Vale, CSN e mais: por que as ações subiram até 5% em dia de aversão a risco na B3?

Visão de impacto limitado e noticiário positivo vindo da China para o minério levam a alta das ações do setor

Lara Rizério Agências de notícias

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Enquanto o dia foi de aversão ao risco para o mercado brasileiro em geral após as tarifas de 50% do governo dos EUA impostas ao país, algumas ações que compõem o Ibovespa ganharam destaque com forte alta dos ativos.

O grande destaque setorial ficou com as ações de mineração e siderurgia, caso de CSN (CSNA3), CSN Mineração (CMIN3), Vale (VALE3), Bradespar (BRAP4) e Usiminas (USIM5), com ganhos entre 2% e 5%. Gerdau (GGBR4) teve ganhos mais modestos, mas ainda assim fechou em alta (veja mais na tabela abaixo):

Confira os destaques de alta do Ibovespa no fechamento:

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AtivoPreçoVariação
CSNA38,335,04%
GGBR416,880,54%
CMIN35,162,99%
VALE355,282,29%
BRAP416,552,41%
USIM54,321,89%
GOAU49,460,53%

Alguns pontos explicam essa reação positiva do mercado.

Uma delas, conforme aponta a XP, é que vê impactos diretos limitados dessa tarifação para o setor, com exposição de receita variando entre 0% e 4%.

CSN, CBA e Vale são as empresas com maior exposição (ainda que em níveis baixos), enquanto Aura (AURA33; pela exposição ao ouro) e Gerdau (dada sua exposição doméstica ao mercado de aço nos EUA) devem ser as menos impactadas.

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Além disso, essas tarifas seriam aplicadas sobre todas as tarifas setoriais existentes, o que significa que commodities já cobertas pela Seção 232 (como aço e alumínio) podem enfrentar tarifas combinadas de até cerca de 100%.

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“Acreditamos que os principais riscos agora decorrem dos efeitos da tarifa sobre o real e sobre a percepção de risco no geral”, apontam os analistas. Assim, o fator de valorização do dólar frente o real em meio à aversão a risco do mercado brasileiro, com a divisa chegando a superar os R$ 5,60 na abertura do pregão, acaba por ser um ingrediente positivo para o setor.

Fora isso, o noticiário do setor é positivo, o que anima as ações. Os contratos futuros de minério de ferro subiram pela terceira sessão consecutiva nesta quinta-feira, atingindo máximas de vários meses, com a esperança de uma nova onda de reformas para controlar a oferta de aço e mais medidas de estímulo por parte da China, maior mercado consumidor de minério, o que impulsionou o sentimento do mercado.

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O contrato mais negociado de setembro do minério de ferro na Bolsa de Mercadorias de Dalian da China encerrou as negociações do dia com alta de 3,67%, a 763,5 iuanes (US$106,39) a tonelada, uma máxima de três meses. O minério de ferro de referência de agosto na Bolsa de Cingapura subiu 3,41%, para US$99,35 a tonelada, o maior valor desde 22 de maio.

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A alta foi impulsionada principalmente pela expectativa de reforma do lado da oferta no setor siderúrgico, o que beneficiou os preços, disse um analista baseado em Xangai, sob condição de anonimato por não estar autorizado a falar com a imprensa.

O chefe do planejamento estatal disse na quarta-feira que o tamanho da economia da China ultrapassará 140 trilhões de iuanes este ano, apesar da prolongada guerra comercial com os Estados Unidos e das persistentes pressões deflacionárias.

Isso de certa forma alimentou as esperanças de que “mais estímulos sejam lançados na reunião de alto nível no final deste mês”, disseram os analistas da corretora Yongan Futures.

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Além disso, “o minério de ferro se beneficiou da rápida recuperação do mercado de carvão, impulsionada pelas expectativas de reforma do lado da oferta”, disse Pei Hao, analista da corretora internacional Freight Investor Services.

(com Reuters)

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.