Setor de seguros cresce 24% em setembro e 18% no ano; auto e rural puxam alta

Devolução de dinheiro aos segurados cresceu 4,5% no mês e 19,7% em 2022; seguro viagem e residencial também têm altas expressivas

Lucas Sampaio

Publicidade

A arrecadação do setor de seguros aumentou 24,4% em setembro e 18,1% no ano, puxada pelo crescimento nos segmentos de automóveis e rural, apontam dados divulgados pela CNSeg (confederação das seguradoras) nesta quarta-feira (9). O setor recebeu R$ 31,8 bilhões no mês e R$ 265,1 bilhões no acumulado de 2022.

Já a devolução de dinheiro aos segurados (por indenizações, benefícios, resgates e sorteios) cresceu 4,5% em setembro e 19,7% no acumulado ano. A CNSeg diz que, com isso, o setor de seguros “retornou à sociedade” R$ 17,1 bilhões no mês e R$ 166,3 bilhões no ano até setembro.

Os crescimentos são nominais (sem correção pela inflação), e os dados excluem o DPVAT (seguro obrigatório de trânsito) e os planos de saúde. Os planos de saúde representam quase metade do setor de seguros, mas ficam de fora porque os dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) são trimestrais e divulgados com desafasgem (os números mais atuais vão só até junho).

Continua depois da publicidade

Dyogo Oliveira, ex-ministro do Planejamento do governo Temer e que atualmente é presidente da CNSeg, destaca o crescimento dos seguros auto e rural (não só de arrecadação, mas também de indenização).

Seguro auto e rural

A arrecadação no segmento auto cresceu 41,6% em setembro, enquanto as indenizações aumentaram 42,4% no mês — ambas impulsionadas pela valorização do preço dos veículos (que encarecem os valores pagos aos segurados em caso de sinistro e também os prêmios dos seguros). Foram pagos R$ 2,6 bilhões em indenizações em setembro e R$ 22,6 bilhões no acumulado do ano.

Já a arrecadação do segmento rural cresceu 39,5% em setembro, enquanto as indenizações caíram 52%. Mas no acumulado do ano os pagamentos feitos aos segurados acumulam uma forte alta de 112%, devido à quebra de safra — que já tinha sido um problema para o setor em 2021.

Continua depois da publicidade

“O ano passado também foi difícil, então tivemos problemas em 2 anos no agronegócio”, afirmou Oliveira durante reuniões do setor de seguros em Santiago, no Chile. “Houve um crescimento muito forte [nas indenizações] nos últimos anos, o que encarece o seguro”. Foram pagos R$ 229 milhões em indenizações no segmento rural no mês e R$ 9,7 bilhões no ano.

Várias empresas com capital aberto são do setor de seguros e filiadas à CNSeg, como a Porto (PSSA3), líder no segmento auto; a SulAmérica (SULA11), que recentemente foi comprada pela Rede D’Or (RDOR3) e é focada em saúde; e a BB Seguridade (BBSE3), braço de seguros do Banco do Brasil (BBAS3), entre outras.

Seguro viagem e residencial

Oliveira destaca também o desempenho dos seguros de viagem: as indenizações cresceram 117% em setembro e 89% no acumulado do ano, devido à retomada do setor aéreo e dos voos internacionais (foram R$ 39,8 milhões em indenizações no mês e R$ 263 milhões em 2022).

Segundo a CNSeg, a demanda pelos seguros auto, rural, crédito e garantia, patrimonial e capitalização “foram responsáveis por quase a metade de todo o crescimento nas buscas por proteção pelo setor de seguros no ano” (excluindo os planos de saúde e o DPVAT), na comparação com 2021.

Continua depois da publicidade

Dentro do segmento patrimonial, a confederação destaca o desempenho do seguro residencial. A arrecadação foi recorde em setembro (R$ 433,3 milhões), uma alta de 24,5% em relação a 2021, e no acumulado do ano chegou a R$ 3,3 bilhões (alta de 16,9%). Já as indenizações pagas somaram R$ 112,4 milhões no mês (alta de 22,9%) e quase R$ 1 bilhão entre janeiro e setembro (alta de 39%).

Para Oliveira, o seguro residencial foi “o grande aliado do brasileiro durante a pandemia, quando boa parte dos empregadores implementaram o home-office como consequência do isolamento social”, e esse tipo de produto “vem mantendo sua trajetória positiva desde então”.

Previdência e capitalização

Em valores absolutos, os maiores desembolsos foram da previdência (planos VGBL e PBGL), que somaram R$ 9,2 bilhões em setembro (-0,2% na comparação com 2021) e R$ 89,8 bilhões no ano (+19,9%). Sozinhos, os resgates dos planos de previdência somaram 48,5% de todas as indenizações, benefícios, resgates e sorteios pagos pelas seguradoras no acumulado do ano (R$ 166 bilhões ao todo).

Continua depois da publicidade

Já a capitalização “devolveu à sociedade” R$ 1,8 bilhão em setembro (+16,5%) e R$ 16,3 bilhões no ano (+8,5%), ficando atrás apenas dos planos de acumulação (previdência) e do seguro auto em valores absolutos. O faturamento do segmento é de R$ 21 bilhões no ano — um crescimento de 17% no acumulado até setembro — e deve chegar a R$ 28 bilhões até dezembro.

Denis Morais, presidente da FenaCap (Federação Nacional de Capitalização, que é filiada à CNSeg), destaca a resiliência do segmento, “que tem mais de 90 anos e sobreviveu a crises de todas as naturezas, inclusive a pandemia”. “Ainda tem alguns estigmas, mas cada vez menos. E o segmento vem se reinventando e tem buscado outros caminhos para agregar valor”.

* O repórter viajou a Santiago a convite da CNseg (Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais, Previdência Privada e Vida, Saúde Suplementar e Capitalização)

SÉRIE GRATUITA

Curso de Fundos Imobiliários

Aprenda estratégias para ganhar uma renda extra investindo em FIIs

Lucas Sampaio

Jornalista com 12 anos de experiência nos principais grupos de comunicação do Brasil (TV Globo, Folha, Estadão e Grupo Abril), em diversas funções (editor, repórter, produtor e redator) e editorias (economia, internacional, tecnologia, política e cidades). Graduado pela UFSC com intercâmbio na Universidade Nova de Lisboa.