Vale (VALE3): ação cai quase 3% com dados de produção e vendas decepcionantes e queda do minério

Mineradora divulgou seus dados operacionais do primeiro trimestre na noite de terça-feira (18)

Felipe Moreira

Mineração da Vale em Minas Gerais (Mario Tama/Getty Images)

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Os dados de produção da mineradora Vale (VALE3) divulgados na noite da última terça-feira (18) não agradaram os analistas de mercado o que, em conjunto com uma nova queda do minério de ferro na China, levaram à queda das ações na sessão desta quarta (19). A ação fechou com baixa de 2,92%, a R$ 76,25; no mês, a baixa é de 5%. Na mínima do dia, os papéis chegaram a cair 4,48%, a R$ 75,02.

A gigante de mineração reportou uma produção de 66,8 milhões de toneladas (mt) de minério de ferro no primeiro trimestre de 2023 (1T23), 5,8% acima do mesmo trimestre do ano anterior (1T22), devido ao desempenho mais forte da importante mina S11D, no Pará, e melhores condições climáticas em Minas Gerais.

Já o volume de vendas de finos e pelotas de minério de ferro somou 45,9 milhões de toneladas no primeiro trimestre deste ano, valor 10,6% menor que o do primeiro trimestre de 2022 e 43,5% abaixo do quarto trimestre de 2022.

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Segundo relatório da XP Investimentos, os fracos embarques de finos de minério de ferro foram o principal destaque negativo sobre o desempenho operacional da mineradora no 1T23.

O Itaú também ressalta que o volume de vendas de minério de ferro ficou 2% abaixo de suas estimativas e significativamente abaixo do volume de produção de 66,8 mt (queda de 17% na base trimestral). Os volumes de níquel e cobre foram 1% e 3% mais fracos do que o esperado, respectivamente. Já os preços realizados ficaram 4% abaixo das estimativas do para o minério de ferro e 11% para as pelotas.

Em termos de lucratividade, o BBA revisou a sua estimativa de lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) de US$ 4,1 bilhões para US$ 3,7 bilhões no primeiro trimestre deste ano.

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Após os dados operacionais relatados na noite de ontem, o Morgan Stanley estima uma queda de aproximadamente 4 a 8% na estimativa de Ebitda da Vale no 1T23, abaixo do consenso de US$ 4,3 bilhões, devido a menores embarques de minério de ferro, cobre e níquel e menor preço realizado em minério de ferro e níquel. O banco americano já apontava que a ação tenha um desempenho inferior na sessão de hoje.

Já o JPMorgan acredita que os baixos volumes de vendas de minério de ferro, combinadas com uma reposição significativa, provavelmente desapontarão o mercado. Nesse sentindo, o banco disse que continua pessimista com relação ao minério de ferro e espera que a combinação de maior oferta e demanda mais fraca por aço pese sobre os preços no 2º semestre de 2023.

A produção de minério de ferro reportada pela Vale veio em linha com as estimativas do Goldman, mas as vendas reportadas ficaram 11 Mt abaixo da produção e 15% abaixo das estimativas do banco, com a Vale sugerindo que poderia desestocar esses volumes no 2º semestre de 2023.

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“A qualidade média do minério de ferro continuou a deteriorar e chegou a 61,6% no trimestre, levando a uma realização de preços com desconto em relação ao benchmark (vs. média histórica de US$ 3,3/t de prêmio)”, explicam analistas do Goldman Sachs. “As vendas de metais básicos (principalmente cobre, em -25% versus estimativas do Goldman Sachs) também foram mais fracas do que o esperado.” O banco também apontava uma reação negativa do mercado.

No geral, o Credit Suisse classificou os volumes de produção de minério de ferro da Vale como sólidos, enquanto o trade-off entre menores embarques do Sistema Norte e maiores volumes nos Sistemas Sudeste e Sul já deve estar na mira dos investidores.

Os dados da Secex do 1T23 apontavam para uma queda de 8% na base anual nos embarques de minério de ferro via Terminal de Ponta da Madeira, enquanto os embarques de IO dos portos de Itaguaí e Vitória aumentaram cerca de 20% na base anual. “No entanto, o pior mix de vendas levou a uma realização de preço mais fraca, e esperam que isso influencie as ações na sessão de negociação desta quarta”, também comentaram os analistas do Credit Suisse.

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O Credit Suisse acredita que a avaliação da Vale ainda é atraente, já que a empresa está sendo negociada atualmente a 3,3 vezes EV/Ebitda (EV = enterprise value, ou valor de mercado + dívida líquida”; Ebitda = lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) contra 5 vezes dos seus pares australianos. Com isso, o banco suíço mantém avaliação outperform (desempenho acima da média do mercado, equivalente à compra) e preço-alvo de US$ 25,50. O BBA reitera classificação outperform e preço-alvo de US$ 18. O Morgan Stanley também mantém recomendação equivalente à compra e preço-alvo de US$ 19.