Usiminas (USIM5): analistas têm visões diversas sobre resultado, enquanto monitoram alta de custos; ações caem quase 5%

Alta do volume de venda do minério de ferro é destacada como positiva; em teleconferência, executivos destacaram iniciativas para diminuir custos

Lara Rizério

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Resultados bons e perspectivas positivas, números como um todo negativos ou dados satisfatórios, mas com incerteza elevada? As avaliações sobre o balanço da Usiminas (USIM5), divulgado nesta sexta-feira (29) antes da abertura do mercado, foram as mais diversas. As ações, por sua vez, registraram forte queda, de 4,76%, a R$ 8,61, também em um dia negativo para os preços das commodities metálicas com sinais de que a China seguirá com a política de “Covid-zero”.

O Goldman Sachs ressalta que o lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) recorrente da Usiminas no trimestre, de R$ 1,9 bilhão, ficou 8% abaixo da projeção do banco, mas 13% acima do consenso da Bloomberg.

“Os resultados operacionais foram bons e ficamos satisfeitos em ver o preço realizado do aço aumentando 16% na base trimestral e refletindo o aumento dos preços de automóveis”, avaliam os analistas do banco.

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Além disso, viram com bons olhos a melhora operacional da divisão de minério de ferro, com o volume de vendas se recuperando das baixas do 1T21 e crescendo 16% na base anual e 48% na trimestral. O Ebitda de mineração de R$ 385 milhões ficou em linha com a projeção da casa, embora os preços realizados tenham ficado 19% acima das suas expectativas, seguido por um custo caixa também mais alto por tonelada (11% superior àa projeção do Goldman).

Do lado negativo, a geração de fluxo de caixa livre no trimestre foi próxima de zero devido ao forte consumo de capital de giro de R$ 1,2 bilhão (estoques mais precificados).

No futuro, contudo, o Goldman avalia que a atenção dos investidores se voltará para a possível pressão sobre os preços do aço devido à fraqueza contínua da demanda e à recente queda nos preços internacionais, bem como por conta da pressão de custos decorrente de matérias-primas ainda altas.

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Em conversas com investidores, os analistas do banco apontam que o impulso negativo de ganhos e a falta de catalisadores positivos reduziram o apetite para investir nas ações. Contudo, os ativos ainda contam com recomendação de compra pela casa, com preço-alvo de R$ 18, ou potencial de valorização de 99% frente o fechamento da véspera.

Para o Bradesco BBI, os números do segundo trimestre ficaram em linha com as suas estimativas, com destaques positivos sendo os embarques domésticos acima do esperado, que saltaram 9% no trimestre e os preços do aço doméstico realizados, que aumentaram 16% sequencialmente. “Dito isso, a Usiminas conseguiu recuperar as margens no trimestre”, avalia.

Olhando para o futuro, os analistas do banco esperam que o Ebitda e as margens comprimam ligeiramente nos próximos trimestres, principalmente porque os custos devem permanecer elevados, enquanto os preços realizados podem diminuir, devido aos recentes descontos no canal de distribuição.

“No entanto, também vemos espaço para os preços internacionais do aço se recuperarem ao longo do segundo semestre do ano, impulsionados pela China (ainda que não de forma linear), o que daria suporte aos preços domésticos (potencialmente no quarto trimestre) e também melhoraria o humor do mercado, dando suporte às ações da Usiminas”, aponta. Também vendo as ações USIM5 a preços bem descontados, o BBI tem recomendação equivalente à compra (outperform, ou desempenho acima da média do mercado) para USIM5, com preço-alvo de R$ 20 (potencial de valorização de 121%).

Já o Itaú BBA destacou os números apresentados no trimestre como negativos, com Ebitda 6% abaixo da sua estimativa, ainda que 24% acima na comparação com o 1T22.

“Os resultados foram auxiliados por aumentos sequenciais nos volumes e preços domésticos de aço e um aumento nos embarques consolidados de minério de ferro, que mais do que compensaram menores volumes de exportação de aço e piora na realização de preços de minério de ferro”, avaliam.

A Usiminas também forneceu guidance de volumes de aço no 3T22 (queda de 8% na base trimestral) e anunciou o reinício do alto-forno 2 em Ipatinga até outubro. A empresa divulgou que suas coquerias devem estar em plena operação apenas no segundo semestre de 2023, impactando negativamente os custos, segundo o BBA. Assim, maiores compras de coque (combustível gerado a partir do carvão mineral e utilizado como redutor do minério de ferro nos altos-fornos siderúrgicos) de terceiros são esperadas.

O BBA viu os números como abaixo do esperado, mas seguem com recomendação outperform para os ativos, com preço-alvo de R$ 17, ou potencial de alta de 88%.

Sem desaceleração do consumo

Em teleconferência de resultados, Miguel Camejo, diretor comercial da siderúrgica, disse que a demanda brasileira por aço no segundo semestre mostra sinais de estabilidade, apesar da volatilidade e incertezas no exterior.

“Estamos observando certa estabilidade no consumo e demanda no mercado interno”, disse o executivo. “É algo positivo considerando o cenário internacional e derivado do próprio comportamento e resiliência de muitos setores industriais no Brasil”, acrescentou.

Enquanto isso, o diretor financeiro da Usiminas, Thiago Rodrigues, disse que a estrutura de custos de insumos da empresa, que inclui carvão e minério de ferro, deve se manter no terceiro trimestre basicamente a mesma do segundo trimestre, uma vez que a empresa ainda vai laminar placas de aço compradas anteriormente de terceiros a preços maiores.

Carlos Rezzonico, CEO de Mineração, afirmou ainda que “os custos, em princípio, vão se manter no patamar atual; estamos trabalhando na redução de custos, mas as ações que vamos implementar não podem ser no curto prazo. Vai depender também do custo do combustível, porque na mineração a movimentação de material é um dos maiores custos”.

Sobre dividendos, Tiago Rodrigues, Vice-presidente de Finanças e Relações com Investidores, apontou que a companhia não prevê pagamentos relativos ao primeiro semestre de 2022. Ele ainda disse que a empresa vai “aguardar o resultado do ano para definir proventos aos acionistas”.

(com Reuters)

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.