Mega da Virada pode chegar a R$ 1 bi: o que fazer com um prêmio desses

A notícia de que a Mega da Virada de 2025 pode atingir um patamar inédito, de aproximadamente R$ 1 bilhão, chamou tanta atenção dos brasileiros nos últimos dias que o InfoMoney foi ouvir alguns planejadores financeiros para saber o que daria para fazer com essa bolada toda.

Para os especialistas, o valor, que pode entrar para a história, deve abrir um novo capítulo na vida de quem ganhar. Mas só a combinação de estratégias, cautela e educação financeira poderá transformar o prêmio extraordinário em liberdade duradoura.

Saiba o que mudou

Os valores mudaram muito após mudanças estruturais feitas pela Caixa nas regras do sorteio mais famoso do país. O banco ampliou tanto o montante reservado ao longo do ano quanto a fatia destinada ao ganhador da primeira faixa, criando espaço para um prêmio sem precedentes.

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Até 2024, 5% da arrecadação anual da Mega-Sena era reservada para o concurso especial, e apenas 62% do valor acumulado era destinado ao ganhador das seis dezenas. Agora, 10% de toda a arrecadação ao longo do ano alimenta a base da Mega da Virada, e 90% do prêmio vai diretamente para quem acertar os números. Na prática, entra mais dinheiro e mais dele vai direto para o prêmio principal, razão pela qual se fala que, pela primeira vez que a Mega da Virada 2025 pode chegar a R$ 1 bilhão.

O que dá para fazer com o prêmio

Na prática o que, exatamente, alguém poderia fazer com um prêmio desse tamanho? E como esse dinheiro deve ser administrado para não evaporar, como já ocorreu com inúmeros ganhadores de loterias ao redor do mundo? O planejador financeiro Valter Police, da Droom Investimentos, dá alguns exemplos do que pode ser comprado.

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Com R$ 850 milhões seria possível comprar:

• 10.625 carros populares, ou
• 170 Ferraris, ou
• 1.416 casas de R$ 600 mil, com ganhos podem chegar a R$ 3 milhões mensais em aluguéis.

Com R$ 1 bilhão:

• 12.500 carros populares,
• 142 Lamborghinis,
• 1.666 casas padrão classe média,
• ou ainda dar 20 mil voltas ao mundo.

Planejamento é essencial

Para especialistas, no entanto, é preciso de muito planejamento e também considerar cenários concretos que ajudam a dimensionar o impacto econômico de um patrimônio bilionário.

De acordo com Police, o prêmio este ano pode comprar “quase tudo”, mas exige responsabilidade. “Mesmo que esse dinheiro pareça infinito, ele não é. A história está cheia de ganhadores de loteria, atletas e artistas famosos que conseguiram valores até superiores a esse e acabaram quebrados em um curto tempo por falta de planejamento, péssimos investimentos e até golpes”, disse.

A maior mudança, segundo ele, não é material e sim comportamental. “O prêmio permite viver qualquer estilo de vida, mas ainda assim exige organização. Nem mesmo R$ 1 bilhão é infinito sem boa gestão”, explica o especialista, lembrando que é preciso considerar também fatores como juros, inflação e impostos, que podem reduzir o rendimento real ao longo do tempo. “Ainda assim, em cenários conservadores, o prêmio gera renda vitalícia multimilionária.”

Quanto rende R$ 850 milhões ou R$ 1 bilhão investidos?

De acordo com a economista e professora de finanças pessoais da ESPM, Paula Sauer, há várias possibilidade de diversificar os investimentos, conforme cada perfil de investidor. Todas consideram retorno líquido após impostos.

Num perfil mais conservador, a ideia é colocar 70% do valor em Tesouro Selic, 20% IPCA+ e 10% renda fixa bancária. Com uma rentabilidade estimada em 10% ao ano, a pessoa poderia conseguir uma renda mensal de:

• R$ 5,95 milhões ao mês sobre R$ 850 milhões
• R$ 7 milhões ao mês sobre R$ 1 bilhão

Dessa forma, em 10 anos, o patrimônio do ganhador poderia mais do que dobrar.

Já num perfil mais moderado, a divisão poderia ficar em 50% em renda fixa, 30% multimercados, 20% ações e ETFs, com uma rentabilidade estimada de 12% ao ano, o que asseguraria uma renda mensal de:

• R$ 6,8 milhões ao mês (com R$ 850 milhões)
• R$ 8 milhões ao mês (com R$ 1 bilhão)

Nesse caso, após 10 anos, o patrimônio poderia chegar a R$ 3,1 bilhões.

Mas se a pessoa que vencer tiver um perfil mais arrojado de investimento poderia colocar 30% renda fixa, 40% ações globais, 30% alternativos (cripto/PE/VC), conseguindo uma rentabilidade estimada de 15% ao ano e garantindo uma renda mensal após crescimento patrimonial de:

• R$ 34 milhões ao mês (partindo de R$ 850 milhões)
• R$ 40,4 milhões ao mês (partindo de R$ 1 bilhão)

Com isso, após 10 anos, o patrimônio dessa pessoa poderia ultrapassar a cada dos R$ 4 bilhões.

Mas o que fazer primeiro?

Os especialistas alertam, porém, que ganhadores de prêmios gigantes frequentemente cometem os mesmos erros: compras impulsivas, exposição a golpes, ausência de estratégia e investimentos arriscados sem entendimento. Por isso, eles recomendam algumas medidas fundamentais:

1. Não mexer no dinheiro nas primeiras semanas

Evitar compras grandes e recusar propostas milagrosas.

2. Formar uma equipe de confiança

Um planejador financeiro, um advogado tributário, um contador.

3. Construir uma carteira diversificada antes de aumentar o padrão de vida

Distribuir parte relevante em renda fixa protegida.

4. Lembrar que dinheiro é meio, não fim

“A vida não pode ser guiada pelo patrimônio, e sim pelos objetivos pessoais”, diz Police.