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SÃO PAULO – Na ânsia de começar o ano com um carro zero km na garagem, muitas pessoas acabam se iludindo com a oferta de financiamento a juro zero. Acostumados com as elevadas taxas do cheque especial e do cartão, assim como do próprio crediário oferecido por muitos varejistas, esses consumidores acabam aceitando financiar um carro novo, sem sequer analisar com cuidado o que está sendo oferecido.
Juntamente com os juros, existe uma outra variável que é extremamente importante para determinar se você efetivamente fez, ou não, um bom negócio ao financiar o seu carro: o preço pelo qual o carro foi financiado.
Não descuide do preço
Por mais óbvio que isso pareça na hora de fechar um negócio, sobretudo com condições de pagamento extremamente favoráveis, muitas pessoas acabam se esquecendo deste “detalhe”.
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Nossa intenção não é vender a idéia de que não se pode confiar em nenhum vendedor, mas simplesmente que, quando a oferta é muito boa, é preciso analisar com detalhe todos os aspectos da negociação. Lembra do famoso ditado: quando a esmola é demais o santo desconfia…
Ainda que algumas concessionárias estejam efetivamente dispostas a financiar a compra do veículo a juro zero, ou a juro muito abaixo do mercado, em geral esta oferta é apenas um chamariz, pois só é efetivamente concedida para clientes com excelente histórico de crédito.
Desconto à vista embute juro!
Em outros casos, o preço do veículo já embute algum tipo de juro. Para evitar este tipo de situação, pergunte sempre qual seria o preço a vista de um veículo do tipo que você está interessado. Não mencione que pretende financiar a juro zero, e pergunte quanto poderia obter de desconto caso comprasse à vista.
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Caso haja diferença de preço no pagamento à vista, isso é um sinal claro de que os juros já estão embutidos no preço anunciado. Por exemplo, se o vendedor confirma que na compra a vista é oferecido um desconto de 10%, isso equivale a financiar por um prazo de 36 meses a uma taxa mensal de 0,265%. Outra situação comum é só financiar modelos com acessórios, o que pode aumentar o valor do veículo em até 20%.
Exemplo prático
Para ilustrar o risco que você corre neste tipo de situação vamos assumir dois casos distintos. No primeiro o consumidor financia um carro básico de valor R$ 27 mil por um prazo de 36 meses a uma taxa de juros de 2,57% ao mês – o que corresponde à taxa média divulgada para financiamento de veículos no relatório de outubro do Banco Central.
No segundo caso, ainda que o financiamento seja apresentado como sendo de juro zero, o preço do veículo já está 10% acima e o motorista gasta outros R$ 5 mil em acessórios, de forma que o valor financiado sobe para R$ 34,7 mil. Além disso, o prazo é de apenas 12 meses.
Neste contexto, a prestação no primeiro exemplo seria de R$ 1.130,00, enquanto no segundo seria de R$ 2.892,0, mais que o dobro da prestação no caso em que o motorista financia um modelo mais simples a juros de mercado. É bem verdade que, no primeiro caso, o custo total do carro fica em R$ 40.680,00 (36 prestações de R$ 1.130,0) o que equivale a 17% a mais do que o seria gasto no segundo cenário, o que sequer inclui o valor dos acessórios.
Quando a economia não vale a pena
Ao que tudo indica este é um ótimo negócio, porém o simples fato de ter que arcar com uma prestação muito maior pode colocá-lo em uma situação financeira delicada. E aí o pior dos mundos acontece. Animado com o bom negócio, você acaba entrando no limite do cheque especial para compensar o valor que tem que pagar a mais na segunda prestação.
Em outras palavras, por um prazo de 12 meses, que é a duração do financiamento a juro zero, você, todos os meses, acumula um déficit de R$ 1.762,00 (diferença entre as duas prestações) no cheque especial. Ao final do período, o que você economizou com o financiamento a juro zero, acaba mais do que compensado pelo que irá gastar em juros com o cheque. Isso porque o gasto com o juro ao final de 12 meses seria de R$ 14.856,0. E é este tipo de risco que você corre!
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Nunca deixe de fazer as contas!
Infelizmente, a falta de conhecimento financeiro leva as pessoas a cometer erros desta natureza, o que acaba comprometendo significativamente s finanças pessoais. Assim, na hora de comprar um carro zero km, a menos que você tenha dinheiro para pagar a vista, financiamento, mesmo a juro zero, deve ser analisado com muito cuidado.
Se você consegue arcar com a prestação mais alta do financiamento a juro zero, que embute um prazo menor, talvez o melhor seja poupar esta quantia todos os meses em uma aplicação de baixo risco e alta liquidez, como a poupança ou os fundos DI. Assumindo que opte pela poupança, cujo rendimento mensal é de 0,6%, ao final de 12 meses, você teria acumulado R$ 36 mil, quantia suficiente até para a compra de todos os acessórios que queria. Para calcular o valor da prestação de qualquer financiamento, basta clicar aqui.