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Oito em cada dez brasileiros afirmam pensar em planejar a vida financeira e a maioria (65%) faz isso com frequência, segundo a pesquisa Percepção dos Brasileiros Sobre Proteção e Planejamento da Fenaprevi (Federação Nacional de Vida e Previdência Privada), que representa as seguradoras do setor.
Encomendada ao Instituto DataFolha e divulgada nesta quarta-feira (27), em São Paulo, o levantamento mostra uma alta de 7 pontos percentuais acima do registrado na edição do de 2023.
Do total de entrevistados, 45% consideraram ‘reduzir as despesas para sobrar renda’ como principal obstáculo para se planejarem financeiramente. Outros 42% mencionaram ter dificuldades para gerar receita suficiente para poupar. Observou-se ainda uma preferência pelo consumo imediato entre grupos mais jovens, de 25 a 44 anos, o que dificulta a criação de uma reserva financeira.
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“Os brasileiros afirmam que o principal obstáculo para planejar é a falta de renda. Quem pensa no planejamento financeiro aumentou, mas reduzir despesas para sobrar dinheiro é um dos principais obstáculos”, comentou Edson Franco, presidente da Fenaprevi.
A pesquisa, realizada em setembro de 2024 com mais de 1.900 pessoas com 18 anos ou mais, aponta ainda que 76% dos entrevistados disseram ter metas, sendo 51% deles com objetivos estabelecidos para os próximos 10 anos.
Entre as ações mais recorrentes para atingir os objetivos estão trabalhar (30%) e fazer investimentos (22%), sendo que a poupança é o principal. Outros 30% também afirmam poupar ou guardar dinheiro, mas não especificaram de que forma.
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Bets e gastos ‘supérfluos’
Neste ano, a pesquisa apurou ainda que quatro em cada dez (38%) entrevistados pagam por algum serviço de streaming. Um quarto (25%) costuma jogar, participar de jogos de azar ou fazer apostas online. Apenas 10% dos entrevistados que não possuem seguro de vida e têm gastos com supérfluos, streamings e/ ou jogos consideram esses gastos mais importantes que contratar um seguro de vida.
Quando questionados quais gastos supérfluos poderiam ser cortados, roupas e acessórios (12%), assinaturas de streaming e comer fora ou pedir comida (11% cada) foram os mais citados. Quando alterado para pergunta estimulada, e não espontânea, dentre os 46% que disseram não terem gastos supérfluos/desnecessários, 27% pagam serviço de streaming e 21% participam de jogos de azar e/ou apostas online.
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“Alguns descrevem com tristeza situações de vício de quem vende algo pra poder apostar, é cenário que acontece e muita gente se não faz, conhece quem faz e passa por situação dessas”, salientou Paulo Alves, gerente de pesquisa de mercado no Datafolha, ao comentar a pesquisa.
Para Franco, indica falta de consciência e educação financeira, e cabe a todos se dedicarem a ampliar esse conhecimento, desde o mercado segurador até os próprios indivíduos, passando por governo e empresas empregadoras.
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“Se não formos capazes hoje de entender por que o seguro de vida ou a previdência privada é menos importante para os brasileiros do que as bets, perdemos o jogo. E pra isso precisamos ir a fundo. O que posso dizer de duas décadas estudando a população é que não dá pra cobrar o investimento no futuro se o presente não estiver respondido”, observou Renato Meirelles, presidente do Instituto de Pesquisa Locomotiva e fundador do Data Favela.
Segundo Meirelles, o “Brasil das classes C, D e E” é o que pensa que o longo prazo é daqui um mês. “Precisamos mudar essa visão de longo prazo e o que mobiliza isso é a família. E quando o arrimo de família, que é o cara mais velho, faltar, como a família será protegida? Quando falamos dos trabalhadores autônomos, seja os precarizados também, como resolver a questão de previdência?”, questiona Meirelles, citando que o profissional autônomo – cerca de 11 milhões, se considerados somente os microempreendedores individuais (MEI) – não é somente o entregador por aplicativo, mas também “quem estampa boné e vende” em marketplaces, por exemplo.
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Ele avalia que mais do que criar novos produtos, é mais importante melhorar a comunicação com esse público, desenvolvendo “canais de comunicação e venda para dialogar com Brasil que nunca precisou tanto ter proteção que previdência privada e seguros pode oferecer”.