Aneel aprova socorro bilionário ao setor elétrico, e a conta (com juros) será paga pelo consumidor

Aporte deve evitar aumento nas contas neste ano de eleições, mas custo será repassado à população em 2023

Estadão Conteúdo

Ilustração mostra oscilação no preço da energia elétrica

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A diretoria da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aprovou, nesta terça-feira (15), um novo empréstimo ao setor elétrico que envolverá até R$ 5,3 bilhões.

Os recursos serão usados para bancar medidas adotadas para evitar falhas no fornecimento de energia no ano passado, quando o país enfrentou uma grave escassez nos reservatórios. O socorro financeiro irá evitar um aumento expressivo nas contas de luz neste ano, mas será pago pelos consumidores a partir de 2023, com juros.

A operação foi autorizada por Medida Provisória pelo governo federal em dezembro do ano passado. O valor aprovado nesta terça está abaixo do previsto inicialmente pelo diretor-relator do processo, Efrain da Cruz, cujo teto era de R$ 5,6 bilhões.

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Os valores dos itens considerados no empréstimo, no entanto, foram revistos pela área técnica da agência reguladora durante o período em que o assunto foi submetido à consulta pública.

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Os recursos serão usados para cobrir o saldo da conta Bandeiras estimado para abril deste ano, os custos da importação de energia referente aos meses de julho e agosto de 2021, diferimentos devidos às distribuidoras de energia e o bônus para consumidores que economizaram energia no ano passado.

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O objetivo é evitar que esses custos extras sejam repassados para as contas de luz em 2022 por meio de expressivos reajustes nas tarifas, ano de eleições presidenciais.

A princípio, a agência reguladora calculou que a conta Bandeiras, que reúne recursos arrecadados via cobrança das chamadas bandeiras tarifárias, chegaria em abril deste ano com rombo de R$ 1,5 bilhão.

No cálculo final, foi considerado um déficit de R$ 540 milhões. A diferença deve-se ao início das chuvas e à melhora nos reservatórios nos últimos meses, o que permitiu que o governo reduzisse o custo e a quantidade de térmicas em uso no país. Em 2021, até as usinas mais caras foram acionadas para garantir o abastecimento.

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Os custos da importação de energia referentes aos meses de julho e agosto de 2021, que somaram R$ 800 milhões, e do bônus para consumidores que economizaram energia no ano passado, calculado em R$ 1,7 bilhão, foram mantidos.

Já os diferimentos devido às distribuidoras subiram de R$ 1,6 bilhão para R$ 2,33 bilhões, pois passaram a considerar os valores que serão repassados em processos tarifários até abril deste ano, quando está prevista a liberação do empréstimo. Segundo dados da Aneel, esse repasse para as empresas representa uma redução média de 2,69% nas tarifas em 2022.

A Medida Provisória editada pelo governo prevê ainda a possibilidade de uma segunda parte do empréstimo, que seria voltada para cobrir os custos do leilão emergencial realizado no ano passado para contratar térmicas.

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Esse valor foi estimado pela agência reguladora em até R$ 5,2 bilhões, totalizando um empréstimo de até R$ 10,5 bilhões. Mas, segundo apurou o Broadcast Energia (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado), há poucas chances de essa parcela ser liberada.

Histórico

É a quarta vez que o governo recorre a operações financeiras para conter reajustes elevados nas contas de luz ou para socorrer as empresas de distribuição. A última foi em 2020, quando o empréstimo foi autorizado para minimizar os efeitos da pandemia de Covid-19 sobre o setor — essa operação, chamada de “conta-Covid”, já está sendo paga por meio de repasses adicionais às contas de luz.

Em 2001, quando o país enfrentou um racionamento de energia, o governo inaugurou o uso desse mecanismo para permitir o pagamento de débitos das distribuidoras de forma imediata.

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Já em 2014, a chamada “conta-ACR” foi liberada para conter o repasse de gastos com termelétricas e do aumento de subsídios e descontos para grupos de interesse, mas nem assim conseguiu impedir um aumento de 50% em 2015.