Como ex-BBB fez da própria sorte um ímã para bolões premiados da Loteria no Brasil?

Paulinha Leite comanda empresa que presta serviços de bolões, que já rendeu prêmio de quase R$ 3 milhões

Anna França

Paulinha Leite mostra bilhetes premiados (Divulgação)

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A ex-BBB Paulinha Leite se considera uma pessoa de sorte. Já ganhava, desde criança, sorteios na igreja e nas quermesses de sua cidade, Boa Vista, capital de Roraima. Aos 19 anos, a mãe pediu alguns números para jogar na Mega-Sena e com o palpite fizeram uma quadra (quatro acertos dos seis possíveis para o prêmio).

“Depois disso comecei a jogar mais vezes”. Tudo era motivo para uma aposta. Um número que aparecia numa placa, ou se repetia num documento. Valia qualquer “sinal” que ela entendesse como  uma “dica”. Os prêmios eram poucos e ela só considerava quando o valor ficava acima de R$ 1 mil. Ao todo já foram 57 prêmios, sendo que a maior conquista ocorreu recentemente, quando a influenciadora faturou o prêmio máximo da Lotofácil da Independência, de R$ 2,9 milhões.

Outra grande vitória foi ter sido escolhida para a 11ª edição do Big Brother Brasil, reality exibido pela TV Globo. E foi dentro do BBB que ela surpreendeu o país com sua sorte, colecionando prêmios, como um apartamento, moto, entre outros.

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O fato de Paulinha ser uma pessoa sortuda repercutiu em reportagens de jornais e sites. Seus seguidores, então, não demoraram a pedir dicas para apostas. “Eu nunca tinha pensado em fazer nada disso, mas comecei a sugerir alguns números e algumas pessoas ganharam. Aí veio a sugestão: vamos fazer bolão juntos”, conta.

‘Empresa de sorte?’

A brincadeira ficou tão séria que a ex-BBB abriu uma empresa, a Unindo Sonhos, que presta serviços de bolões. “Eu monto o grupo de pessoas para jogar, faço o jogo e a pessoa só manda o dinheiro. Se for premiado, pago para quem jogou no bolão. Não faço jogo simples. Só organizo o bolão, sou uma intermediadora”, diz.

Mas Paulinha não tem nenhum método especial de análise de números. Vai no palpite mesmo e, às vezes, avalia os algarismos que mais saem. “Números sempre me chamaram atenção. Placas de carro, aqueles que aparecem na minha frente de algum jeito. Ai eu jogo. Pode ter  análise, mas sorte é mais forte e acredito muito na lei da atração”, disse.

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Para oferecer o serviço de bolão, a Unindo Sonhos cobra uma taxa de serviço: 30% sobre o valor do bilhete, como é feito nos bolões das lotéricas. “Informo tudo que a pessoa está pagando, filmo a hora que faço o jogo e o bilhete para garantir que foi feito”, explica. Até hoje, o maior prêmio foi o mais recente, de quase R$ 3 milhões, com um bilhete que custou R$ 8 e foi dividido entre as 40 pessoas que participaram. “Não tenho porcentagem desse bolão, porque não fiz a compra para mim”.

Mas, na vida real, a ex-BBB prefere não arriscar tanto. Depois que ganhou apartamento no BBB, ela optou por viver de aluguel e ainda mantém o imóvel alugado bem como outros que adquiriu depois. Também já teve loja de roupas e trabalha como influenciadora. Mas o foco é  investir em renda fixa, imóveis e em algumas ações.

Com três anos de negócio aberto, a ex-BBB que lucra com a própria sorte faz questão de ressaltar como atua, já que o setor de apostas é imerso em casos de golpe. “Para manter a transparência mostro documentos, jogos feitos, e confirmo que a empresa não fica com nenhum prêmio. Confiança é importante”.

Fique atento!

Bruna Luppi, advogada criminalista do escritório Bialski, frisa que nesse tipo de serviço é importante a idoneidade da empresa, uma vez que o bilhete do jogo está com ela e, no caso de contemplação, quem recebe é quem tem o tíquete na mão.

