Diante de falta de peças, carros 0 km seguem em alta: preços sobem até 2%

Estudo da KBB mostra variação positiva, mas menos acelerada em seminovos e usados, e considera 26.376 versões de veículos do mercado

Giovanna Sutto

(Getty Images)

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Em janeiro, a indústria automobilística registrou o pior resultado de produção desde desde 2002 e os preços dos carros 0 km de modelo 2022 se mantiveram na tendência de alta: até 2% mais caros do que o registrado em dezembro, segundo Monitor de Variação de Preços de 2022 da KBB Brasil, consultoria automotiva de novos e usados.

De acordo com o levantamento, em média, os preços subiram 1,4% no período, ou seja, considerando os carros 0 km 2021 e 2022. O estudo da KBB conta com algoritmos próprios da empresa e  considerou 26.376 versões disponíveis no mercado.

“Ao detalhar o comportamento de preços dos carros 0 km, fica evidente que a média, na verdade, foi puxada para baixo por conta dos modelos de estoque de ano modelo 2021, que ainda são detectados pela metodologia de pesquisa da KBB Brasil. Porém, se isolarmos somente os carros 2022, a média de variação passou dos 2% no mês”, diz o estudo.

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Variação de preços dos carros 0 KM em janeiro de 2022 
Ano modelo  Variação em dez Variação em janeiro
2021 0,05% 0,01%
2022 1,52% 2,03%
Média 0,74% 1,39%

Com essa média, a variação dos automóveis novos conseguiu se manter acima da média mensal observada ao longo de 2021, que subiu a 1,33% ao mês, enquanto em 2020, os carros novos tinham acréscimo médio de 0,48% ao mês.

Vale lembrar que o setor automotivo passa por uma crise diante da falta de peças, especialmente semicondutores, que vem afetando a produção em escala global. Na China, por exemplo, as vendas de carros recuaram pelo oitavo mês consecutivo, conforme informou a Associação de Carros de Passageiros da China no início desta semana.

De modo geral,  a dificuldade de colocar a “produção de volta às ruas” preocupa o mercado. “Estamos atravessando a crise de semicondutores, ela ainda vai se esntender neste ano e esperamos alguma melhora somente em 2023”, avalia Milad Kalume Neto, diretor da Jato Dynamis, consultoria automotiva.

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“Devemos regularizar nossa produção por último. A tendência é a regularização da produção acontecer na Europa, EUA e Ásia (não necessariamente nessa ordem) para depois chegar aqui. Assim, o carro 0 km seguirá com preços mais altos”, explica.

No caso dos veículos seminovos (até três anos de uso) e usados  (quatro a dez anos de uso), o estudo aponta que houve um leve arrefecimento na inflação destas categorias em comparação com dezembro do ano passado, porém a tendência de alta se mantém.

Veículos seminovos

Em relação aos seminovos, com até três anos de uso, aqueles com modelo 2021 foram os que mais subiram de preço em janeiro, 1,12% em média. Apesar da alta, ela é menos expressiva do que a variação média de 1,42% nos preços dos seminovos no acumulado de 2021 — em 2020, a média mensal de inflação da categoria era de 0,38%.

Variação de preço de carros seminovos em janeiro de 2022:

Variação de preços dos carros seminovos em janeiro de 2022 
Ano modelo  Variação em dez Variação em janeiro
2018 1,50% 0,52%
2019 1,80% 0,77%
2020 2,97% 0,51%
2021 2,70% 1,12%
Média  2,15% 0,76%

Veículos usados

Já entre os carros usados, a variação de 0,56% para a categoria ficou bem abaixo da média de 2,04% de variação mensal de preço observada ao longo de 2021. Dentre os anos modelos desta categoria, o de 2012 foi o que mais subiu de preço em janeiro, com variação de 1,53%.

Variação de preços dos carros seminovos em janeiro de 2022 
Ano modelo  Variação em dez Variação em janeiro
2011 1,35% 1,35%
2012 2,10% 1,53%
2013 1,44% 0,97%
2014 0,91% 0,83%
2015 0,96% -0,11%
2016 1,52% 0,43%
2017 2,00% 0,26%
Média  1,45% 0,56%

Apesar da sinalização de desaceleração, os preços dos seminovos e usados ainda estão em patamares mais altos do que o considerado normal no mercado. “Com o carro 0km em falta, e com a demanda ativa, os preços sobem. Como consequência, as pessoas buscam seminovos e usados, e essa alta na procura também sobe os preços. Não tem muitas opções”, avalia Kalume Neto.

Segundo ele, a partir do segundo semestre deste ano, a tendência é que as montadoras comecem a dar mais incentivos aos modelos 0Km. “Com essa medida em curso, os preços dos usados vão se regular. Hoje estão abusivos em alguns casos, mas por falta de veículos de entrada 0Km mesmo”, explica.

Giovanna Sutto

Repórter de Finanças do InfoMoney. Escreve matérias finanças pessoais, meios de pagamentos, carreira e economia. Formada pela Cásper Líbero com pós-graduação pelo Ibmec.