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Seguradoras têm dever de ampliar acesso às proteções contra mudanças climáticas, diz presidente da CNseg

Na avaliação de Dyogo Oliveira, é preciso organização global na transição climática

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Garantir a proteção da população em temas relacionados às mudanças climáticas é tema prioritário para as seguradores, uma vez que os efeitos impactam vários segmentos: seguro rural, seguro automóvel, seguro residencial e empresarial são apenas alguns exemplos.

Na avaliação de Dyogo Oliveira, presidente da CNseg, esse é o principal “dever de casa” das companhias após tudo o que foi apresentado e debatido durante a 38ª Conferência Hemisférica da Fides, maior evento de seguros da América Latina, que aconteceu no Rio de Janeiro até esta terça-feira (26).

O tema mudanças climáticas dominou os dois dias de debates do evento, que reuniu cerca de 2 mil pessoas de 41 países, entre lideranças empresariais globais, executivos, formadores de opinião e autoridades.

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A preocupação do setor se justifica com os números. A estimativa é de aumento entre 5% e 7% nas perdas seguradas das últimas três décadas por desastres naturais e cerca de US$ 275 bilhões foram os prejuízos econômicos globais decorrentes de desastres naturais cobertos por seguros em 2022.

“A gente sai deste evento convencido da necessidade de uma organização global de transição climática, porque temos que tratar este tema como uma questão global dividindo os riscos com outros países”, disse o representante do setor.

Até para ampliar o alcance do seguro em regiões onde eventos climáticos extremos estão ficando mais frequentes. “Fica mais caro [o seguro] se não ampliar, mas se ampliar, fica mais barato. Temos que trabalhar o mais rapidamente possível para estender as áreas cobertas antes que fique muito caro”, acrescenta.

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Participação no PIB

Outro tema discutido durante o congresso foi a participação dos seguros no PIB (Produto Interno Bruto), que atualmente gira em torno de 3% das riquezas brasileiras.

“A participação no PIB é intermediária, mas quando olhamos ramos em detalhe preocupa mais”, disse Oliveira ao destacar que apenas 10% da área plantada brasileira é segurada e 15% das residências têm cobertura securitária. “Há uma brecha de proteção na sociedade”, enfatizou.

Para ele, o grande desafio do setor é fazer o seguro chegar a mais pessoas.

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Fides

O evento é organizado a cada dois anos pela Fides, entidade sem fins lucrativos que agrega atualmente as associações de seguros privados de 20 países membros (incluindo nações da América Latina, além de Estados Unidos e Espanha), e tem como anfitriã da edição 2023 a CNseg, entidade fundadora da Federação e representante do Brasil.

Esta é a terceira vez que a Fides é promovida no país – o Rio de Janeiro já recebeu a conferência em 1954 e novamente em 1979 – e é a primeira edição após a pandemia de Covid-19.

Entre os palestrantes de renome internacional estão o ex-primeiro-ministro do Reino Unido, Tony Blair; Luis Alberto Moreno, ex-presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento; e Paul Krugman, Prêmio Nobel de Economia (2008).

Gilmara Santos

Jornalista especializada em economia e negócios. Foi editora de legislação da Gazeta Mercantil e de Economia do Diário do Grande ABC