“Não se preocupe tanto com o mercado de ações, ele pode deixá-lo doente”

Colunista aponta, baseado em pesquisas, que existe uma relação entre quedas na bolsa de valores e internações hospitalares

Gabriella D'Andréa

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SÃO PAULO – Grande parte dos investidores do mercado acionário não desgruda os olhos da tela de seu home broker durante os pregões. Mas será que é realmente necessário estar atento  a todo momento? Para o colunista do site The Motley Fool, Morgan Housel, a maior parte dos investidores não precisa ficar o dia todo de olho na oscilação do mercado, mas muitos o fazem, mesmo sem terem efetuado nenhuma mudança na carteira. No entanto, este comportamento pode prejudicar os seus investimentos. “Como Buffett diz: ‘Até que você possa controlar suas emoções, não espere conseguir administrar seu dinheiro’”, afirma Housel.

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Além de não conseguir lidar com a osilação diária das suas ações, o investidor pode ter problemas envolvendo sua saúde, conforme aponta a pesquisa realizada por Joseph Engelberg e Christopher Parsons, da Universidade da Califórnia. No estudo, os autores apontam que há uma forte relação inversa entre retornos diários e internações hospitalares, sendo que muitos dos casos aparecem com sintomas como ansiedade, depressão ou transtorno do pânico.

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Queda nas ações, entrada no hospital 
Ao analisarem dados que compreendem os anos de 1983 a 2011, os pesquisadores descobriram que uma queda de 1,5% no mercado de ações elevou as internações em 0,26% nos dias seguintes a desvalorização. E quando limitado a queixas psicológicas, como ataques de pânico e estresse, o resultado dobrou.

De acordo com Housel, não é novidade que a situação econômica afeta a saúde física das pessoas. Um levantamento realizado por Til von Wachter da Universidade Columbia mostrou que a perda de um emprego em tempos de crise reduz a expectativa de vida em 1,5 anos.

Tendo a consciência dos danos que podem ser causados, formuladores de políticas evitam falar a verdade para não causar distúrbios como os citados. Um exemplo disso foi a citação do secretário do Tesouro norte-americano, Larry Summer: “A transparência é uma boa estratégia quando as coisas estão melhores do que o esperado”. Já o ministro das finanças holandês, Jeroen Dijsselbloem, foi mais enfático: “Quando as coisas ficam difíceis, você tem que mentir”.

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Depende do ponto de vista
Ao mesmo tempo em que perder um emprego é algo fora de nosso controle, ficar viciado no mercado de ações é opcional. E mesmo que o investidor esteja sempre atento às oscilações da bolsa de valores, a forma como ele enxerga as quedas acionárias pode mudar muita coisa. Ao invés de vê-las como algo estressante é possível olhá-las como uma boa oportunidade de compra. “O mesmo evento pode significar coisas muito diferentes para pessoas diferentes, e de que lado você vai ficar é opção sua”, afirma o colunista.

Para Engelberg e Parsons, essa reação é normal diante do intenso fluxo de notícias com o qual somos bombardeados diariamente. Mas, aparentemente, os investidores têm o costume de procurar por notícias que não somente afetam o desempenho de suas ações como prejudicam sua saúde também. Sendo assim, tanto um como outro (olhar o home broker  e as notícias compulsivamente), são nocivos à saúde de muitos.

“Se você verificar notícias do mercado em uma base diária para qualquer coisa que não seja entretenimento ou para procurar novas oportunidades, pare de se machucar. Tente se limitar a apenas uma atualização semanal. Uma vez por mês deve ser o suficiente ”, pontua Housel.