Tokens de renda fixa: como funcionam os ativos digitais imunes ao “inverno cripto”

Tokens do tipo podem entregar um retorno anualizado de 17% a 19% - ou cerca de 1,5% ao mês

Paulo Barros

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Criptoativos são famosos por sua volatilidade, mas nem todos são assim. Em meio a um “inverno” que já dura pelo menos nove meses nesse mercado, ganha tração um novo tipo de ativo digital que tem propriedades mais parecidas com a de produtos de renda fixa – em vez de altos ganhos, eles focam em um retorno menor, porém garantidos, segundo taxas pré-fixadas.

Os chamados tokens de renda fixa – ou criptos de renda fixa – são ativos emitidos em blockchain e que são lastreados em investimentos normalmente comercializados no mercado financeiro tradicional. Eles vêm atraindo consumidores por levarem para o varejo produtos normalmente disponíveis apenas para investidores qualificados, como os Fundos de Investimentos em Direitos Creditórios (FIDC) – e por um preço baixo.

Existem tokens de recebíveis, precatórios, consórcios e até energia. Por meio da tecnologia que surgiu com o Bitcoin (BTC), empresas do setor eliminam intermediários e reduzem custos de emissão, resultando em captação maior para o emitente, assim como em taxas mais atrativas para o comprador.

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“A gente tira um direito creditório de um FIDC e tokeniza. Um título de R$ 100 mil, por exemplo, é vendido por R$ 90 mil e quem comprou uma fração desse título através do token, na hora que ele for pago em R$ 100 mil, recebe proporcionalmente à quantidade de tokens [adquirida]. Ele teria então um lucro de 10%”, explica Daniel Coquieri, CEO da Liqi, startup especializada em ativos dessa categoria, em entrevista ao Cripto+ (veja na íntegra no player acima).

Este, no entanto, é só um exemplo, já que tokens do tipo podem ter um retorno anualizado de 17% a 19% – ou cerca de 1,5% ao mês. Como funcionam em contratos inteligentes, os ativos têm regras de pagamento gravadas na blockchain, e as informações podem ser consultadas publicamente – inclusive o valor ao longo tempo, com o ganho de juros atualizado em tempo real.

Nesse segmento, é comum ver, por exemplo, a comercialização de tokens que representam a fatia de um contrato de aluguel de uma determinada empresa. Quem assinou o contrato antecipa o valor junto aos investidores, que, por sua vez, podem participar de uma captação normalmente indisponível para usuários comuns de varejo, ganhando um prêmio atrativo pela operação.

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Prós e contras

Os pontos positivos do token de renda fixa vão além do ganho maior na comparação com a renda fixa convencional. Um deles é sua acessibilidade, já que é possível começar com pouco. A MB Assets, da holding 2TM, permite investimento a partir de R$ 100. Já na Liqi, é possível comprar tokens a partir de R$ 25.

Por outro lado, há algumas desvantagens que o investidor precisa levar em conta. A primeira delas é que tokens de renda fixa também não são protegidos pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC).

Além diso, o mercado secundário para tokens do tipo ainda é escasso ou inexistente, o que praticamente obriga o investidor a manter o ativo até o vencimento do título digital.

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“Por isso a gente vem emitindo tokens de prazo curto, de 40, 60, 90 dias”, conta Coquieri. No entanto, para o executivo da Liqi, startup investida pela Kinea Ventures, do Itaú, é questão de tempo até que o mercado amadureça e crie mercados secundários para tokens como esses.

A Comissão de Valores Mobiliários já está testando projetos do tipo no âmbito do sandbox regulatório, um ambiente controlado com regras próprias. A primeira tokenizadora reconhecida pela CVM, a QR Vórtx Tokenizadora, já emitiu tokens de FIDCs de maneira regular.

Empresas como Liqi e MB Tokens operam em uma zona cinzenta e, por isso, requerem do investidor mais cuidado na hora de escolher os ativos – como, por exemplo, fazer uma pesquisa própria a respeito da empresa que está por trás da emissão.

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“Não é uma operação garantida pelo FGC, então é importante o investidor entender o risco que ele está comprando. No final, é um risco de crédito, de quem vai pagar o token”, explica o CEO da Liqi.

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Paulo Barros

Editor de Investimentos