Vale: resultado mais uma vez positivo com salto de 2.220% do lucro – mas balanço não deve ser catalisador para ação

Analistas veem números sólidos, mas já precificados; contudo, visão segue positiva para ativos, com perspectiva para minério, recompra de ações e dividendos

Lara Rizério

(Divulgação)

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SÃO PAULO – Por mais um trimestre, resultados fortes, mas que não devem ser um grande catalisador para as ações.

Com números divulgados na noite da última segunda-feira (27), a mineradora Vale (VALE3) registrou um lucro líquido de US$ 5,546 bilhões no primeiro trimestre de 2021, uma alta de 2.220% em relação ao resultado de US$ 239 milhões obtido no mesmo período do ano passado. O resultado também cresceu de forma significativa em relação ao trimestre anterior, quando a empresa registrou ganhos de US$ 739 milhões.

Mesmo com os números bastante expressivos, no início da sessão desta terça-feira, os ativos abriram com ganhos de 0,10%, a R$ 108,68.

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No release de resultados, a companhia também informou ter gerado fluxo de caixa livre de mais de US$ 5,8 bilhões entre janeiro e março. Uma das maiores produtoras globais de minério de ferro, a empresa teve um lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado de US$ 8,35 bilhões entre janeiro e março, ante US$ 2,882 bilhões um ano antes. Este resultado também veio em linha com as estimativas de analistas.

No documento do balanço, o presidente da companhia, Eduardo Bartolomeo, afirmou estar confiante de que os resultados financeiros refletem a consistência da mineradora no cumprimento das promessas de redução de riscos da Vale.

No comunicado, o executivo destacou a entrada em vigor do acordo referente à tragédia de Brumadinho, em Minas Gerais, e o processo de recompra de ações feito recentemente pela companhia recentemente como pontos favoráveis.

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A produção de minério de ferro da Vale atingiu 68 milhões de toneladas no primeiro trimestre de 2021, uma alta de 14,2% em relação ao igual período do ano passado, conforme relatório de produção divulgado ao mercado no último dia 19.

A Vale destacou, na ocasião, que avançou em seu plano de estabilização e retomada operacional. Na comparação com o trimestre imediatamente anterior houve queda de 19,5% no volume produzido pela mineradora, diferença comum por questão sazonal. O crescimento no comparativo anual é atribuído à retomada gradual das operações paradas nos complexos Timbopeba, Fábrica e Vargem Grande; ao melhor desempenho em Serra Norte e menor volume de chuvas em janeiro de 2021; ao aumento das compras de terceiros; e ao reinício das operações em Serra Leste, no Sistema Norte.

Após a divulgação do relatório de produção, o mercado reafirmou a confiança de que a Vale atinja sua projeção de produção de minério de ferro em 2021, estimado no intervalo de 315 milhões a 335 milhões de toneladas.

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De acordo com a XP, a Vale reportou resultados fortes no primeiro trimestre, mas avalia que o número já está precificado após o relatório de produção.

O Ebitda ajustado proforma ficou em US$ 8,5 bilhões, (que exclui despesas de Brumadinho e doações relacionadas à Covid-19 de US$ 117 milhões). Esses números mais fortes foram resultado de preços realizados mais altos (US$ 155,50 por tonelada, alta de 20% na base trimestral e 1% acima da expectativa da XP). O fluxo de caixa operacional foi de US$ 5,9 bilhões devido ao forte Ebitda e à melhora no capital de giro.

O Itaú BBA, por sua vez, destacou que o Ebitda ajustado ficou 2% acima de sua estimativa e 2% abaixo do consenso do mercado. Os preços mais altos do minério de ferro, apontam os analistas,  foram compensados por volumes mais baixos.

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Além disso, destacam que os preços da commodity darão suporte a resultados mais fortes até o segundo semestre de 2021.O Itaú BBA mantém recomendação outperform, e preço-alvo para 2021 em US$ 20 para os ADRs (American Depositary Receipts) da Vale.

O Bradesco BBI afirma que o Ebitda recorrente da Vale ficou 3% acima de sua estimativa e 2% abaixo daquela do mercado. Os custos por tonelada ficaram levemente abaixo de sua estimativa, e a realização do preço, em linha. O Ebitda da divisão de metais de base, de US$ 1 bilhão ficou 7% acima de sua estimativa, impulsionado por uma realização de preços do cobre mais forte.

O banco avalia que os resultados foram sólidos, de forma geral, mas que não devem impulsionar fortemente as ações.

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Para os analistas do BBI, o programa de recompra de ações deverá continuar apoiando o valor dos papéis: os ativos VALE3, até o fechamento da véspera, já avançaram 35% em 2021. A companhia anunciou no início de abril um programa de recompra limitado a 270 milhões de ações ordinárias e seus respectivos ADRs. O volume representa até 5,3% do número total de ações em circulação, com base na composição acionária de 28 de fevereiro de 2021.

“O programa de recompra continuará fornecendo suporte às ações, enquanto os preços persistentemente altos do minério de ferro implicam em uma significativa geração de fluxo de caixa livre ainda não refletida no patrimônio da Vale”, apontam. O Bradesco BBI reafirma a avaliação em outperform da mineradora, com preço-alvo de US$ 25 para os papéis VALE, alta de 25% frente o valor de US$ 19,95 de fechamento na segunda.

A XP também reitera a recomendação de compra (com preço-alvo de R$ 122 por ação) e espera um bom pagamento de dividendos para 2021. Os analistas Yuri Pereira e Thales Carmo destacam que a ação está descontada, com os papéis da mineradora sendo negociados a um múltiplo de 3,4 vezes o valor da empresa sobre o Ebitda esperado pra 2021, contra pares globais negociados entre 5 e 5,5 vezes.

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“Em nossa opinião, a Vale deve negociar com prêmio em relação aos pares em (1) mudanças estruturais no setor de siderurgia na China (taxas de utilização mais altas) em favor de prêmios de qualidade e, portanto, dos produtos da Vale, (2) tendência de queda de custos no longo prazo com a retomada das operações e (3) dividendos elevados”, apontam.

Para 2021, os analistas da XP esperam um retorno mínimo com dividendos de 6%, considerando um minério de ferro médio de US$ 135 a tonelada em 2021.

(com Estadão Conteúdo)

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.