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SÃO PAULO – Ele não exige comprovante de residência, holerites e a situação um tanto quanto incômoda de pedir crédito. É só assinar o comprovante de pagamento e lá está o dinheiro ‘extra’ de que tanto precisava. Prático, não é! Porém perigoso. O limite do cartão pode ser a alternativa encontrada por muitos brasileiros para driblar a restrição de crédito causada pela crise financeira internacional, mas requer cuidados adicionais.
“Na hora do aperto do crédito, as pessoas recorrem ao cartão de crédito, o que é um risco, pois o limite é sempre maior do que a capacidade de pagamento”, afirmou a professora de Finanças da FGV (Fundação Getulio Vargas), Myrian Lund. O que acontece é que a pessoa vai gastando, gastando e quando recebe a fatura, percebe que o salário não será suficiente para quitá-la.
Além disso, o cartão de crédito possui os juros mais altos do mercado. Para se ter uma idéia, em setembro, a taxa de juros de 10,46% ao mês do plástico foi a mais alta registrada desde novembro de 2003. “Aí a pessoa se embola toda”.
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O uso do cartão
Quem recorre ao cartão de crédito em momentos de crise, como o que se apresenta, deve ter planejamento e organização para quitar a fatura no dia do vencimento. Se não contar com recursos para isso, pague o mínimo, e tente refinanciar o restante. “Ao invés de deixar o dinheiro correndo com juros [no rotativo], já negocie um parcelamento do valor que não conseguirá pagar”, orienta a professora.
Assim, o cliente deixa de pagar a taxa de juros do crédito rotativo, que costuma ser altíssima, e passa a contar com uma taxa menor. “Outra recomendação é pedir, na renegociação, o menor número de parcelas possível, mesmo que isso signifique um maior sacrifício. Aí você se livra mais rápido da dívida”.
Pagando menos parcelas, o consumidor gasta menos com os juros. “Se você parcela em 12 meses, o volume em dinheiro gasto para os juros é mais alto do que em apenas quatro meses”.
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É importante ressaltar, de acordo com a professora, que o limite do cartão de crédito deve ser usado apenas se a pessoa precisar incrementar a renda para despesas essenciais.
Momento de crise, mas também de gasto
Com a crise financeira internacional, ela disse que fica difícil saber o que ainda pode acontecer. “O que já sabemos é que o Brasil vai crescer menos em 2009 e que isso pode impactar em alguns setores, o que causa mudança em empregos. Então, a gente tem que fazer o menor número de dívidas possível”, indicou a professora.
Para quem já tinha planejado e guardado dinheiro para fazer uma viagem ou comprar um imóvel, por exemplo, ela indica que siga em frente. “A vida não para por causa da crise. O que a gente orienta é que as pessoas parem com os excessos”. Ela ainda disse que momentos como o que é vivenciado servem para “chamar todo mundo para rever seus hábitos de consumo”.
Ao mesmo tempo que se fala de evitar excessos, estamos chegando em um período do ano que é característico por gastos maiores, com o Natal, Ano Novo e as férias escolares. “É difícil falar em economia porque está chegando o Natal. Então, vamos ter que usar a criatividade. Todo o momento de ameaça também é um momento de oportunidades”, finalizou.