Brasileiros ficam retidos em aeroportos da África do Sul por causa de nova variante do coronavírus, diz Itamaraty

240 brasileiros acionaram assistência consular por não conseguirem embarcar em voos a partir de Pretória e Cidade do Cabo, locais afetados pela ômicron

Dhiego Maia

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Um grupo de 240 brasileiros que estão na África do Sul dizem estar impedidos de embarcar em voos de volta ao Brasil. A informação foi confirmada pelo Itamaraty à reportagem do InfoMoney no início da noite desta segunda-feira (29).

O problema é causado pela descoberta da ômicron, nome dado à nova variante do coronavírus encontrada primeiro no país africano e que vem sendo apontada como a responsável pela piora recente dos indicadores locais de controle da Covid-19.

Sob a suspeita de ser mais transmissível e letal, a OMS (Organização Mundial da Saúde) emitiu um alerta aos governos, nesta segunda-feira (29), sobre a possibilidade de uma nova onda global de contaminações desencadeada pela ômicron.

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Diante do risco, nações como o Brasil impuseram barreiras contra os países com os maiores registros da nova variante.

Segundo portaria interministerial do governo de Jair Bolsonaro (sem partido), do último sábado (27), voos procedentes ou com passagens por África do Sul, Botsuana, Essuatíni, Lesoto, Namíbia e Zimbábue estão temporariamente proibidos de aterrissar no Brasil.

Mas os brasileiros, que estiveram ou ainda permanecem nesses locais, têm entrada autorizada. “Ao ingressar no território nacional, [o viajante brasileiro] deverá permanecer em quarentena, por quatorze dias, na cidade do seu destino”, diz o texto.

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É preciso também preencher a Declaração de Saúde do Viajante nas 24 horas anteriores ao embarque e apresentar um exame RT-PCR não detectável ou negativo para Covid-19, realizado nas últimas 72 horas antes do embarque, ou exame negativo do tipo antígeno, em até 24 horas antes do voo.

Criança com idade inferior a 12 anos e acompanhada não precisa fazer o exame, desde que o responsável direto dela tenha resultado negativo ou não detectável.

O Itamaraty disse que, até o momento, dos 240 brasileiros com dificuldades no embarque, 230 são turistas. Os registros de assistência consular foram solicitados nas embaixadas brasileiras de Pretória (sede do poder executivo do país) e Cidade do Cabo (conhecida pelas belezas naturais).

“Os postos no exterior estão realizando gestões junto às companhias aéreas que atuam na região, com vistas a que os brasileiros possam embarcar, que haja voos ao Brasil, ou que rotas alternativas sejam encontradas”, afirmou, por nota, o Itamaraty.

A representação diplomática brasileira também afirmou que acompanha a situação dos brasileiros nos demais países com mais registros da nova cepa “prestando-lhes toda a assistência consular cabível”.

No Brasil, ainda não foi confirmada a presença da nova cepa entre pessoas contaminadas pelo coronavírus.

Neste domingo (28), a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) informou que um brasileiro com passagem pela África do Sul teve teste positivo para Covid-19.

O viajante desembarcou no aeroporto de Cumbica, em Guarulhos (Grande SP), e fez exames que buscam saber se a contaminação está associada com a ômicron.

Contenção da nova variante

Para a OMS, a estratégia dos governos precisa estar concentrada em duas frentes: testagem em massa de suas populações, para averiguar se a ômicron está em ampla circulação; e na campanha de vacinação, para prevenir e reduzir a gravidade da Covid-19 entre pacientes que precisam ser hospitalizados.

Pesquisas científicas já descobriram que a ômicron possui um total de 32 mutações incomuns na proteína spike, parte do vírus que a maioria das vacinas usa para preparar o sistema imunológico contra a Covid-19.

Esse ritmo é, segundo os estudos, o dobro das mutações encontradas na Delta, outra variante altamente transmissível que foi a responsável pela onda global mais recente de contaminações e óbitos por Covid-19.

“As mutações [da ômicron] podem conferir potencial de escape imunológico e possivelmente vantagem de transmissibilidade”, disse a OMS. “Dependendo dessas características, pode haver surtos futuros de Covid-19, que podem ter consequências graves”.

Os pesquisadores buscam saber se a ômicron é mais transmissível do que as demais cepas em circulação, se eleva a gravidade do quadro clínico entre as pessoas contaminadas e se ela é capaz de driblar a eficácia das vacinas em uso.

A OMS também ressaltou aos países que o uso de máscara, o distanciamento social, além de se evitar aglomerações e ambientes fechados continuam sendo estratégias profiláticas para conter, inclusive, a proliferação da nova cepa do coronavírus.

Dhiego Maia

Subeditor de Finanças do InfoMoney. Escreve e edita matérias sobre carreira, economia, empreendedorismo, inovação, investimentos, negócios, startups e tecnologia.