Ação da Yduqs (YDUQ3) tem disparada de 23,80% após o resultado do 1º tri: o que animou tanto os investidores?

Aumento de receita de dois dígitos, com os segmentos Premium e Digital compensando a queda na receita do Presencial, foi um dos destaques do balanço

Lara Rizério

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Resultados positivos e estimativas de ainda mais. Os números divulgados pela Yduqs (YDUQ3) na noite da última quarta-feira (10) referentes ao primeiro trimestre de 2023 (1T23) guiaram uma disparada das ações da companhia, com diversas casas de análise destacando a empresa de educação como a preferida do setor. Os ativos YDUQ3 dispararam 23,80%, a R$ 11,39, após chegarem a subir até R$ 11,63, ou alta de 26,41%, na máxima do dia.

A companhia reportou lucro líquido de R$ 149,5 milhões no primeiro trimestre de 2023 (1T23), montante 96,6% superior ao reportado no mesmo intervalo de 2022 e acima dos R$ 111,6 milhões previstos pelo consenso Refinitiv.

O lucro antes juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado totalizou R$ 484,4 milhões no 1T23, um crescimento de 21% em relação ao 1T22 e acima do consenso Refinitiv, que previa Ebitda de R$ 473,6 milhões.

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A receita líquida somou R$ 1,313 bilhão no primeiro trimestre deste ano, crescimento de 10,1% na comparação com igual etapa de 2022.

A Yduqs ainda prevê Ebitda ajustado consolidado entre R$ 371 milhões e R$ 404 milhões no segundo trimestre de 2023.

Já a projeção de investimentos é de até R$ 450 milhões no ano de 2023, montante abaixo dos R$ 492 milhões desembolsados em 2022.

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O que explica o resultado positivo da Yduqs (YDUQ3)?

A XP aponta que os destaques foram: (i) um aumento de receita de dois dígitos na base anual, com os segmentos Premium e Digital compensando a queda na receita do Presencial; (ii) a margem Ebitda em alta de 3,3 pontos percentuais (p.p.) na comparação anual, impulsionada pelo aumento contínuo da relevância do segmento Premium e pela aceleração do segmento Digital; e (iii) o índice de alavancagem estável da empresa, em 2,8 vezes, mesmo em meio a taxas de juros mais altas.

“Em nossa visão, os resultados foram sólidos e o guidance para o 2T23 aponta para uma aceleração do processo de recuperação”, avalia.

O Credit Suisse aponta resultados positivos com principal destaque para o reajuste de tickets próximo ou acima da inflação para todas as unidades de negócio, que pode indicar uma concorrência mais saudável (reajuste no presencial foi de 6% na media e para os novos alunos aumentou para 3,7%; no EAD foi de 3,2% e para novos alunos esta em 15%). Para os analistas, se as tendências atuais continuarem e a evasão não aumentar daqui para frente, a empresa pode dar início a um crescimento de receita, mesmo com as pressões no presencial. No entanto, o macro incerto pode continuar prejudicando a recuperação da base de alunos do presencial se o financiamento estudantil do governo não aumentar, pondera.

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O Bradesco BBI aponta os resultados fortes e acima das estimativas do BBI (7% acima na linha do Ebitda ajustado; 70% no lucro líquido ajustado).

Os principais destaques no trimestre para os analistas do banco foram: (i) o FCFE (fluxo de caixa ao acionista), de R$ 109 milhões (+37% em base anual) apesar do aumento de R$ 19 milhões no capex (o capex deve cair R$ 61 milhões no restante do ano); (ii) a receita cresceu 10% em base anual, com forte recuperação do ticket médio (15% em Ensino Digital impulsionado por captação via DIS, 4% em Presencial, 6,5% em Medicina), enquanto a captação caiu 19% no Ensino Presencial, mas cresceu 18% em Ensino Digital; e (iii) margem Ebitda em alta de quase 4 p.p. em base anual para 30% excluindo IFRS 16.

“Os resultados confirmam nossa visão positiva para 2023 e a recente revisão para cima nas estimativas. Reiteramos a Yduqs como nossa melhor escolha no setor de educação”, avaliam, citando o valuation, a dinâmica de ganhos e revisões para cima à frente e nenhum risco relacionado a incentivos fiscais e possível reforma tributária.

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O Itaú BBA aponta que os números foram impulsionados pelo bom desempenho de captação nos segmentos premium e digital, bem como por tendências saudáveis de preço (ticket). A base de alunos premium cresceu 15% em um ano, após um forte ciclo de captação impulsionado, principalmente, pelo forte desempenho no Ibmec em São Paulo, com um ticket 10% maior na base anual, enquanto o ticket médio da graduação em medicina aumentou 6,5% devido ao aumento do número de calouros com mensalidades mais altas e ao aumento de 11% no ticket para veteranos.

A base de alunos de graduação digital (EAD) também aumentou, decorrente de uma maior captação combinada com o bom desempenho da rematrícula, enquanto o ticket médio cresceu 15%. Já a base de alunos de graduação presencial caiu 7,4% em base anual, refletindo a menor captação. Por outro lado, o ticket médio aumentou 3,7% em um ano.

Os analistas destacam que a empresa apresentou margem bruta de 63,5%, alta de 2,5 p.p. em um ano, marcada pelo melhor desempenho operacional do segmento EAD e diluição do custo de pessoal como porcentual da receita líquido. Apesar do aumento das despesas gerais e administrativas, a empresa conseguiu apresentar alguma diluição nas despesas comerciais e de PDD (provisões para devedores duvidosos), levando o Ebitda a ficar 9% acima das suas expectativas.

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Perspectiva de crescimento

Já a expectativa de crescimento do Ebitda entre 10% e 20% contra o mesmo período do ano passado é maior do que o crescimento que os analistas do BBA esperavam. Contudo, eles seguem com recomendação “neutra” para YDUQ3, com preço-alvo de R$ 11 ao final de 2023.

O Morgan Stanley, por sua vez, assim como o BBI, reiterou a Yduqs como a sua principal opção no setor de educação.

O banco destacou os números como melhores do que o esperado por eles e o guidance para o 2T23 como encorajador. “A disciplina de preços e a forte entrega em Premium e ensino a distância mais do que compensaram o ainda fraco volume de ensino presencial. A Yduqs é a nossa principal escolha no setor educacional”, afirmam.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.