Pix: BC vai integrar contas-salário no sistema de pagamentos, além de parcelamento e débito automático

As novidades fazem parte da agenda de inovações do sistema para este ano e foram apresentadas por João Manoel Pinho de Mello, diretor do BC

Giovanna Sutto

(Crédito: Shutterstock)

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SÃO PAULO – O Banco Central (BC) informou nesta quinta-feira (28) os novos serviços e atualizações que o Pix vai incluir contas-salário no sistema de pagamentos instantâneos. Além disso, será criado um mecanismo de devolução de dinheiro no caso de fraudes e falhas e haverá integração dos iniciadores de pagamento. Alguns recursos já anunciados, como o saque Pix e o Pix por aproximação, também devem receber aperfeiçoamentos.

As novidades fazem parte da agenda de inovações do sistema para este ano e foram apresentadas por João Manoel Pinho de Mello, diretor de Organização do Sistema Financeiro do BC.

“Continuaremos o desenvolvimento de novos produtos e aperfeiçoamento do que já está disponível, para termos um meio de pagamento que atenda cada vez mais às necessidades da sociedade brasileira e tenha uma diversidade crescente de casos de uso”, disse Mello durante uma live.

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Ele destacou que o Pix vem ganhando tração desde que foi lançado: “[O sistema] já é uma alternativa efetiva principalmente nas transferências: só em janeiro, a quantidade de Pix já ultrapassou a quantidade de TED e DOC somados”, explicou Mello, sem detalhar números.

Entre novembro e dezembro de 2020, a quantidade total de transações via Pix saltou 110,8 milhões, para 144,3 milhões. No mês passado, as transações atingiram um total de R$ 121,4 milhões, cerca de R$ 90 milhões a mais que o registrado em novembro, primeiro mês de funcionamento do sistema.

Ao todo, hoje são 737 instituições financeiras participantes do Pix. O processo de entrada de novas empresas no sistema está permanentemente aberto e o BC está analisando 40 pedidos de adesão no momento, segundo Mello.

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Vale lembrar que o InfoMoney preparou um guia com tudo o que você precisa saber sobre o Pix (clique aqui).

Conta-salário

Mello anunciou que as contas-salário serão incluídas neste ano no sistema. Assim, os usuários que tiveram contas-salário também terão acesso ao Pix.

Não ficou claro se as empresas já poderão fazer pagamentos de salário via Pix. Hoje, somente os usuários de contas corrente, poupança e pré-paga podem fazer operações com o Pix.

Pix Garantido e débito automático

No segundo semestre, o BC vai começar a testar o Pix Garantido e o Pix débito automático. O primeiro vai permitir pagamentos parcelados usando o Pix, e trará uma função similar ao cartão de crédito. Já o Pix débito automático vai liberar a possibilidade de fazer pagamentos recorrentes de forma automática, como no pagamento de contas de faturas de internet, por exemplo.

“Essas funções agregarão ainda mais valor ao arranjo e permitirão novos casos de uso”, comentou Mello. O InfoMoney fez uma reportagem que mostra que a chegada do Pix pode colocar em xeque as adquirentes, as bandeiras e outros meios de pagamentos como os cartões de débito e crédito. Especialistas explicam que o Pix simplifica a cadeia de pagamento, excluindo a necessidade de alguns intermediadores desse processo – saiba mais aqui. 

Devolução em casos de fraudes

O diretor do BC também anunciou que neste ano haverá a introdução de um mecanismo de devolução pelo provedor ao cliente em casos de fraudes ou falhas operacionais.

Essa é uma das maiores dúvidas que ainda cercam o funcionamento do Pix. Isso porque, de acordo com o regulamento do BC, hoje não existe a possibilidade de reverter uma transação a partir do momento em que o usuário consente com o envio ou pagamento dos valores.

“Sobre a reversibilidade da transação, você poderá alterar o valor a ser pago ou cancelar a transação apenas antes da confirmação do pagamento. Após a confirmação, como a liquidação do Pix ocorre em tempo real, a transação não poderá ser cancelada. No entanto, caso a transferência tenha sido um engano, você poderá negociar com o recebedor a devolução do valor pago. A devolução é uma funcionalidade disponível no Pix e é sempre iniciada pelo próprio recebedor”, já explicou o BC em nota.

Recentemente, o assunto veio à tona depois que o Itaú cometeu um erro e duplicou transferências de alguns clientes após uma falha em seu sistema. Como o Pix não permite a devolução após o envio, a discussão foi parar na Justiça.

Iniciador de pagamentos

Mello também afirmou que as instituições iniciadoras de pagamentos (Pisp), nova figura instituída pelo BC em outubro do ano passado, serão integradas ao Pix, mas seguindo o cronograma do open banking. Ou seja, essa funcionalidade só estará disponível a partir de agosto.

“O objetivo é permitir que os iniciadores possam ser participantes do Pix assim que todas as especificações técnicas que estão sendo definidas no open banking estejam implantadas”, ressaltou o diretor do BC.

O iniciador de pagamentos é um novo tipo de instituição de pagamentos (IP), ou seja, uma empresa que viabiliza serviços de compra e venda e de movimentação de recursos sem a possibilidade de conceder empréstimos e financiamentos a seus clientes.

Na prática, a empresa Pisp não teria acesso direto aos volumes financeiros transacionados, seria apenas um interlocutor e uma maneira que o usuário poderia usar para iniciar uma transferência ou pagamento.

Essa é a categoria na qual o WhatsApp Pay deve se encaixar para ser aprovado pelo BC no Brasil e finalmente começar a funcionar, após mais de seis meses suspenso em virtude de preocupações em relação à competição e privacidade.

O InfoMoney já preparou um guia sobre o open banking para você tirar todas as dúvidas. A primeira fase do sistema terá início na próxima segunda-feira (1).

Atualizações

A autoridade monetária informou que pretende integrar aplicativos de bancos com a lista de contatos do celular para agilizar a identificação dos usuários que já têm alguma chave cadastrada na hora de efetuar uma transação.

O diretor do BC também destacou outras novas funcionalidades que devem chegar em 2021, e já haviam sido anunciadas pelo BC, como o Saque Pix, que permite retirada de dinheiro em espécie direto em lojas do comércio e o Pix por aproximação, com a tecnologia NFC (Near Field Communication). Na prática, bastará aproximar o celular de uma maquininha para efetuar o pagamento através do Pix.

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Giovanna Sutto

Repórter de Finanças do InfoMoney. Escreve matérias finanças pessoais, meios de pagamentos, carreira e economia. Formada pela Cásper Líbero com pós-graduação pelo Ibmec.