).

A modalidade foi criada nos anos de 1960 por funcionários do Branco do Brasil, que se reuniram para formar um fundo com recursos suficientes para comprar automóveis para todos. A iniciativa surgiu devido à falta de crédito ao consumidor na época.

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Novas regras

Novas regras sobre a constituição e o funcionamento de grupos de consórcios passaram a valer a partir deste ano e constam na Resolução 285, do Banco Central. A resolução estabelece, por exemplo, que um participante do consórcio será excluído se ficar inadimplente por 3 meses consecutivos (antes, não havia prazo definido).

A norma passou a permitir a formação de grupos em que o valor do crédito a ser concedido ao contemplado seja fixado em um montante nominal, corrigido periodicamente com base em índice de inflação (ou indicador previamente definido em contrato).

A Resolução 285 também estipula que as assembleias poderão ser presenciais ou virtuais, e os regulamentos dos grupos de consórcio não precisarão ser registrados em cartório (mas eles deverão ficar disponíveis nos sites das administradoras).

Dhiego Maia

Subeditor de Finanças do InfoMoney. Escreve e edita matérias sobre carreira, economia, empreendedorismo, inovação, investimentos, negócios, startups e tecnologia.