Vendo 2013 melhor para bancos, Credit mantém Bradesco como top pick

Analistas do banco ainda elevaram recomendação de Itaú Unibanco e BB para neutra, mas rebaixaram Santander para underperform

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Crescimento mais baixo do crédito, deterioração das margens e uma maior inadimplência marcaram os menores ganhos das instituições durante todo o ano de 2012. Já para 2013, apesar de acreditar que a tempestade ainda não passou, o Credit Suisse apontou, em relatório, elementos que tornam o investimento no setor bancário não tão negativo. 

De acordo com os analistas Marcelo Telles, Daniel Sasson e Victor Schabbel, apesar das estimativas de crescimento da economia brasileira terem caído, o PIB (Produto Interno Bruto) deve se acelerar, as instituições devem ter um maior alívio nas suas provisões financeiras e os esforços com os maiores cortes de gastos devem ser recompensados. E, caso a atividade econômica nacional dê sinais de recuperação, o governo deve diminuir a pressão sobre o setor, apontam os analistas. 

Bradesco segue como top pick 
Neste cenário, Telles, Sasson e Schabbel elevaram as recomendações para as ações do Itaú Unibanco (ITUB4) e do Banco do Brasil (BBAS3) de underperform (desempenho abaixo da média do mercado) para neutra, enquanto rebaixaram o Santander (SANB11) de neutro para underperform. Por outro lado, o Bradesco (BBDC4) segue como a top pick do setor para o banco suíço, possuindo recomendação neutra, ao ver uma boa relação risco-retorno dos papéis.

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Os analistas destacam que o desempenho do Itaú Unibanco no último ano foi um dos piores dentre os grandes em 2012. Já para o próximo ano, além das menores provisões, a equipe de análise espera um ganho de sinergia com a integração das operações da Redecard. Além disso, ao contrário do Bradesco e Banco do Brasil, o banco não tem cortado tão agressivamente as taxas de empréstimos.

Já o Banco do Brasil, com a segunda pior performance e as menores exigências de capital – em torno de R$ 12 bilhões – levaram o Credit Suisse a elevar o preço-alvo das ações BBAS3 de R$ 21,00 para R$ 24,00. Mas os analistas seguem preocupados sobre a qualidade dos novos empréstimos e o potencial impacto nas provisões.

Para o Santander, apesar das estimativas de alta das provisões líquidas, as margens financeiras devem cair. Os analistas ainda diminuíram o preço-alvo para as units para R$ 14,00, indicando que não há potencial de valorização para os ativos. Adicionalmente, apontam, o banco não deve ter maiores ganhos caso decida seguir o caminho das outras instituições e cortar as suas taxas de juros; o menor nível de lucratividade coloca o Santander numa posição competitiva mais fraca.

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Por fim, o Bradesco segue como a top pick do banco, com preço-alvo de R$ 37,00 para os ativos e negociado a múltiplos bastante atrativos. Para Telles, Sasson e Schabbel, a preferência pelas ações BBDC4 se deve a melhor posição competitiva do banco, além de ter uma habilidade maior de ver suas despesas operacionais aumentarem apenas perto da inflação. 

Veja as recomendações do Credit Suisse para as instituições financeiras:

Banco Ação Recomendação   Preço-Alvo Preço-Alvo anterior  Upside*
 Itaú Unibanco  ITUB4  Neutra  R$ 34,00 R$ 29,00  +5,85%
 Santander  SANB11  Underperform  R$ 14,00 R$ 16,00  -3,45%
 Bradesco  BBDC4  Neutra  R$ 37,00 R$ 31,00  +4,25%
 Banco do Brasil  BBAS3  Neutra  R$ 24,00 R$ 21,00  +9,54%

                           *Em relação ao fechamento da última sexta-feira (30)

Redução na lucratividade é estrutural
De acordo com os analistas, uma das questões-chave é se a redução da lucratividade dos bancos brasileiras é um fenômeno natural ou cíclico. Para eles, esta diminuição é algo estrutural, uma vez que, mesmo com as expectativas de menores provisões e com os maiores cortes de custos, ainda são esperadas menores margens de rentabilidade. 

Desenhando um cenário para os próximos meses, Telles, Sasson e Schabbel traçaram um ambiente mais otimista para a margem dos bancos, com a manutenção das taxas cobradas, e um mais pessimista, com uma queda nas taxas ao assumir uma convergência daquelas praticadas pelo Banco do Brasil (BBAS3). No cenário mais otimista, as margens subiriam apenas 1%; entretanto, no mais pessimista, a queda seria de 2,4%.

“Nós acreditamos que as margens serão afetadas pela formação de novos preços no portfólio de empréstimos a taxas mais baixas”, avaliam. Entretanto, os analistas do Credit Suisse incorporaram o cenário mais otimista, ao levar em conta menores custos e provisões. Com isso, a equipe revisou para cima as expectativas de ganhos para o setor em 7% a 8% nos próximos dois anos, com alta de 14% para o Itaú Unibanco e Bradesco e sem grandes alterações para o Banco do Brasil. Por outro lado, as estimativas foram reduzidas em 9% para o Santander. 

Entretanto, apesar da revisão para cima das estimativas deste período, o crescimento dos ganhos ainda será de um dígito no próximo ano, de 6%, avaliam. Itaú Unibanco e Bradesco lideram com expectativas de alta de 11% nos lucros, seguidos pelo Santander, com ganhos de 1,5%. Já o BB deve registrar um lucro 4% menor.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.