Veja 5 dicas de organização financeira para começar 2023 com as contas em dia

Organizar o que entra e sai de dinheiro e quitar dívidas são fundamentais

Giovanna Sutto

(Getty Images)

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Muita gente aproveita o início de ano para mudar hábitos. Essa lista, geralmente, inclui: guardar dinheiro ou quitar alguma dívida. Nos primeiros meses de cada novo ano, uma série de compromissos financeiros se impõem, como o pagamento de IPVA, IPTU, matrícula escolar, entre outros, que exigem planejamento para manter as contas no azul e iniciar o ano com as finanças sob controle.

“O planejamento é a palavra-chave. Muita gente se sente pressionada para fazer uma organização, vira uma atividade chata. Mas a verdade é que não tem uma maneira certa de fazer isso: é preciso saber qual é a sua situação financeira nesta época”, afirma Caio Alberconi, planejador financeiro e membro do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC).

Ricardo Teixeira, coordenador do MBA de Gestão Financeira da FGV, ressalta que com organização, o consumidor pode aproveitar a renda extra do fim do ano, como 13°, férias e bônus, para colocar as finanças em dia nesse início de ano.

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O InfoMoney consultou alguns especialistas em finanças pessoais e planejamento financeiro e compilou cinco dicas que vão ajudar você a iniciar a organização das finanças para ficar com as contas em dia em 2023. Confira:

1. Faça um planejamento para o seu dinheiro

Planejar antes de gastar o dinheiro é regra de ouro, segundo os especialistas consultados.

“Quando se pensa em planejamento não é sobre deixar de consumir, mas sim sobre como consumir de maneira consciente e sem causar prejuízos. Essa quantia extra que vai entrar precisa ser direcionada de forma estratégica. O que você quer comprar? Que tipo de despesa tem que pagar sem falta? Tem dívidas? Essas são algumas perguntas centrais desse planejamento”, explica Isabella Brandão, planejadora financeira CFP e sócia da Oikos consultoria patrimonial.

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A recomendação é anotar os valores recebidos e todos os gastos pretendidos. Se a conta não fechar, a solução é encolher a lista e fazer cortes de gastos, sempre de forma racional, explica Caio Alberconi.

Outro ponto de atenção é com o parcelamento de compras, viagens e outros custos. Sem controle, o modo de pagamento pode virar uma bola de neve. “Por isso, é crucial ser realista com as projeções e desejos do planejamento”, diz Brandão.

O exercício do planejamento pode ser simples. Veja um exemplo de como organizar as contas:

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(montagem/InfoMoney)

2. Se tiver dívidas, pague ou renegocie todas

Ricardo Teixeira, da FGV, orienta que o planejamento financeiro deve ser feito por ordem de prioridade.

“Primeiro, eventuais débitos sobre os quais você esteja pagando juros, sempre elencando dos juros mais altos para os mais baixos. Tente renegociar todas as contas sobre as quais você paga juros em busca de melhores condições”, sugere.

Essa orientação é compartilhada por Brandão, que acrescenta que se houver dinheiro, quite o débito. “É muito difícil aplicar em algum investimento que pague mais juros do que os juros da dívida. Se for possível pagar todo o valor e deixar de pagar juros é a melhor saída”. A recomendação faz ainda mais sentido em um momento de juros altos como o de agora: a Selic, taxa básica de juros da economia, está em 13,75% ao ano.

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“Importante é colocar no papel quais as dívidas e quanto de dinheiro você gasta nas parcelas com juros e, a partir disso, se organizar dentro das suas condições”, comenta Teixeira.

3. Direcione o dinheiro para outras contas

O próximo passo é organizar as despesas fixas de janeiro, como IPVA, IPTU e matrícula escolar.

“Se sobrou algum dinheiro depois de pagar as dívidas mais urgentes, o ideal é já separar esse dinheiro das despesas de início de ano para garantir os pagamentos. A melhor forma de fazer isso é quando o dinheiro cai na conta, assim não tem como gastar com outras coisas antes”, diz Teixeira, da FGV.

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Caio Alberconi lembra que é importante ficar alerta com as contas de janeiro, a depender da receita do consumidor. Por exemplo: se a quantia extra que a pessoa vai receber neste mês inclui também as férias, “não se pode esquecer que em janeiro vai receber um valor menor que o salário completo, porque recebeu o valor proporcional aos dias trabalhados”, diz.

“Se tira as férias e gasta mais do que deve no cartão de crédito neste mês poderá não conseguir pagar a fatura cheia em janeiro. E isso é uma armadilha já que o juro do cartão é muito alto“, acrescenta Brandão.

A dica que ela compartilha e que pode ser útil para 2023 é: busque parcelar tudo no mesmo ano corrente. “Tente deixar dezembro como deadline das compras do ano, seja comprando algo em janeiro, seja comprando algo em setembro. Isso ajuda a encerrar 2023 sem débitos para o ano seguinte”, afirma.

Outra dica é parcelar compras apenas se tiver dinheiro para pagar por elas hoje.

4. Monte sua reserva de emergência

Se o consumidor, por outro lado, não tem dívidas, pode começar seu planejamento pelo passo 3, podendo montar ou consolidar sua reserva de emergência.

“Esse é o dinheiro que vai servir como suporte em imprevistos financeiros. O patrimônio acumulado começa com o poupar dinheiro. Para depois entrar no mercado financeiro, comprar um imóvel, entre outros passos. Só é possível construir riqueza quem poupa”, afirma Teixeira.

Os especialistas recomendam ter, na reserva de emergência, um valor entre seis meses e um ano de salário para lidar com imprevistos com a entrada de renda. “A ideia é compor a reserva. Não precisa usar tudo para este fim”, diz Caio Alberconi. Afinal, há quem já tenha sua reserva financeira e pode administrar sua renda para alocar em outras categorias de investimento, por exemplo.

O InfoMoney já mostrou os melhores investimentos para 2023, mas se você está no passo da composição da sua reserva de emergência pode se guiar por esse conteúdo sobre como construir a sua. 

5. Aproveite o recurso extra

Ponderada a questão da cautela na hora do planejamento, Brandão ressalta que, se o consumidor não tem grandes dívidas, pode sim ter ambições e “sonhar mais alto”, afinal “o dinheiro é uma ferramenta e serve para usufruto. Não adianta só poupar”.

O professor da FGV também ressalta que “se a pessoa não tiver dívidas, pode direcionar as quantias proporcionalmente onde quiser”. A ideia é dar uma base para que o consumidor consiga uma organização.

Alberconi sugere que, durante o planejamento, o consumidor defina também um teto de gastos para atividades de lazer e presentes.

“Saiba com o que você quer gastar e coloque um valor máximo para isso. Quer presentear alguém? Quantas pessoas? Quanto vai gastar? E tentar ficar dentro desses parâmetros. Para viagens é a mesma lógica”, afirma.

“É preciso ter equilíbrio para aproveitar — com consciência, mas aproveitar. E vale lembrar que as pessoas têm diferentes motivações e cada um será responsável pela vida financeira, as orientações são apenas dicas para administrar bem o dinheiro”, finaliza a planejadora financeira Isabela Brandão.

Giovanna Sutto

Repórter de Finanças do InfoMoney. Escreve matérias finanças pessoais, meios de pagamentos, carreira e economia. Formada pela Cásper Líbero com pós-graduação pelo Ibmec.