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Investimento contra mudanças climáticas impacta economia e juros, diz Krugman

Nobel de Economia diz ser difícil prever quando os juros voltarão a cair poque há muitas dúvidas sobre a defasagem da política monetária

Equipe InfoMoney

O economista Paul Krugman, Nobel de Economia em 2008, em painel da Fides Rio 2023 (Foto: Divulgação/CNseg)

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O aumento dos eventos extremos resultantes das mudanças climáticas não é mais uma ameaça hipotética e futurística, mas concreta e atual. A boa notícia: temos tecnologia e investimentos para lidar com o problema. A má: não sabemos se teremos tempo.

Com esta análise, o Nobel de Economia Paul Krugman introduziu o tema mais premente da humanidade em sua apresentação na Fides 2023, ligando-o também à manutenção do crescimento econômico e das elevadas taxas de juros.

“Parte do que pode estar levando a esses juros altos é o aquecimento global. Sabemos que é necessário um grande investimento para combater o problema, e, nos EUA e em outros países, temos políticas desenhadas para gerar esse investimento. Isso é uma grande fonte de demanda de empréstimos por empresas e pode estar por trás da força da economia atual apesar dos juros altos.”

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O economista afirmou que os gastos com construção e manufatura nos EUA dobraram nos últimos 18 meses. “Estamos falando de trilhões de dólares de ‘investimento verde’ nos EUA e, em menor escala, na Europa. Isso pode ser razão por que os Bancos Centrais mantenham os juros mais altos do que eram antes.”

Questionado se os BCs já não poderiam afrouxar suas políticas monetárias, dada à queda da inflação, Krugman defendeu ‘não mexer em time que está ganhando’. “Não estou pronto para pedir corte de juros nos EUA e na Europa. Não estamos vendo enfraquecimento da atividade econômica, estamos vendo a inflação cair. Não creio que o Fed ouse cortar os juros até ver algum sinal de que a economia está enfraquecendo. Não veremos os juros subirem, mas não creio que estejam prontos para cortar.”

Krugman disse ser difícil prever quando os juros voltarão a cair poque há muitas dúvidas sobre a defasagem da política monetária, e declarou-se “confuso” quanto ao cenário atual. “As bases que justificaram a manutenção dos juros baixos no passado estão aí, e eu esperaria que as taxas caíssem. Mas como a economia está fortalecida e os juros seguem altos, as pessoas estão perdendo a fé de que eles cairão aos níveis pré-pandemia. Isso não é bom. Quem tem títulos em carteira vê que o valor desses papéis está caindo. Preocupa também a situação dos governos, por causa do custo da dívida pública, que pode ficar insustentável com os juros altos.”

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