Via Varejo confirma indício de fraude contábil e vê impacto bilionário; ação vai de alta de 8% para queda de 3%

A companhia estima o impacto no resultado da investigação entre R$ 1,05 bilhão a R$ 1,2 bilhão.

Lara Rizério

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SÃO PAULO – As ações da Via Varejo (VVAR3) tiveram uma reviravolta no último sinal da Bolsa na sessão desta quinta-feira (12): os papéis saíram de alta de 8,14%, a R$ 11,16 às 17h54, para fechar em queda de 3,10%, a R$ 10,00.

Confira o movimento no gráfico abaixo:

(Fonte: Bloomberg)

O movimento aconteceu  logo após a divulgação de fato relevante sobre o resultado da investigação feita por comitê de Investigação da companhia.

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A conclusão foi de que foram encontrados indícios de fraude contábil caracterizada pela manipulação da provisão trabalhista e pelo diferimento indevido na baixa de ativos e contabilização de passivos e falhas de controles internos que poderiam resultar em erros materiais em determinadas contas contábeis.

A companhia ainda estima o impacto no resultado entre R$ 1,05 bilhão a R$ 1,2 bilhão.

“A administração da companhia, tendo tomado conhecimento do quanto relatado acima, já está adotando as providências necessárias para apurar, em conjunto com seus auditores independentes, o valor total dos ajustes contábeis decorrentes do quanto revelado através da investigação”, destacou no fato relevante.

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Segundo a a dona das marcas Casas Bahia, Ponto Frio e Extra.com, em paralelo à investigação e conforme informado anteriormente em seu release de resultados do 3º trimestre de 2019, a empresa continua empenhada na condução de um trabalho de identificação de riscos e oportunidades. “Referido trabalho ainda está em andamento, porém já foram identificados determinados ajustes relevantes, da ordem de R$ 200 milhões, referentes a créditos fiscais e outras provisões”, afirmou.

O impacto combinado dos ajustes resultará em ajustes da ordem de R$ 1,2 bilhão a R$ 1,4 bilhão nos resultados do 4º trimestre de 2019, com impacto no patrimônio líquido entre R$ 800 milhões e R$ 940 milhões. Os referidos ajustes gerarão um efeito caixa no decorrer dos próximos três a quatro anos.

Também foram apurados créditos fiscais de R$ 600 milhões referentes a PIS/COFINS e ICMS, cujo reconhecimento está atualmente em validação com os auditores independentes.

A Via Varejo ainda destacou que os ajustes não impactarão o fluxo de caixa de forma adversa e relevante, assim como a condição financeira e operacional ou a capacidade de honrar compromissos. “A administração continuará priorizando o turnaround das operações da Companhia, em linha com o que vem sendo feito desde o final do 2º trimestre de 2019, buscando entregar resultados cada vez melhores e consistentes a seus investidores”.

Em 13 de novembro, os papéis tiveram uma sessão de forte volatilidade, chegando a ter queda de 9%, mas fechando em baixa de 0,99% após a notícia de investigação. Na ocasião, a empresa havia informado a  primeira fase de investigações sobre as supostas irregularidades contábeis não havia confirmado as alegações.

Impacto na companhia

Em relatório, Pedro Fagundes, analista da XP Investimentos, destacou que o montante com efeito caixa negativo na Via Varejo é na realidade de cerca de R$ 900 milhões, a ser desembolsado no intervalo de três e quatro anos – ou cerca de 6% (a valor presente) do valor de mercado da empresa.

Além disso, o valor desconsidera os ganhos de R$ 600 milhões relacionados a créditos fiscais, atualmente em avaliação (a maior parte já transitado em julgado), bem como eventuais benefícios provenientes de recuperação de impostos (estimados em cerca R$ 270 milhões). “O efeito combinado de ambos tem o potencial de anular quase a totalidade do efeito negativo no caixa”, afirma.

A investigação está relacionada a práticas da antiga gestão da companhia e faz parte da fase de ajuste pela qual a empresa passa nesse momento. “Sendo assim, continuamos acreditando que a Via Varejo apresenta hoje um perfil de governança melhor do que aquele apresentado no passado”, afirma o analista.

Veja mais:
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Assim, na avaliação de Fagundes, apesar de negativa, a notícia não altera os fundamentos da companhia para os próximos anos e nem afeta os pilares da visão construtiva para as ações da Via Varejo (confira o relatório clicando aqui). Assim, a equipe de análise tem recomendação de compra com preço-alvo de R$ 12, o que corresponde a um potencial de valorização de 20% frente o fechamento de quinta.

O Bradesco BBI aponta que as notícias são claramente negativas. “No entanto, não vemos as notícias como tendo um impacto negativo na capacidade da administração de executar a recuperação em andamento e que constitui o case de investimento da Via Varejo. Por exemplo, não vemos as notícias impactando negativamente a potencial lucratividade operacional futura da empresa. Também vemos o impacto do caixa como gerenciável”, apontam os analistas do banco. Contudo, a recomendação é neutra, dada a forte alta recente dos ativos.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.