Faculdades oferecem bolsa para atrair alunos e diminuir inadimplência

Diversas são as formas de facilitar o acesso do aluno às instituições e os descontos costumam variar de 10% a 100%

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SÃO PAULO – Cada vez mais as instituições de ensino superior estão criando políticas para baratear os custos das mensalidades. Os descontos, oferecidos por meio das bolsas de estudo, têm o objetivo de captar mais alunos – principalmente os das classes sociais C e D – e diminuir o índice de inadimplência, que no estado de São Paulo chega a 23,2% do total de alunos matriculados.

“Para se ter uma idéia do quanto esse índice é alto, a inadimplência nos bancos é de 6%, enquanto em outros carnês é de 3,5%”, explica o presidente do Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior do Estado de São Paulo (Semesp), Hermes Figueiredo.

O presidente afirma ainda que, atualmente, quase todas as instituições oferecem descontos aos alunos. “Algumas criam bolsas baseadas no desempenho dos estudantes ou na condição social, outras firmam parcerias com empresas e trocam os descontos por estágios. Diversas são as formas de facilitar o acesso do aluno e os descontos costumam variar de 10% a 100%”.

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Custos

Hermes Figueiredo elucida o fato de que para se cursar uma boa faculdade atualmente no Brasil, é preciso muito dinheiro. “Para se cursar uma faculdade gasta-se muito, e não estou falando apenas da mensalidade. Tem a locomoção, a vestimenta, a alimentação, o material escolar, a compra de um PC, a internet, o acesso à cultura, entre outras coisas. E os jovens de classe média não estão conseguindo arcar com tudo isso”, garante.

O presidente conta que as políticas de incentivo ao ensino, como o ProUni – que oferece bolsa de 100% a estudantes de famílias com até 1,5 salários mínimos per capita e de 50% para quem recebe 3 salários per capita – e o Fies, não são suficientes para atender todos os jovens que desejam cursar uma faculdade.

“Se bem que no Fies acontece um fenômeno curioso: sobra verba e falta aluno pleiteando o direito. Isso porque o Fies não abate, apenas posterga o pagamento de 50% do valor da faculdade para até duas vezes a duração do curso. No entanto, os juros ainda são muito altos – 3% para cursos tecnicistas e licenciaturas e 6% para o bacharelado. As pessoas têm medo de assumir uma dívida tão longa, e preferem optar pela inadimplência”, explica.

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Figueiredo diz ainda que o grande número de alunos que se inscrevem no Enem – cerca de 3,5 milhões – mostra que os estudantes estão em busca de abatimento nas mensalidades ou pontos extras para conseguir ingressar nas universidades públicas, já que muitas instituições usam a nota do exame nacional para esses fins. O presidente estima que desses 3,5 milhões, apenas 1,2 milhão conseguem cursar a faculdade.

Bolsas

De acordo com dados do Semesp, dos 975 mil alunos do estado de São Paulo, apenas 35% têm algum tipo de ajuda, sendo que apenas 3% possuem bolsa de 100%.

O presidente afirma que não há um lugar centralizado onde os alunos possam conhecer as políticas de incentivos das universidades, mas afirma que, como as instituições utilizam esses descontos como apelo mercadológico, todas elas divulgam as iniciativas em seus sites.