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Setor de seguros está na sala, mas não sentado à mesa de discussão, diz diretora global para o clima

Cerca de 50% das perdas não são seguradas e esse gap de proteção pode chegar a 80% em países menos desenvolvidos

Equipe InfoMoney

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Convidada a participar do painel sobre ESG (questões sociais, ambientais e de governança, na sigla em inglês) na Fides 2023, Barbara Buchner, diretora da Climate Policy Initiative, chamou o setor de seguros a assumir um papel mais efetivo nas discussões e ações sobre mudanças climáticas.

“O setor de seguros está na sala, mas não está sentado na mesa de discussão. Desejo e espero que vocês se misturem e tenham uma ação climática mais inovadora”, disse.

Para a analista, as empresas de seguros e resseguros são essenciais para salvaguardar o setor financeiro e também no desenvolvimento de ferramentas de prevenção. É preciso mobilizar capital para aumentar a resiliência contra catástrofes, disse. Os desastres climáticos estão mais frequentes e intensos, e menos previsíveis, com prejuízo econômico que pode chegar a cerca de US$ 500 bilhões, ou seja 5% do PIB (Produto Interno Bruto) global. Apenas 5% das finanças globais são investidos em proteção. Cerca de 50% das perdas não são seguradas e esse gap de proteção pode chegar a 80% em países menos desenvolvidos.

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“Por ano, US$ 50 bilhões são investidos na adaptação às mudanças climáticas e isso está aquém do necessário. Há uma enorme dificuldade de investir para prevenir”, disse.

A resposta veio de Deborah Duss, chefe global de energia sustentável da Howden. Segundo ela, o setor de seguros é visto como reativo, como último recurso para transferir riscos, mas tem um papel importante de mapear riscos, de fazer previsões, além de ter sido pioneiro no apoio à transição energética.

“O setor de seguros fez um trabalho importante apoiando a transição como, por exemplo, os seguros para turbinas eólicas quando ninguém sabia qual era o risco”, disse. “O setor trabalha bem. Precisa poder trabalhar de baixo para cima e não de cima para baixo”, completou, rejeitando imposições regulatórias.

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Maria Netto, diretora executiva da ICS (Instituto Clima e Sociedade), ressaltou o papel do mercado de seguros no esforço de ampliar a resiliência aos eventos climáticos. Trata-se, segundo ela, de ter mais atenção a onde e como se constroem as residências, por exemplo.

“As pessoas precisam tomar decisões sensatas. Se você quer construir uma casa em frente uma duna onde nunca ninguém morou em mil anos, provavelmente seu seguro vai ser muito caro”, confirmou Kaspar Mueller, presidente da América Latina da Swiss Re, citando como exemplo restrições que já existem na Flórida e na Califórnia.

Para ele, o setor tem mapas, scores de risco que pode aplicar aos clientes, pode criar produtos parametrizados. Ou seja, pode contribuir, o maior problema, porém, é a inercia. “Sabemos o que precisamos fazer e adiamos”, diz.

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Coube a David Legher, presidente da Prudential América Latina, alertar para as incertezas que precisam ser enfrentadas pelo setor para ter um papel mais ativo na contenção dos impactos às mudanças climáticas.

“Muito do que vamos enfrentar não conhecemos, mas essa indústria desenvolveu capacidade de gerenciamento de risco e pode trabalhar em parcerias público-privadas para desenvolver novas soluções”, resumiu.