Com novo aumento da gasolina, veja 19 dicas para seu carro ‘beber’ menos combustível

Você sabia que automóvel a 140 km/h gasta 25% mais de combustível do que a 110 Km/h? E que ar-condicionado eleva consumo em até 25%?

Lucas Sampaio

(Foto: Getty Images)

Após 99 dias sem aumentos, a Petrobras (PETR3;PETR4) anunciou, nesta sexta-feira (17), reajustes de 5,2% no preço da gasolina e de 14,2% no preço do diesel. Com isso, o preço médio da gasolina, nas refinarias da estatal, vai saltar de R$ 3,86 para R$ 4,06; já o diesel passará de R$ 4,91 para R$ 5,61 por litro.

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Como justificativa, a estatal disse que o reajuste busca convergir os preços dos combustíveis do Brasil com os praticados no exterior. Para você, consumidor, que vai enfrentar mais uma subida de preço nas bombas, só resta uma saída: economizar combustível durante o uso do seu veículo.

Pensando nisso, o InfoMoney compilou dicas para o motorista gastar menos nos deslocamentos. Elas vão desde conselhos básicos, como calibrar semanalmente os pneus e só abastecer em postos confiáveis, até pesquisas que mostram o desperdício de andar acima do limite de velocidade nas estradas e com peso desnecessário no veículo.

As dicas são do especialista Milad Kalume Neto, diretor de desenvolvimento de negócios da Jato do Brasil, consultoria presente em mais de 50 países; Raphael Galante, economista, especialista em setor automotivo e colunista do InfoMoney; e Antônio Jorge Martins, coordenador dos cursos automotivos da FGV. Confira:

1. Dirija mais devagar

Quanto maior a velocidade, maior a resistência do ar e maior o consumo de combustível. Segundo a Energy Saving Trust, a 140 km/h consome-se 25% mais de combustível do que a 110 km/h.

2. Use menos o ar-condicionado

O ar condicionado representa um acréscimo de 15 a 20% no consumo de combustível. Veja, a seguir,  algumas dicas simples para diminuir a necessidade do ar ligado:

“O ideal é desligar o ar-condicionado uns 5 minutos antes de parar, para ele conseguir, com a ventilação natural, evitar que junte fungo no sistema”, afirma Kalume Neto.

3. Não ande com a janela aberta a mais de 60 km/h

É bom não abusar do ar-condicionado, e o site Daily Fuel Economy Tip diz que, se a velocidade do veículo for inferior a 60km/h, a melhor opção é andar com a janela aberta. Mas acima desta velocidade o recomendável é o uso do ar-condicionado para não atrapalhar a aerodinâmica do veículo.

4. Reduza o peso do veículo

Sabe aquele porta-malas lotado de coisas? Evite esta prática a todo custo. Segundo o Escritório de Eficiência Energética e Energias Renováveis dos Estados Unidos (EERE), um peso extra de cerca de 40 kg pode aumentar o consumo de combustível em até 2%.

O diretor da Jato do Brasil diz que, em alguns casos, “até a lavagem frequente do veículo diminui o consumo de combustível pois elimina pontos de barro, que podem acumular água e, por consequência, aumentar o peso do veículo e o consumo” ( essa dica é ainda mais valiosa para quem mora no campo).

5. Desligue os dispositivos elétricos

O uso de dispositivos elétricos, como faróis auxiliares, limpadores do para-brisa e sistema de ventilação interna, entre outros, devem ser usados apenas pelo tempo necessário. “Quanto mais dispositivos elétricos o carro tem, mais ele está buscando essa energia da bateria. E a bateria não se alimenta sozinha”, afirma Kalume.

6. Desligue o motor do carro…

Em paradas acima de um minuto, desligue o motor do veículo. Essa dica vale para as paradas rápidas, como a espera até alguém sair de casa ou enquanto o passageiro compra um remédio na farmácia.

“Em semáforo não vale a pena [desligar o carro], porque você sobrecarrega o sistema de ignição do veículo e diminui a vida útil do motor de arranque. O consumo de combustível, mesmo em semáforos mais longos, não compensa o desgaste que o veículo vai ter”, afirma o diretor da Jato do Brasil.

Mas o especialista ressalta que carros com o sistema “start/stop” (que desliga e liga o motor automaticamente quando você para em um semáforo) são projetados para isso, então você não precisa se preocupar nem desabilitar o sistema.

“Você tem uma bateria mais propícia, um sistema de partida melhor, ele é mais robusto. Então você não tem de se preocupar com o motor de partida”, afirma Kalume. “É parte do processo de economizar combustível e dá de 2% a 3% de melhoria no consumo de combustível, segundo cálculos europeus”.

7. Mas nunca ‘desça na banguela’

Sobre a famosa expressão “descer na banguela” (conhecida por aqueles que nasceram antes dos anos 90), Kalume alerta que fazer isso não tem sentido há 30 anos, com o fim dos carros a carburador.

“Desde os carros com injeção eletrônica, se você colocar o carro no ‘ponto morto’ em uma descida, na verdade você vai gastar mais combustível. E o mesmo vale para os automáticos, se você colocar no neutro”, afirma o especialista. “Quando você coloca no ponto morto ou no neutro, o carro entende que está parado e que precisa ficar jogando combustível no motor para mantê-lo funcionando. Com o carro engatado, ele só injeta combustível no motor quando você pisa no acelerador”.

