Bancos não estão repassando redução das taxas de juros a clientes

Na prática, o custo de crédito deveria cair, mas isso só se torna verdade se, de fato, os credores abaixarem as taxas de juros

Giovanna Sutto

(Shutterstock)

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SÃO PAULO – Os bancos ainda não repassaram para seus clientes a redução nos custos de captação causada pela queda da Selic recentemente, segundo dados divulgados pelo Banco Central na última quarta-feira (25).  

Os juros básicos da economia caíram para 5,5% ao ano, o menor patamar da série histórica. Na prática, com os juros mais baixos, investimentos na renda fixa ficam menos atrativos, enquanto o custo de crédito deveria cair, o que estimularia o consumo e, consequentemente, a economia. Mas isso só se torna verdade se, de fato, os credores abaixarem as taxas de juros.  

Entre maio e agosto, a remuneração paga pelos bancos para captar recursos dos seus clientes caiu 1,1 ponto percentual (p.p), de 7,4% ao ano para 6,3% ao ano. No entanto, a média dos juros cobrados de empresas e pessoas físicas nos empréstimos caíram apenas 0,6 p.p, de 38,5% ao ano para 37,9% ao ano.  

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Isso significa que o spread (a diferença entre o custo do dinheiro e o juro cobrado do consumidor) dos bancos aumentou: de 31,1 p.p para 31,6 p.p. Esses dados são referentes ao segmento de crédito livre, que utiliza recursos da poupança ou do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e inclui empréstimos pessoais, financiamentos, etc.  

A taxa média de juros das concessões para essa categoria de crédito ficou em 37,9% a.a., o que representa estabilidade em 12 meses.   

Quando o recorte é a concessão de crédito geral, a soma total foi R$ 357 bilhões em agosto. No acumulado do ano, comparado ao mesmo período do ano passado, as concessões totais cresceram 11,5%repercutindo evolução das contratações do segmento livre (que subiu +12,8%)O spread geral das concessões subiu 0,1 p.p para 19,8 p.p. no mês. 

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Em algumas linhas de crédito, os juros aumentaram. Como é o caso do crédito rotativo no cartão de crédito: entre maio e agosto sua taxa subiu de 299,8% ao ano para 307,2% ao ano. 

Os juros do cheque especial foram a exceção e apresentaram uma queda: de 318,7% ao ano em julho para 306,9% ao ano em agosto.  

Ao considerar o longo prazo, no entanto, as instituições financeiras repassaram a queda dos juros básicos.

Em outubro de 2016, o BC deu início a uma sequência de 13 cortes na Selic, sendo a última neste mês de setembro. Neste período, a taxa de juros caiu de 14,25% ao ano para 5,5% ao ano – uma queda de 8,75 p.p.

E o custo de crédito livre caiu 16 pontos percentuais, de 53,8% ao ano para 37,9% ao ano dentro do mesmo prazo citado, de acordo com dados do BC.

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Projeções  

O BC divulgou também as novas projeções para o mercado de crédito em 2019no Relatório Trimestral de Inflação (RTI). A instituição reduziu a projeção do saldo total de crédito este ano de 6,5% para 5,7%. Até agosto, a alta foi de 4,8%, enquanto em 2018, expansão do saldo de crédito foi de 5,0%. 

Ainda, o crédito livre mostrou expansão média de 2,4% (3,6% e 1,0% nas carteiras de pessoas físicas e jurídicas, respectivamente). 

Destacaram-se os aumentos nas modalidades de financiamento de veículos com alta de 15,5% e desconto de duplicatas com 10%, no segmento de pessoas jurídicas, e de financiamento de veículos com 3,8% e crédito pessoal consignado com alta de 3,3%, no de pessoas físicas. 

“Os empréstimos para pessoas físicas financiados com recursos livres das instituições financeiras têm sido o principal vetor de crescimento do crédito no país. A dinâmica observada nesse segmento justifica o aumento da projeção de crescimento em 2019, de 13,0% para 15,5%”, diz o relatório. 

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Giovanna Sutto

Repórter de Finanças do InfoMoney. Escreve matérias finanças pessoais, meios de pagamentos, carreira e economia. Formada pela Cásper Líbero com pós-graduação pelo Ibmec.