Publicidade
Apesar de não ter sido anunciado um acordo, o encontro entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente americano Donald Trump em Kuala Lumpur no último domingo deve gerar repercussão positiva para os mercados, devido ao tom amistoso da reunião. A expectativa de desbloqueio de um acordo comercial e revisão das tarifas de 50% sobre produtos brasileiros pode reduzir incertezas para investidores e estimular negociações entre empresas dos dois países.
A reunião, de cerca de 50 minutos, foi descrita pelo ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, como “positiva e descontraída”, e abriu o que o chanceler chamou de “fase prática das negociações”. Lula disse que a conversa com Trump foi “surpreendentemente boa”. Trump, por sua vez, disse que os EUA estão abertos a “avançar rápido na discussão”.

Brasil e EUA não chegam a acordo sobre tarifaço e terão nova rodada de reuniões
Segundo o chanceler Mauro Vieira, os dois países concordaram com um cronograma de negociação

Lula diz que Trump “garantiu” acordo comercial com os EUA
Lula afirmou na Malásia que suas discussões com Trump foram bem e que um acordo será alcançado “mais rápido do que se imagina”
Segundo Ricardo Trevisan Gallo, CEO da Gravus Capital, o encontro entre Lula e Trump é uma oportunidade para reduzir a volatilidade e custos sobre exportadores, mas não garante resultados automáticos. O sucesso dependerá de negociações técnicas bem estruturadas, incluindo rodadas imediatas, carve-outs setoriais e faseamento das tarifas.
Aproveite a alta da Bolsa!
Se avançarem de forma crível, os mercados podem registrar apreciação do real, queda de yields de curto e médio prazo, alta setorial no Ibovespa e retorno de fluxo estrangeiro. O efeito dependerá da credibilidade do acordo e clareza do roadmap; caso contrário, a incerteza permanecerá sobre ativos e investimentos.
Para José Cassiolato, estrategista da Vitrix Capital, embora ainda não se observem impactos imediatos em setores específicos, projeta-se que o eventual alívio das tarifas possa levar à valorização de empresas brasileiras, permitindo a recuperação de parte do prejuízo aferido no momento do anúncio das tarifas.
Do ponto de vista eleitoral, Cassiolato comenta que o desenvolvimento configura mais um passo que fortalece a candidatura de Lula para as eleições de 2026, com potenciais repercussões para o mercado, tanto em termos de expectativas sobre a gestão da política fiscal quanto da trajetória da política monetária.
Continua depois da publicidade
Já a 4intelligence, ex-LCA, pontua que “o encontro entre Lula e Trump tende a ser um episódio positivo para o presidente brasileiro, mostrando flexibilidade e pragmatismo diante do eleitorado, que apoiava a negociação com os EUA”.
A análise destaca que, embora ainda não se saiba se haverá ações concretas para reduzir tarifas ou sanções, “Trump parece decidido a resolver os atritos com o Brasil, abrindo caminho para que tanto Lula quanto ele possam ‘cantar vitória’”.