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O mercado de seguros para automóveis está passando por transformações que vão muito além da precificação.
De acordo com especialistas ouvidos pelo InfoMoney, a combinação de novas tecnologias, mudanças regulatórias e demandas por sustentabilidade está redefinindo a forma como o consumidor se relaciona com a proteção do carro.
Eles explicam que o setor caminha para ser mais acessível, sustentável e conectado, aproximando-se do que o cliente realmente precisa — proteção personalizada, com a promessa de mais conveniência e clareza.
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Estimativas do setor apontam que apenas cerca de 30% da frota automotiva brasileira tenha seguro. De acordo com os dados mais recentes da Susep (Superintendência de Seguros Privados), autarquia federal que fiscaliza o setor, as seguradoras que operam no ramo arrecadaram R$ 39,87 bilhões de janeiro a agosto de 2025, montante 5,38% superior ao registrado no mesmo período de 2024, em termos nominais.
Essa linha de negócios respondeu por 42% dos prêmios (valores pagos pelos clientes às seguradoras ao contratarem os seguros) dos seguros de danos no acumulado do ano.
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Confira a seguir 6 tendências do seguro automóvel que devem ganhar força:
1. Regulamentação das APVs e novas formas de proteção
A regularização das associações de proteção veicular (APVs) pela Susep é vista como um marco importante para o mercado. O processo de regulamentação da modalidade de proteção que já atende entre 5 e 8 milhões de brasileiros começou neste ano e ainda não tem prazo para conclusão.
Para Jaime Soares, diretor executivo de Automóvel da seguradora Porto Seguro, a medida “traz mais transparência e coloca todos os players em condições mais equilibradas de competição”. Ele destaca que as APVs se tornam agora “um competidor conhecido, com regras mais claras”, o que ajuda o corretor de seguros e o consumidor a entenderem melhor o que estão contratando.
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Já Fábio Leme, diretor executivo de Personal Lines e Marketing da seguradora Zurich, avalia que o movimento pode ampliar o acesso à proteção, mas alerta: é essencial que as normas garantam igualdade de exigências entre associações e seguradoras, evitando distorções.
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2. Personalização e seguros sob medida
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Com a diversificação do perfil dos motoristas e o aumento da concorrência, cresce a oferta de produtos personalizados.
Segundo Leme, as seguradoras estão criando planos sob medida, com coberturas mais simples e assistências específicas — desde pacotes mais básicos para jovens e motoristas de baixo uso até opções mais completas que incluem serviços de conveniência, pet e residência.
“A gama de seguro automóvel existente hoje é muito grande e requer que os canais de venda expliquem isso direito aos consumidores. Esperamos que o mercado continue desenvolvendo uma prospecção mais ativa de consumidores para finalmente elevar o patamar de 30% da frota assegurada”, diz o diretor da Zurich.
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3. Carros elétricos e híbridos demandam novos modelos
A crescente frota de veículos elétricos e híbridos impõe desafios inéditos às seguradoras.
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Segundo Soares, trata-se de uma transformação definitiva: “É uma outra mecânica de regulação de sinistro e precificação — estamos aprendendo com a evolução da indústria automobilística”.
As companhias têm adaptado desde o envio de guinchos até a manutenção e o cálculo de risco, refletindo o avanço tecnológico dos carros e a necessidade de especialização técnica no atendimento.
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4. Tecnologia, IA e digitalização do seguro
Tanto Zurich quanto Porto apontam o avanço da inteligência artificial e do digital como um dos movimentos mais fortes do setor.
A IA vem sendo usada em vistorias automáticas, reconhecimento de imagens e análise de comportamento, agilizando a contratação e reduzindo fraudes.
Na Porto, por exemplo, o processo de vistoria pode ser feito por aplicativo: o sistema identifica avarias e decide se o risco será aceito. “O cliente se autosserve, o corretor ganha produtividade e o processo fica mais rápido”, resume Soares.
Além disso, a IA vem sendo treinada para combater golpes. “É uma guerra das máquinas contra as máquinas”, brinca o executivo. “Usamos tecnologia para o bem, mas também para reconhecer quando ela é usada para o mal.”
5. Sustentabilidade e economia circular ganham força
A preocupação ambiental tem avançado no setor, com iniciativas de reciclagem e descarte responsável de veículos sinistrados (afetados pela ocorrência do risco previsto no contrato, como uma batida).
A Porto opera há quase uma década a Porto Renova, sua desmontadora legal. As peças reaproveitadas são vendidas com rastreabilidade e preço mais acessível, o que reduz o incentivo ao desmonte ilegal e ao roubo de carros, segundo o diretor de Automóvel da companhia.
Na Zurich, Leme destaca o Selo Verde, desenvolvido em parceria com o Instituto da Qualidade Automotiva, que certifica oficinas que seguem práticas sustentáveis — como o manejo correto de resíduos e fluidos.
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6. Conscientização e novos hábitos de consumo
Os dois executivos concordam que há uma mudança gradual na percepção do seguro por parte do brasileiro.
Leme, da Zurich, destaca o avanço das ofertas digitais como impulsionador do interesse crescente do consumidor por proteção prática e integrada ao cotidiano (vida, celular, eletrônicos, casa, carro). Além disso, ele avalia que cresce a “consciência das pessoas sobre a importância da proteção em um cenário de riscos crescentes, como os eventos climáticos”.
Já na Porto, um dos caminhos é a nova oferta de seguro auto por assinatura, por meio da marca Azul, com pagamentos mensais e sem fidelização. “O cliente pode aderir ou cancelar a qualquer momento, mantendo a proteção do patrimônio enquanto desejar. O que constatamos é que os clientes permanecem com o seguro nesse formato por, em média, 10 meses”, observa Soares.
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