Via (VIIA3): possível follow on bilionário não surpreende e outros “provavelmente virão”, dizem analistas; ação cai 4,5%

Há cerca de duas semanas, ações reagiram negativamente ao anúncio de uma assembleia que votará limite para aumento de capital

Vitor Azevedo

Megastore das Casas Bahia (Divulgação)

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O anúncio de que a Via (VIIA3) engajou bancos para realizar uma possível nova oferta de ações de ao menos R$ 1 bilhão não surpreendeu os analistas de mercado, ainda que as ações tenham registrado queda durante toda a sessão, também levando em conta o dia negativo do mercado. Na sessão, as ações da dona das Casas Bahia e Ponto fecharam em baixa de 4,51%, a R$ 1,27, acumulando queda de mais de 40% em agosto.

Há cerca de duas semanas, as mesmas ações reagiram ao fato de a companhia ter convocado uma assembleia extraordinária para o início de setembro de modo a aprovar um possível aumento do seu limite de capital. Elas chegaram a cair mais de 10% durante o dia, mas acabaram fechando com queda de 1,74% naquela sessão, do dia 15 de agosto.

A empresa, dona das marcas Casas Bahia e Ponto, propõe aumentar o seu capital autorizado para até três bilhões de ações, contra cerca de 1,6 bilhão emitidas hoje em dia. Isso abriria espaço para uma emissão de até 1,4 bilhão de papéis. Se oferecesse o máximo de ações, a Via poderia levantar até R$ 2,1 bilhões. Ao mesmo tempo, contudo, causaria uma diluição de 88% da sua base acionária.

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O número anunciado hoje, no entanto, é menor. A Via engajou Bradesco BBI, BTG Pactual, UBS, Banco Itaú BBA e o Santander Brasil S.A., bem como suas respectivas afiliadas, para a coordenação de uma potencial oferta pública no valor estimado de R$ 1 bilhão.

A reunião está agendada para acontecer nessa sexta-feira, primeiro dia de setembro, às 11h.

Na ocasião do anúncio da assembleia, o time do JP Morgan avaliou que os papéis reagiam negativamente à potencial alta diluição da base acionária. “E, neste ponto, dadas todas as mudanças do plano de reestruturação e seus riscos de execução, a visibilidade é baixa para afirmar que cerca de R$ 2 bilhões de caixa adicional seriam suficientes para lidar com os problemas de alta alavancagem”, completaram.

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Hoje, a equipe do banco americano, liderada por Joseph Giordano, foi no mesmo sentido.

“Embora provavelmente coloque pressão adicional nas ações, o anúncio não é uma surpresa, considerando que um aumento de capital potencial era algo que a administração havia sinalizado no contexto do plano de reestruturação”, apontaram.

A instituição financeira vê que o valor sugerido não resolve inteiramente os problemas de alavancagem da Via. Eles citam que a empresa tem um desconto de R$ 5,5 bilhões em recebíveis de cartão de crédito por trimestre e deve ter o seu Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, na sigla em inglês) sofrendo no curto prazo.

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A Via, vale lembrar, anunciou junto do seu resultado do segundo trimestre todo um plano de reestruturação, que conta, por exemplo, com a descontinuidade de algumas categorias e a queima de estoque – o que deve pressionar seu resultado operacional no segundo semestre.

“Dada a discussão em andamento sobre a subvenção fiscal do ICMS, os ganhos com  juros do ‘dinheiro novo’ não seriam suficientes para compensar a perda potencial da subvenção fiscal . Portanto, não ficaríamos surpresos se víssemos outro aumento de capital mais tarde, uma vez que o plano de transformação comece a mostrar resultados”, destaca o JP.

O Goldman Sachs também falou que a notícia não surpreendeu, uma vez que desde a proposta da administração solicitando autorização para aumento de capital, em 11 de agosto, as ações caíram 28% (até o fechamento da véspera), ante baixa de 0,5% do Ibovespa.

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O banco aponta que a estrutura de capital da Via tem sido um ponto focal para os investidores já há algum tempo. Com a alavancagem atingindo 4 vezes a dívida líquida/Ebitda no 2T23 (dívida líquida incluindo arrendamentos e recebíveis de cartão de crédito com desconto, Ebitda pós-IFRS 16), a capacidade da empresa de investir no negócio era limitada.

O Goldman destaca ver mérito estratégico para uma oferta potencial. “Estimamos que a entrada de caixa proposta de R$ 1 bilhão ajudaria a empresa a desalavancagem para 3,3 vezes a dívida líquida/Ebitda e proporcionaria à administração mais margem de manobra para investir nas iniciativas de transformação que podem vir com custos iniciais, como otimização das lojas e redução de despesas com pessoal, além da constituição do FIDC para custear sua carteira de recebíveis”, avalia o banco.

O Citi, por fim, definiu que o anuncio já era esperado pelo mercado. “Apesar de o endividamento não ser exatamente problemático, em R$ 3,6 bilhões no fim do segundo trimestre, os gastos financeiros totais, incluindo débitos, CDC (custo de crédito ao consumidor) e R$ 2,1 bilhões em provisões trabalhista”, fala.

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Tanto o Goldman Sachs quanto o JPMorgan possuem recomendação de venda ou equivalente à venda para os ativos VIIA3. O Citi está neutro.