8. Troque as marchas na rotação correta

A troca de marchas em carros com câmbio manual deve ser realizada no “tempo correto”, alerta Kalume. Por isso não se deve elevar a rotação do motor entre uma troca e outra (“esticar a marcha”, no jargão popular). Segundo o especialista, os manuais dos veículos muitas vezes trazem orientações sobre a velocidade ideal das trocas de marchas.

(Divulgação/VW)

9. Câmbio automático ou manual?

Aqui temos um impasse. O diretor da Jato do Brasil diz que, apesar da grande evolução observada nos últimos anos, as transmissões automáticas consomem mais. Já Raphael Galante, economista, especialista em setor automotivo e colunista do InfoMoney, afirma que o câmbio automático é mais econômico. Mas Galante admite que há exceções, como os câmbios antigos (que consomem mais) ou motoristas que sabem passar as marchas no tempo correto (em carros com câmbio manual). “Mas são exceções”.

10. Menor potência, menor consumo

Em geral, os veículos menores são mais econômicos para rodar. A exceção ocorre em determinadas situações em que o motor é muito exigido, como a subida de uma ladeira íngreme ou de uma serra. Como o motor é mais exigido nestes casos, o consumo de combustível aumenta relativamente.

11. Evite congestionamentos ou trajetos com muitas paradas

Trafegar devagar, trocar de marchas muitas vezes e ter que parar frequentemente elevam o consumo de combustível, pois o veículo precisa sair da inércia mais vezes (e ele necessita de mais esforço para esse movimento inicial).

Por isso é importante também manter a velocidade e a rotação do motor o mais constante possível. Da mesma forma, evite frenagens e retomadas de velocidade muitas bruscas.

12. Seu veículo consome menos com etanol?

A regra da competitividade do etanol, de custar até 70% do preço da gasolina, é sempre válida se o seu carro for flex. Mas cada veículo possui uma regulagem técnica de fábrica que pode mudar essa relação de consumo um pouco para mais ou para menos.

Fazer o cálculo preciso no dia a dia é difícil, pois as situações de tráfego nunca são as mesmas, por isso Kalume diz que o ideal é olhar as informações do manual do veículo ou do Inmetro, que podem ser úteis para encontrar a melhor relação para o seu carro.

13. Escolha postos de combustíveis confiáveis

Postos com má aparência, de marcas desconhecidas e/ou com valores absurdamente baixos devem ser evitados. Uma boa dica é descobrir se o posto é frequentado por motoristas de aplicativo e taxistas.

14. Use o combustível indicado no manual

Os combustíveis “premium” podem influenciar muito pouco ou não influenciar em nada o desempenho do seu carro, mesmo que sejam muito mais caros (pois são feitos para um outro padrão de veículo, mais esportivo). O ideal é usar sempre o combustível recomendado no manual do veículo.

15. Use a referência do Inmetro

Todos os veículos novos comercializados no Brasil têm seus consumos de combustível testados pelo Inmetro. Pesquise quais são os mais econômicos da categoria antes de comprar um carro 0 km.

16. Faça manutenção preventiva dos filtros

Qualquer elemento que provoque uma restrição no funcionamento do motor aumenta o consumo de combustível. Por isso é importante seguir as recomendações do fabricante do tempo de troca dos filtros de óleo, de ar e de combustível.

A troca é importante para sempre ter uma mistura ideal de ar e combustível e para o melhor rendimento do motor, pois um óleo de má qualidade ou vencido também elevará o consumo de combustível (porque o atrito do motor será maior e aumentará a sua temperatura, ampliando o consumo maior).

Todas as peças relacionadas aos sistemas de ignição (velas, bobinas e cabos de ignição) e de injeção de combustível devem igualmente ter manutenção preventiva seguindo as orientações do manual.

17. Calibre os pneus 1x por semana

O pneu descalibrado tende a ter um contato com o solo maior, aumentando o atrito (e, por consequência, o consumo de combustível). Por isso a recomendação é verificar a calibragem uma vez por semana, com os pneus frios e preferencialmente sempre no mesmo local.

Kalume destaca que a indicação da calibragem correta fica normalmente próxima da tampa de combustível ou na coluna das portas dos veículos, mas, caso você não encontre a informação, é só procurar no manual do veículo.

18. Alinhamento e balanceamento

Assim como a calibragem dos pneus, o alinhamento e o balanceamento evitam um maior atrito com o solo, evitando também um consumo maior de combustível.

Se o manual não disser qual deve ser a periodicidade desta manutenção, a recomendação é fazer:

19. Modelos novos x usados

Veículos usados possuem maior desgaste e folga mecânica em todos os seus mecanismos, o que eleva o consumo de combustível (e também os custos de manutenção preventiva e corretiva em geral). Neste caso, opte sempre pelo veículo novo para reduzir o consumo (quando o custo fizer sentido, claro).

Testou as 19 dicas e mesmo assim precisa reduzir mais os gastos com combustíveis de seu orçamento? Se este for o seu caso, os especialistas têm mais uma sugestão:

Que tal deixar o carro em casa?

Às vezes pode ser mais vantajoso usar o sistema de aplicativos de transporte, o transporte público ou recorrer à boa e velha bicicleta, recomenda Antônio Jorge Martins, coordenador dos cursos automotivos da FGV. “O mundo caminha hoje para buscar novos meios de transporte”.

Lucas Sampaio

Jornalista com 12 anos de experiência nos principais grupos de comunicação do Brasil (TV Globo, Folha, Estadão e Grupo Abril), em diversas funções (editor, repórter, produtor e redator) e editorias (economia, internacional, tecnologia, política e cidades). Graduado pela UFSC com intercâmbio na Universidade Nova de Lisboa.