Zamp: os dois lados para a dona do BK com a compra de ativos da Starbucks no Brasil

SouthRock, em recuperação judicial, aceitou oferta não vinculante da administradora do Burger King no Brasil

Ana Paula Ribeiro

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A aquisição da operação da Starbucks no Brasil pela Zamp (ZAMP3), que opera Burger King e Popeyes no Brasil, é encarada como um negócio de “perspectivas confusas” para o Bradesco BBI. Em resumo, os analistas destacam a força da marca da rede de cafeteria, mas também colocam na balança um eventual aumento do endividamento da empresa brasileira. Por isso, a avaliação é que o negócio terá um efeito neutro para a ação da Zamp, que cai cerca de 37% em 2024.

A SouthRock, que opera a Starbucks no Brasil desde 2018 e está em recuperação judicial, aceitou a oferta não vinculante para os ativos da cafetaria no país. Os termos do negócio não foram divulgados e dependem de uma due diligence antes de uma oferta vinculativa.

A Starbucks tem 135 unidades com uma receita líquida de R$ 430 milhões. O Ebtida (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) é de R$ 45 milhões. Com isso, a Zamp chegaria a 1.569 restaurante, receita de R$ 4,27 bilhões e Ebitda de R$ 622 milhões.

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“No geral, mantemos nossa recomendação neutra para as ações até termos mais clareza sobre a potencial geração de fluxo de caixa da nova empresa e a recuperação do crescimento das vendas em todas as marcas”, avaliaram os analistas em relatório.


O Bradesco BBI destaca como positivo a estratégia que o fundo Mubadala introduziu na Zamp para acelerar o crescimento por meio de movimentos inorgânicos. Além disso, a avaliação é que a marca de consumo Starbucks é forte em nível mundial, o que poderia trazer resultados no longo prazo para Zamp, com a possibilidade da rede chegar a 950 cafeterias.

Do lado negativo, pesa as dificuldades que a Starbucks deve enfrentar em um prazo mais curto, com o cardápio mais restrito no Brasil e a percepção de preço elevado.

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Outra dúvida também é sobre o efeito da aquisição no Ebitda, já que ela viria atrelada a custos de integração, além de um eventual aumento na alavancagem da Zamp, medida pela relação entre dívida líquida e Ebitda.

“Estimamos que as operações da Starbucks Brasil poderiam ser avaliadas em R$ 250 milhões com base em um desconto médio de 15% no múltiplo EV [valor da firma]/Vendas da Zamp e no capex (investimento) orgânico para lojas de shopping, o que poderia aumentar a alavancagem da Zamp de 2,8 vezes a dívida líquida/Ebitda para 3 vezes”, considerando um cenário em que a Zamp não assume responsabilidade da SouthRock, que está em recuperação judicial (RJ).

Ana Paula Ribeiro

Jornalista colaboradora do InfoMoney