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Números de janeiro mostram que mercado automotivo continua definhando

Aquele clichê de “ano novo, vida nova”, não funciona para o setor automotivo. Na verdade, a tônica é "ano novo, problemas velhos...”
Por  Raphael Galante
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

Caros leitores, digníssimas leitoras,

Aquele clichê de “ANO NOVO, VIDA NOVA”, não funciona para o setor automotivo. Na verdade, a tônica é “ANO NOVO, PROBLEMAS VELHOS…”

O que aconteceu com o glorioso mercado de veículos neste primeiro mês do ano?

Com 116,5 mil carros novos vendidos, o setor registrou forte retração de 28,32% em comparação com janeiro de 2021, quando tivemos 162,6 mil carros comercializados.

E pior: janeiro de 2022 registrou o pior resultado do setor para o mês nos últimos 17 anos!

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Temos os problemas “de sempre”: falta de peças (os semicondutores); aumento (encarecimento) das linhas de crédito; aumento de custos (de insumos e pessoal); repasse dos custos nos preços dos veículos e por aí vai.

Se os players do setor comemoraram o ano passado como sendo (apesar dos pesares) um dos anos mais rentáveis dos últimos tempos, neste ano a história será outra.

Além dos pontos acima mencionados, teremos em 2022 uma economia que vai andar igual caranguejo, ou seja, de lado e com crescimento nulo – além da turbulência de um ano eleitoral.

E os reflexos já estão sendo sentidos agora!

Se antes quem tinha um veículo usado (a principal moeda na compra do veículo novo) possuía “ouro”, hoje ele já está valendo menos. O estoque de veículos usados (e de novos) está ficando mais tempo parado.

Com o giro menor, existe pressão no preço deles para os lojistas/concessionárias fazerem caixa. E isso reflete também na venda do novo. Algumas redes de concessionárias já estão sentindo “uma certa pressão” por parte das montadoras, que voltaram (sutilmente) a adotar a sua “crássica” política de “empurroterapia”.

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No ano passado, as vendas de carros novos fecharam com volume próximo a 1,975 milhões de unidades. No nosso primeiro texto do ano, afirmamos que se conseguíssemos chegar à cifra de 2 milhões de unidades (acréscimo de 25 mil unidades), teríamos o nosso milagre de Natal. Essa era a nossa visão rodrigueana de mostrar a vida como ela é, mas com um forte viés de otimismo!

O que nos chocou foi empresas/entidades/jornalistas especializados cravando um aumento de até 10% para este ano. Por exemplo, a Anfavea (Associação dos Fabricantes de Veículos) acredita que a comercialização de carros novos crescerá 8,4% — chegando à marca de 2,143 milhões de unidades.

Como vendemos 116 mil neste mês que acabou de terminar, o mercado teria que vender 185 mil carros por mês até dezembro. Isso sem contar que teremos um fevereiro “carnavalesco” tão parado como janeiro.

Ou seja, só a Anfavea —e o Tom Hanks — estão “À ESPERA DE UM MILAGRE”. Mas (ALERTA DE SPOILER), assim como no filme, ele não vai acontecer!

Nossa visão rodrigueana aponta para um mercado de 1,9 milhão de unidades (com viés otimista) e esse será o nosso “milagre de Natal”.

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Mas, se tem marcas chorando, existem outras que estão vendendo lenços!

Neste começo de ano, só quatro marcas (de volume) registraram crescimento. Destaque positivo para CITROEN e PEUGEOT, que mais do que dobraram o seu volume (na verdade, quase triplicaram). O destaque negativo vai para o trio GM, VW e Ford, com retração superior a 50%.

Mas, se o pessoal de autos está sofrendo, essa não é a dinâmica dos outros setores.

O mercado de veículos pesados (caminhões e ônibus) segue firme e forte para registrar um dos melhores anos para o segmento dos últimos seis/sete anos.

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Com 8.517 caminhões vendidos em janeiro, o setor registrou crescimento de 17,33% sobre o mesmo mês do ano passado (7.259 unidades). As vendas de ônibus avançaram 3,32%, com 1.368 unidades comercializadas no mês passado – contra 1.324 em janeiro de 2020.

Os dois segmentos IRÃO registrar crescimento! E crescimento forte, do tipo dois dígitos (entre 14% a 16%).

Mas lembrando que o cenário mudará drasticamente em 2023/24!

Outro segmento que vai na contramão do mercado de autos é o de motocicletas, vulgarmente conhecido como “Honda Motos + o resto”.

Com quase 90 mil motos vendidas em janeiro, o setor registrou crescimento de 4,5% sobre igual período do ano passado. Um dos responsáveis foi o Sistema de Consórcios. Nos últimos anos, as montadoras se focaram bastante na venda ativa das cotas de consórcio de motocicletas. Agora, no atual momento de turbulência político-econômica, elas estão usufruindo da poupança que montaram. Ou seja, perspectiva de crescimento contínuo nos próximos ciclos.

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Raphael Galante Economista, atua no setor automotivo há mais de 20 anos e é sócio da Oikonomia Consultoria Automotiva

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