WEG (WEGE3) traz resultados sólidos, mas analistas alertam para recuo de margens; ações fecham em queda

Alta dos preços e maior investimento da companhia pressionam resultado, apesar de crescimento da receita

Vitor Azevedo

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A fabricante de motores elétricos WEG (WEGE3) divulgou no início da manhã desta quarta-feira (20) seus resultados do segundo trimestre de 2022. De maneira geral, os números vieram em linha – ou até um pouco melhores – do que aquilo que era aguardado, mas analistas também destacaram que a companhia viu seu crescimento desacelerando.

Com isso, as ações ordinárias da companhia fecharam em queda de 3,60%, a R$ 25,99. “A WEG apresentou bons resultados, em nossa visão. (…) Por outro lado, vemos a contração dos retornos como o principal fator de preocupação, o que ajuda a explicar a performance negativa das ações após a divulgação do balanço”, aponta a XP.

“Excluindo os créditos de impostos ganhos no segundo trimestre de 2021, o Ebitda ajustado cresceu 15% no ano, e 4% no trimestre”, comentam Bruno Amorim, João Frizo e Guilherme Martins, do Goldman Sachs, sobre o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização de R$ 1,25 bilhão – ante R$ 1,209 bilhão do consenso da casa.

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Do outro lado, porém, o banco americano aponta para o fato de a margem Ebitda (Ebitda sobre receita líquida) ter caído de 18,1% para 17,5% base trimestral. “A empresa destacou que incertezas e desafios na cadeia de suprimentos global, além do aumento dos custos de matéria-prima e mudanças no mix de produtos, continuam pressionando suas margens operacionais”, explicam.

Isso também fez a WEG registrar um crescimento de lucro operacional menor do que a sua média histórica. “Notamos que entre 2017 e 2019 o Ebitda cresceu em média 16% na base trimestral no segundo trimestre, contra apenas 4% em 2022”, afirmam.

O Morgan Stanley vai na mesma linha, definindo a receita, de R$ 7,1 bilhões, e a lucratividade, de cerca de R$ 913 milhões, como “resilientes”, mas também chamando a para a desaceleração que eles definem como “significativa”.

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“A empresa enfrenta bases de comparações difíceis, o que deve continuar no restante do ano. Do lado da rentabilidade, o declínio representa uma erosão modesta, considerando a pressão contínua dos custos”, dizem Josh Milberg, Jorge Lourenção e Pedro Fogetti, do Morgan.

O mesmo fator, da inflação corroendo margens, é mencionado pelo Credit Suisse, pelo Itaú BBA e pelo Bradesco BBI como o principal ponto negativo do balanço da WEG.

Todos os analistas também destacaram a questão de o retorno sobre o capital investido (ROIC, na sigla em inglês) ter recuado 2,8 pontos percentuais, para 26,9%.

“A deterioração reflete um maior capital investido, mas principalmente uma queda nos últimos doze meses do lucro operacional líquido após impostos, uma vez que um evento não recorrente vento de cauda impulsionou os resultados do segundo trimestre de 2021”, dizem Thais Cascello, Gabriel Rezende e Luiz Capistrano, do Itaú BBA. “Dado o orçamento da WEG de R$ 1,5 bilhão de capex em 2022, com R$ 1,1 bilhão no segundo semestre, e nossa expectativa de margens estáveis ​​daqui para frente, prevemos que o ROIC provavelmente continuará caindo”, completam.

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Entre os braços da empresa, por fim, analistas destacam positivamente o crescimento de 26% das vendas dos equipamentos industriais na base anual. A alta no Brasil foi de 30% suportada pelos setores de agronegócio, celulose e mineração. Lá fora, o crescimento foi de 24%, com a companhia não trazendo sinais de impactos do cenário mais desafiador e contando com um “importante aumento de receita dos negócios de ciclo curto”.

Chamou a atenção também dos analistas a performance do braço de energia, que cresceu 33% no ano, com maior demanda por equipamentos de geração de energia solar e eólica – apesar deste último braço ser apontado pelos Bradesco BBI também como um dos compressores de margem da WEG.

Do lado negativo, ficou o braço de motores, que caiu 8% no ano, com a acomodação do mercado interno, devido a uma base difícil de comparação, minimizando a melhor performance na China e no México.

O Goldman Sachs e o Morgan Stanley têm recomendações de venda para a WEG, com preços-alvos em R$ 33,20 e R$ 26, respectivamente. O Bradesco BBI tem visão neutra para a companhia, com preço-alvo de R$ 32, bem como o Itaú BBA, com preço-alvo de R$ 46. O Credit Suisse tem recomendação equivalente à compra, com preço-alvo de R$ 43, assim como a XP, com preço-alvo de R$ 45.

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