Vacinação em massa: Serrana reduz mortes em 95%, mostra estudo

Instituto Butantan também afirmou que o estudo comprovou a eficácia da CoronaVac contra a P.1, variante brasileira da Covid-19

Mariana Fonseca

(Pexel/Retha Ferguson)

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SÃO PAULO – A cidade de Serrana, no interior de São Paulo, foi alvo de um estudo do Instituto Butantan. Após a vacinação de 75% de sua população-alvo com duas doses, houve uma queda de 95% nas mortes por Covid-19 na região. O número de casos sintomáticos caiu 80%, enquanto houve redução de 86% nas internações pela doença.

Tais dados se referem à toda a cidade, e não apenas entre a população que recebeu a vacina. Também foram vistos mesmo com o trânsito de pessoas em áreas de alta transmissão (ou seja, sem restrições de atividades).

“O fato de que as pessoas estejam vacinadas reduz o número de casos entre os não vacinados. É uma proteção indireta. Por isso é importante que aquele que tiver a oportunidade de se vacinar o faça”, explicou Ricardo Palacios, diretor médico de pesquisas clínicas do Instituto Butantan em coletiva realizada nesta segunda-feira (31) no instituto. A imunização coletiva poderá inclusive permitir que crianças e adolescentes voltem às aulas, ainda que não possam ainda se vacinar, segundo Palacios.

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Nesse sentido, Serrana vai na contramão do país como um todo, que conta com mais de 461 mil mortes e um ritmo de imunização lento devido à falta de vacinas. “Existe apenas um caminho para controlar a pandemia: vacina para todos os brasileiros”, afirmou João Doria (PSDB), governador do estado de São Paulo.

Como funcionou o estudo?

A consideração sobre o estudo em Serrana começou em agosto de 2020. O estudo teve de fato início em fevereiro deste ano. O objetivo era vacinar toda a população adulta da cidade para analisar os efeitos da vacinação em massa.

Serrana concluiu a vacinação de boa parte da população adulta com a CoronaVac, vacina produzida pelo Butantan em parceria com o laboratório chinês Sinovac. Palacios afirmou que o estudo também comprovou a eficácia da CoronaVac contra a P.1, variante brasileira da Covid-19. Outras mutações não foram verificadas na cidade.

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Marcos Borges, diretor do hospital estadual de Serrana, explicou que os testes começaram com um censo. Serrana tem 45.664 habitantes, 28.380 deles adultos (62,2%). Houve também um teste de sorologia, verificando que 25,7% dos moradores tinham contato prévio com o vírus.

A cidade foi dividida em 25 áreas, agrupadas em quatro grandes grupos (verde, amarelo, cinza e azul). Depois, houve um “escalonamento de aglomerados”: a vacinação foi feita progressivamente em cada grupo. Os dados de redução de casos, internações e mortes foram divulgados após a imunização com duas doses de três dos quatro grandes grupos.

Hoje, 95,7% do público-alvo receberam as imunizações. “A vacina começa a ter um efeito protetor no indivíduo a partir da segunda semana da segunda dose”, explicou Borges.

Mas efeitos indiretos são percebidos até entre aqueles que nem se vacinaram, como antecipou Palacios. O terceiro grande grupo teve queda antecipada de casos, enquanto o quarto grande grupo teve redução importante de casos antes mesmo de completar o esquema vacinal.

Casos, internações e mortes foram acompanhados por 19 semanas epidemiológicas em cada um dos quatro grupos. O diretor do hospital estadual afirmou também que houve 67 eventos adversos graves, mas nenhum relacionado à vacinação. 4,4% das pessoas indicaram reações adversas após a primeira dose, 0,02% delas interferindo com atividades diárias. 0,2% relatam reações adversas após a segunda dose, nenhuma que interferisse com atividades diárias.

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Matéria atualizada às 13h46.

Mariana Fonseca

Subeditora do InfoMoney, escreve e edita matérias sobre empreendedorismo, gestão e inovação. Coapresentadora do podcast e dos vídeos da marca Do Zero Ao Topo.