Usiminas (USIM5) projeta custos e investimentos atípicos em 2023 por conta de reforma de forno

Siderúrgica se prepara para realizar reforma em um dos seus altos fornos da planta de Ipatinga a partir de abril, o que deve impactar resultados em 2023

Vitor Azevedo

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A Usiminas (USIM5) realizou na manhã desta sexta-feira (10) sua teleconferência com analistas, após divulgar, mais cedo, seus resultados do quarto trimestre de 2022. Como destaque, ficaram os comentários dos executivos sobre os investimentos previstos pela companhia para este ano, bem como para as projeções de gastos, que devem ser “atípicos”.

A siderúrgica se prepara para realizar reforma em um dos seus altos fornos da planta de Ipatinga a partir de abril, o que deve impactar seus resultados em 2023 – tanto do lado dos custos quanto nos investimentos.

“O capex [investimento em capital] foi uma surpresa negativa para os investidores, que estavam mais otimistas com as perspectivas de geração de fluxo de caixa livre da empresa. Do lado positivo, a empresa fechou 2022 com quase metade do volume de placas necessário para sua parada de manutenção em abril”, comentaram os analistas do Itaú BBA, em relatório.

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Outros bancos, como o Morgan Stanley e o Santander, também destacaram o aumento das projeções de investimentos em suas análises. “A Usiminas superou estimativas, mas anunciou capex acima do esperado para 2023”, diz o Bradesco BBI.

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Por volta das 12h (horário de Brasília), as ações preferenciais série A da Usiminas recuam 0,50%, negociadas a R$ 7,39.

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“É importante salientar que, além do Alto Forno 3, há outros investimentos relevantes na planta de Ipatinga, que ocorrem de forma paralela. Na acearia e na coqueria, por exemplo, teremos um investimento de R$ 500 milhões. Isso trouxe o aumento de Capex de siderurgia. Aproveitamos as paradas para realizar outras atividades”, explicou Thiago Resende, diretor financeiro da companhia.

A Usiminas pretende chegar até abril com um estoque de 450 mil toneladas em placas de aço, tendo fechado dezembro já com 350 mil toneladas, para compensar a interrupção na produção.

“Não enxergamos hoje problema nenhum com a nossa preparação para a paralisação do Alto Forno 3”, comentou Miguel Camejo, diretor comercial. “Estoque está sendo formado por outros fornos, em funcionamento em Ipatinga, e por compra de terceiros, sendo que o preço está volátil”.

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A Usiminas afirma que a situação de caixa, em meio aos investimentos, deve ter um momento mais pressionado entre o segundo e o terceiro trimestre deste ano.

“Quando retornarmos o uso do forno e consumirmos as placas que foram a estoque, teremos, porém, mudança no ciclo de capital de giro. Com a geração de caixa e redução de capital de giro, conseguimos sustentar a necessidade de caixa”, comentou o diretor financeiro. “Não teremos caixa mínimo. Vemos que não precisamos. A alavancagem deve subir um pouco, mas não nos preocupa”.

A metalúrgica espera registrar, com o fim da reforma do alto forno no fim do ano,  um salto de produtividade de até 20%

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“Será um ano atípico para Usiminas, por conta da reforma do Alto Forno, mas teremos melhoras a partir do final do ano”, defendeu Resende.

Quanto ao lado operacional, a maioria dos analistas definiu o quarto trimestre como “fraco”, mas acima das expectativas.

“A Usiminas reportou Ebitda [lucro antes de juros, taxas, depreciação e amortização, na sigla em inglês] ajustado de R$ 579 milhões no quarto trimestre de 2022. Embora 18% acima de nossa estimativa, de R$ 490 milhões, o número caiu 31% no trimestre devido a tendências mais fracas no negócio de aço”, define o BBA, mencionando o recuo do preço do aço. “O trimestre foi fraco, mas nós e o consenso esperávamos algo pior. Por causa disso, podemos ver uma reação positiva”, fala o JPMorgan.

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Para as projeções de mercado em 2023, a Usiminas fala que vem conseguindo repassar custos, apesar das dificuldades, por conta dos desafios enfrentados por todo o setor em meio a alta do minério e do carvão. A companhia, de qualquer forma, diz que focará em mercados mais rentáveis e em desenvolver valor aos produtos.

“Nossas exportações estarão focadas em mercados mais rentáveis. Enxergamos os níveis de exportações estáveis, por enquanto, na comparação com os últimos trimestres. No Brasil, estamos focados em soluções, em produtos com mais valor agregado. O setor deve crescer de acordo com as estimativas da Aço Brasil, que espera crescimento de 1,5% no ano”, falou Camejo.

O Itaú BBA tem recomendação de market perform (desempenho em linha com a média do mercado, equivalente a neutro) para as ações preferenciais série A da Usiminas, com preço-alvo em R$ 8, com potencial de 8% frente ao preço de fechamento da véspera. O Morgan Stanley vai no mesmo caminho, com preço-alvo em R$ 9, com potencial de alta de 21%, bem como o Santander, que também tem alvo em R$ 9. O BBI tem recomendação outperform (equivalente a compra), com preço-alvo em R$ 10, potencial de alta de 35%.