Vendo alto risco e alto retorno, Credit eleva recomendação para Petrobras, mas aponta motivos para não indicar compra

Recomendação para os ADRs PBR da companhia foi elevada de underperform para neutra, com preço-alvo indo para US$ 10

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Maior risco, maior retorno? Com base na premissa, o Credit Suisse elevou a recomendação para os ADRs (American Depositary Receipts, na prática, os papéis da companhia negociados na Bolsa de Nova York) da Petrobras (PETR3;PETR4) PBR (equivalente aos ordinários) de  underperform (desempenho abaixo da média do mercado) para neutra. O preço-alvo do ADR foi elevado de US$ 8 para US$ 10, o que configura um potencial de valorização de 18,5% em relação ao fechamento de sexta-feira (23).

Os analistas destacam que o case de investimento da Petrobras tem sido controverso nos últimos meses e apontam que o valuation permanece extremamente descontado, assumindo preços de combustível inalterados, enquanto algumas das incertezas se dissiparam.

As menores incertezas incluem a venda da refinaria Landulpho Alves (Rlam), a nomeação de um conselho executivo técnico e o primeiro discurso do novo CEO, general Joaquim Silva e Luna, que foi recebido com ânimo pelos investidores (veja mais clicando aqui). Silva e Luna afirmou que a companhia pretende reduzir a volatilidade dos preços dos combustíveis (mudanças bruscas dos preços nas refinarias), sem desrespeitar a paridade internacional (alinhamento com os preços externos)”, afirmou. Com essas falas, Regis Cardoso e Marcelo Gumiero apontam que a nova gestão tem dado sinais de manutenção de paridade e diligência na alocação de capital.

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Também do lado otimista, a expectativa é por resultados muito fortes no primeiro trimestre de 2021.

Os analistas também possuem agora estimativa de US$ 66 o barril para o petróleo brent em 2021 e a US$ 68 o barril em 2022, mudança que leva à revisão para a projeção do lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda) de US$ 30 bilhões para US$ 39 bilhões neste ano e de US$ 32 bilhões para US$ 41 bilhões em 2022.

Com relação ao capex (investimentos em capital), os analistas não assumem nenhum aumento relativo ao plano de 2020, mas trabalham com um avanço de US$ 2 bilhões para 2022 e de US$ 4 bilhões a partir de então.

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Em um cenário de preços de combustíveis próximos ao patamar atual, assim como as outras principais variáveis, o fluxo de caixa livre para o patrimônio líquido (FCFE, na sigla em inglês) seria de US$ 17 bilhões. “O primeiro trimestre de 2021 deve marcar uma redução da dívida líquida que pode atingir US$ 5 bilhões (ou 9% do market cap) e parece razoável acreditar que dividendos podem estar a caminho”, avaliam Cardoso e Gumiero.

De acordo com os analistas, a leitura de que o mercado estava diante de um case de alto risco e alto retorno ganhou mais adeptos a partir de março e, a cada dia que se passava sem nenhuma novidade de interferência, os investidores ganhavam algum nível de confiança.

Por outro lado, a razão para os analistas seguirem neutro com o papel e não terem recomendação outperform vai na linha de que existem mais risco de baixa do que valorização.

Na avaliação dos analistas, parece razoável dizer que a política de preços ainda está em risco, a Petrobras não deve capturar por completo uma eventual alta do petróleo, riscos de capex parecem razoáveis além de parecer justo trabalhar com algum overhang (alta disponibilidade de ações da companhia no mercado) vindo das eleições de 2022 e uma eventual venda de participação pelo BNDES.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.