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“O site faz a intermediação de jogos, e o consumidor compra as cotas de bolões que serão feitos pela empresa. Isso é lícito. O risco é se a empresa não repassar os valores de eventuais prêmios”, explica.

Por isso que Paulinha diz que vai continuar fazendo seus trabalhos da forma mais transparente possível, sem muita automação, para não haver dúvidas. “Porque mexemos não só com dinheiro, mas com os sonhos das pessoas.”

Por causa dos riscos, ela até alerta que sua foto vem sendo usada em outros sites para atrair possíveis apostadores. “Pessoal que dá golpe é bom para enganar. Agora mesmo já descobri que estão usando minha foto para falar sobre curso para ganhar na loteria, que nunca existiu”.

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Segundo a Caixa Econômica Federal, que administra as lotéricas do país, as apostas devem ser feitas apenas em canais oficiais  autorizados: em lotéricas, no portal Loterias Caixa, no aplicativo Loterias Caixa (disponível para usuários IOS e Android) ou no internet banking do banco. “Quaisquer outras plataformas e sites não oficias das Loterias Caixa não possuem relação com as loterias federais nem autorização para venda de produtos das Loterias Caixa”.

O banco diz que, nas apostas feitas em lotéricas, o bilhete é emitido ao portador (a pessoa que está com a aposta ou o recibo da cota de um bolão). Diz ainda que, para segurança do apostador, “é importante que o ganhador se identifique no verso do bilhete com nome completo, número do documento de identificação e CPF”. “Dessa forma, o apostador garante que ninguém mais retire o prêmio”.

“A Caixa ressalta que o bilhete é individual e ao portador, mas o ganhador pode escrever, no verso do recibo da aposta premiada, seu nome completo e CPF. Dessa forma, o bilhete será nominal. Em caso de bolão, cada participante pode fazer o mesmo no verso de seu recibo individual de cota”, reitera o banco.

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Como fazer um bolão? É seguro?

De acordo com a Caixa Econômica Federal, em um bolão, o comprovante de que a pessoa participou da aposta é o recibo da cota.

O banco diz que, para fazer um bolão, basta juntar os apostadores, escolher os números da aposta, marcar a quantidade de cotas (o número de participantes) e registrar o jogo em uma das 13 mil lotéricas do país (ao contrário das apostas “comuns”, os bolões não podem ser feitos pela internet).

“O bolão só é comercializado, com segurança e com a entrega do recibo original de cota, nas mais de 13 mil lotéricas espalhadas pelo Brasil. Não é possível o registro de bolões em canais eletrônicos”, afirma a Caixa. “Ao ser registrada no sistema, a aposta gera um recibo de cota para cada participante — que, em caso de premiação, poderá resgatar o prêmio individualmente”.

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Na Mega-Sena, os bolões têm preço mínimo de R$ 10 e podem ter no mínimo 2 e no máximo 100 cotas. Além disso, é permitida a realização de no máximo 10 apostas por bolão. “Em caso de bolão com mais de uma aposta, todas elas deverão conter a mesma quantidade de números de prognósticos”, diz o banco.

Bolão de lotéricas

A Caixa diz que os apostadores também podem adquirir cotas de bolões organizados pelas próprias lotéricas. Neste caso, basta solicitar ao atendente a quantidade de cotas que deseja e guardar o recibo para conferir a aposta no dia do sorteio. Neste tipo de bolão, as lotéricas podem cobrar uma tarifa de serviço adicional de até 35% do valor da cota.

No caso dos bolões organizados por lotéricas, as cotas que não são vendidas não são canceladas (e continuam a valer normalmente). Assim, caso a lotérica só consiga vender 20 das 100 cotas de um bolão organizado por ela, por exemplo, e a aposta for vencedora, o prêmio será dividido pelas 100 cotas.

Com isso, o valor que sobrar (das 80 cotas que não foram vendidas) ficará para a própria lotérica.

Anna França

Jornalista especializada em economia e finanças. Foi editora de Negócios e Legislação no DCI, subeditora de indústria na Gazeta Mercantil e repórter de finanças e agronegócios na revista Dinheiro.