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O PL da Dosimetria foi aprovado na madrugada desta quarta-feira (10) horas após um tumulto na Câmara dos Deputados que envolveu a retirada compulsória do deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) do plenário e o cerceamento do trabalho da imprensa, incluindo agressões. A confusão interrompeu a sessão e levou ao desligamento do sinal da TV Câmara, em uma decisão inédita na Casa que foi criticada por entidades de imprensa.
A crise começou quando Braga ocupou a cadeira da presidência após saber que seu processo de cassação seria pautado. O deputado permaneceu no local por cerca de uma hora e declarou que não iria se retirar. A Polícia Legislativa foi acionada e o removeu à força, em meio a tentativas de aliados de impedir a ação. Parlamentares relataram agressões durante a retirada.
O procedimento ocorreu longe das câmeras. Jornalistas foram expulsos do plenário e das galerias por policiais legislativos, que também cortaram o acesso visual ao momento da intervenção. Apenas deputados transmitiram imagens por celulares. No Salão Verde, onde repórteres aguardavam uma fala de Braga, agentes abriram passagem de maneira brusca, com empurrões, puxões e agressões físicas. A repórter Carolina Nogueira, do UOL, teve o pescoço pressionado por um policial ao ser empurrada para trás. Profissionais de outros veículos também relataram violência.
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As entidades representativas da imprensa reagiram. Fenaj, SJPDF, Abraji, ANJ, Abert e Aner divulgaram notas criticando o corte de transmissão, a retirada da imprensa e as agressões durante a ação da polícia legislativa. Os grupos classificaram o episódio como incompatível com a liberdade de imprensa e cobraram apuração de responsabilidades. Segundo as associações, o impedimento ao trabalho jornalístico e o desligamento do sinal violam garantias constitucionais e não podem ser normalizados.
A Câmara também foi questionada sobre a cadeia de comando na operação. A assessoria do presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), não respondeu quem determinou o fechamento do plenário à imprensa e o corte do sinal. Nas redes, Motta disse ter pedido investigação de “possíveis excessos”, afirmando que sua obrigação é proteger o Parlamento e alegando que se pautou em protocolos de segurança e no regimento interno.
Parlamentares de esquerda afirmaram que também foram agredidos e registraram boletins de ocorrência.
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“Por que não foram truculentos quando deputados bolsonaristas ocuparam a Mesa Diretora?”, questionou o deputado Zé Guimarães (PT-CE), líder do governo.
Já Lindbergh Farias (PT-RJ) condenou a condução da Casa: “O presidente conduz os trabalhos de forma temerária, cedendo às pressões da extrema-direita e impondo pautas completamente alienadas das necessidades do povo brasileiro.”
Na oposição, Nikolas Ferreira (PL-MG) comemorou a retirada de Glauber: “A gente não teve isso, por quê? Porque foi tudo pacífico”, afirmou, sem citar supostos atos de violência cometidos por Braga.
Já Kim Kataguiri (União-SP) postou um vídeo dizendo: “O que mais posso dizer? Estou feliz.”