Brasileiros pagam até R$ 200 mil para ir à final da Champions e ficam sem ingresso

Clientes de uma agência chamada Outsider Tours denunciam falhas na entrega de ingressos para a final da Champions em Munique; empresa promete reembolso parcial, mas não garante cobertura de despesas com viagem - que também vendeu

Paulo Barros Leonardo Guimarães

Influenciadores ficam com R$ 45 mil de prejuízo após ficarem sem ingresso para a final da Champions League, em Munique (Foto: Reprodução/Instagram/@johnnyguimaraes_)
Influenciadores ficam com R$ 45 mil de prejuízo após ficarem sem ingresso para a final da Champions League, em Munique (Foto: Reprodução/Instagram/@johnnyguimaraes_)

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Brasileiros que viajaram para Munique com pacotes vendidos pela agência Outsider Tours para assistir à final da UEFA Champions League no sábado (31) relatam prejuízos que chegam a R$ 200 mil. Os valores envolvem ingressos que não foram entregues, além de passagens aéreas e hospedagem. Parte dos clientes pagou até R$ 19 mil por pessoa para assistir ao confronto entre PSG e Inter de Milão, vencido pelo time francês por 5 a 0.

Ao InfoMoney, clientes se queixam de terem desembolsado de R$ 13 mil e R$ 19 mil por pessoa, incluindo quatro noites de hospedagem e ingresso para o jogo. Em um grupo, o prejuízo alcança a cifra de R$ 200 mil. Eles foram informados dois dias antes do evento que os pacotes estavam cancelados por falha do fornecedor de ingressos.

Apesar da incerteza, os consumidores seguiram viagem até Munique. “Recebemos vouchers e instruções da empresa. Por precaução, fizemos reservas em outro hotel”, disseram à reportagem. Eles relatam ainda que, enquanto eram avisados do cancelamento, a Outsider oferecia novos ingressos a preços mais altos para outros interessados.

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Outro caso de destaque é o do influenciador João Guimarães, que relatou em vídeo ter gasto R$ 45 mil em três ingressos e não ter conseguido entrar no estádio. “Espero que devolvam o dinheiro. Não estou nem cobrando danos morais”, afirmou.

A Outsider Tours alegou que o fornecedor dos ingressos não conseguiu cumprir a entrega por causa da disparada de preços no mercado paralelo. “Ainda estamos finalizando alguns acordos. Mas todos já foram contatados”, informou a empresa. Até o momento, não há confirmação de reembolso dos demais custos da viagem.

A experiência de assistir à final da Champions League envolve custos elevados. Passagens aéreas de última hora do Brasil para Munique chegaram a R$ 8 mil, enquanto hospedagens de quatro noites podiam ultrapassar R$ 20 mil. Ingressos oficiais variavam de € 70 (R$ 455) a € 950 (R$ 6.200), mas no mercado paralelo superaram os R$ 80 mil.

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Um recibo de pagamento feito à Outsider Tours, obtido pelo InfoMoney, mostra o preço de R$ 60 mil para um pacote incluindo ingressos para o jogo e quatro noites de hospedagem. A compra, no entanto, foi realizada há meses, muito antes da definição do confronto entre PSG e Inter.

Histórico de problemas

A Outsider Tours enfrenta um histórico de reclamações e ações judiciais relacionadas à não entrega de ingressos e pacotes contratados. A empresa acumula diversas ações na Justiça movidas por consumidores que alegavam não ter recebido os serviços prometidos, incluindo ingressos para partidas de futebol e hospedagens. Os processos apontam falhas na prestação de serviços e dificuldades na obtenção de reembolsos.

Além disso, clientes reafirmam nas ações judiciais que a Outsider Tours condiciona a resolução de problemas à retirada de reclamações públicas. Em um dos casos, um consumidor afirmou que a empresa exigiu a exclusão de uma denúncia no Reclame Aqui como condição para a entrega de um pacote já contratado para a Champions League. A empresa teria ameaçado cancelar o pacote caso a reclamação não fosse removida, o que, segundo o cliente, configura uma forma de coação.

O contrato padrão da Outsider Tours inclui cláusulas que limitam a responsabilidade da empresa em casos de “força maior” e estabelece que reclamações feitas por “meios não idôneos, tais como publicidade negativa” não serão reconhecidas. O documento também menciona a possibilidade de apuração de “responsabilidade civil e penal” contra clientes que utilizem esses meios.

Paulo Barros

Jornalista, editor de Hard News no InfoMoney. Escreve principalmente sobre economia e investimentos, além de internacional (correspondente baseado em Lisboa)