Vivo quer ser empresa de tecnologia e investir menos em infraestrutura de rede, diz CEO

Empresa quer ampliar presença em outras áreas, além dos serviços convencionais de telecomunicação

Mitchel Diniz

Christian Gebara, CEO da Vivo (Divulgação)

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Depois de desembolsar R$ 9,5 bilhões em investimentos no ano de 2022, a Vivo (VIVT3) sinaliza que a cifra representou um pico de capex para a companhia – e não deve mais se repetir.

“Eu acho que o auge de investimento na infraestrutura já passou”, afirmou Christian Gebara, CEO da Vivo, durante a comemoração de 25 anos de listagem da companhia na Bolsa brasileira.

Do total investido no ano passado, R$ 7,972 bilhões foram destinados à infraestrutura de rede. No primeiro semestre de 2023, o capex para esse fim ficou em R$ 3,468 bilhões,  dos R$ 4,039 bilhões em investimentos totais do período.

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O objetivo de reduzir aportes em infraestrutura de rede está conectado à busca da Vivo em ser reconhecida como empresa de tecnologia, não apenas uma “telco”.

“Quando você constrói a maior e mais ampla plataforma de conectividade do país, com uma cobertura móvel única, isso possibilita se posicionar como uma empresa que vende outros serviços, não só aquela que leva uma conexão”, afirma Gebara.

“Estamos nos transformando em uma empresa de tecnologia. Amanhã, pode me interessar uma aquisição de empresa de um setor muito diferente do nosso”, completou o CEO. O executivo citou aquisições recentes da Vivo, como a do market place Vale Saúde, e os investimentos da Vivo Venture, braço de venture capital da companhia, em empresas de open banking e consórcios. “Estamos mudando o espectro”.

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Fair share

Gebara explica que a relação entre investimentos e receitas das operadoras brasileiras é “mais elevada do que em qualquer outro país”. Segundo ele, o volume de recursos que as empresas precisam desembolsar para dar conta de um crescimento de 20% a 30% no tráfego de dados é incompatível com um retorno adequado ao acionista.

E não é só isso – sobra menos dinheiro para expandir a rede e levá-la a lugares onde ainda não há cobertura.

“Na rede móvel, o consumo de dados está concentrado em seis, sete grupos de tecnologia, que são responsáveis pela geração [do fluxo]. A conta tem que ser paga por mais pessoas. A gente precisa distribuir”, disse o executivo.

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Atualmente, a Vivo oferece aos seus usuários da rede móvel o uso ilimitado do aplicativo Whatsapp, de mensagens instantâneas. “Existe uma preocupação se essa gratuidade está sendo realmente benéfica ao consumidor”, afirmou, explicando que o custo dessa gratuidade é a redução da cobertura.

A Vivo e outras operadoras já enviaram sugestões à Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) para que big techs e plataformas de streaming arquem com parte dos custos das redes.

Fibra

A Vivo tem 25 milhões de domicílios passados com a rede de fibra e pretende expandi-la para que o número de residências seja ampliado para 29 milhões ainda no ano que vem.

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“A partir de 29 milhões, de 30 milhões, começam a existir alternativas: construo, compro ou uso”, afirma Gebara. O CEO admite que a companhia sempre olha para possíveis aquisições, mas ainda não encontrou um ativo que valesse a compra.

Muitas vezes, a operadora alvo da aquisição tem sobreposição com a rede da Vivo. “Cada vez a sobreposição é maior, porque a nossa rede não para de crescer”, diz o executivo. A Vivo também descarta empresas que não oferecem a mesma qualidade de conexão que a praticada pela companhia.

Gebara diz que o preço também influencia decisão. “O valor que essa empresa quer ser vendida compensa para mim ou é melhor eu fazer a própria construção? Agora também há alternativa de alugar capacidade de rede de fibra neutra”, explica.

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“Não é uma fórmula fácil, até agora não encontramos nenhum ativo, mas estamos sempre olhando”, conclui o CEO da Vivo.

Mitchel Diniz

Repórter de Mercados