Preços dos aluguéis já têm maior alta anual desde 2011, mostra índice FipeZap+

Os 12,42% de inflação nos valores de locação residencial em 2022 já superam os de todos os anos 'cheios' da última década

Lucas Sampaio

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Na contramão dos principais índices de inflação do Brasil, que têm recuado nos últimos meses devido à redução nos preços dos combustíveis, o mercado imobiliário segue aquecido e vê os preços dos aluguéis residenciais atingirem o maior crescimento em mais de uma década.

O índice FipeZap+ de locação residencial subiu 1,30% em agosto e já acumula alta de 12,42% no ano e de 15,31% nos últimos 12 meses. Foi o quinto mês consecutivo de alta acima de 1 ponto percentual, após valores ainda maiores em abril (+1,84%), maio (+1,70%), junho (+1,58%) e julho (+1,37%).

Faltando menos de 4 meses até o fim do ano, os 12,42% de inflação nos preços dos aluguéis já superam os de todos os anos “cheios” da última década. Desde o início da série histórica do indicador, em 2009, a forte alta só não supera os anos de 2010 (+18,56%) e 2011 (+17,30%).

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Além disso, desde 2014 o indicador não fica acima dos 5% no acumulado do ano e durante esse período ele inclusive ficou no negativo (ou seja, houve deflação) por três anos consecutivos: 2015, 2016 e 2017 (veja na tabela abaixo).

Ano 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022*
Aluguel residencial (FipeZap+) 9,46% 18,56% 17,30% 10,58% 7,86% 2,83% -3,34% -3,23% -0,69% 2,33% 4,93% 2,48% 3,87% 12,42%
IPCA (IBGE) 4,31% 5,91% 6,50% 5,84% 5,91% 6,41% 10,67% 6,29% 2,95% 3,75% 4,31% 4,52% 10,06% 4,39%
IGP-M (FGV) -1,72% 11,32% 5,10% 7,82% 5,51% 3,69% 10,54% 7,17% -0,52% 7,54% 3,70% 27,42% 17,78% 7,63%

A alta dos preços dos aluguéis residenciais é tão forte neste ano que já é quase o triplo do índice oficial de inflação do país (o IPCA sobe 4,39% no acumulado até agosto) e quase o dobro do IGP-M (7,36%). O indicador também supera os dois índices no acumulado em 12 meses (15,31%, contra 8,73% e 8,59%).

Florianópolis lidera altas

O índice FipeZAP+ de locação residencial é calculado mensalmente, com base em dados de 25 cidades brasileiras, e Florianópolis lidera as altas entre as capitais, tanto no acumulado do ano (+24,24%) quanto em 12 meses (+31,85%).

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Já Goiânia e Fortaleza se alternam no top 3, com a capital goianiense ficando em segundo lugar neste ano (+23,60%, contra +21,39% da capital do Ceará), mas em terceiro no acumulado em 12 meses (+25,68% contra +28,01%). Mas, apesar das fortes altas, as duas cidades estão entre as capitais mais baratas do país (veja mais abaixo).

Curitiba e Belo Horizonte completam o top 5 de maiores altas, tanto em 2022 quanto na comparação anual (+17,58% e +23,85% no caso da capital paranaense e +15,59% e +19,51% no caso da mineira).

Já nas duas maiores cidades do país, o crescimento no preço dos aluguéis residenciais foi de 13,73% no ano e 16,36% em 12 meses no Rio de Janeiro e de 10,91% e de 12,53% São Paulo — números próximos aos verificados por um outro índice de aluguéis, o do QuintoAndar.

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Preço médio de locação

O FipeZap diz que o preço médio do aluguel de imóveis residenciais foi de R$ 35,37/m² em agosto nas 25 cidades monitoradas. O maior preço médio foi registrado em Barueri, na Grande São Paulo (R$ 46,65/m²) e o menor, em Pelotas, no Rio Grande do Sul (R$ 15,50/m²).

Se consideradas apenas as 11 capitais pesquisadas, São Paulo tem o maior preço médio (R$ 44,03/m²), seguida por Recife (R$ 40,40/m²), Florianópolis (R$ 36,93/m²), Rio de Janeiro (R$ 36,44/m²) e Brasília (R$ 36,04/m²).

Já as capitais com o menor valor de locação residencial são Fortaleza (R$ 23,06/m²) e Goiânia (R$ 24,26/m²) — que estão entre as maiores altas no acumulado do ano e em 12 meses —, além de Porto Alegre (R$ 26,15/m²) e Curitiba (R$ 27,98/m²).

Lucas Sampaio

Jornalista com 12 anos de experiência nos principais grupos de comunicação do Brasil (TV Globo, Folha, Estadão e Grupo Abril), em diversas funções (editor, repórter, produtor e redator) e editorias (economia, internacional, tecnologia, política e cidades). Graduado pela UFSC com intercâmbio na Universidade Nova de Lisboa.