Taesa e Unipar pretendem manter políticas de dividendos, apesar da proposta de mudança no IR

CEOs das duas companhias - premiadas no evento Melhores da Bolsa 2021, promovido pelo InfoMoney - falaram dos desafios durante a pandemia e daqui por diante

Mariana Segala

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SÃO PAULO – Duas empresas consideradas boas pagadoras de dividendos, a Taesa e a Unipar pretendem manter suas políticas de distribuição de proventos, apesar da discussão em torno da proposta de mudança no Imposto de Renda. O governo pretende passar a taxar a distribuição de dividendos a uma alíquota de 20%, conforme projeto de lei enviado ao Congresso Nacional na última semana.

“Se for algo estrutural, afetará todos os setores de forma uniforme, o mercado acaba acomodando. Nós, muito provavelmente, vamos conseguir reverter parte do impacto internamente, buscando eficiência. Sempre tivemos uma disciplina financeira muito forte”, disse André Moreira, CEO da Taesa, que atua no segmento de transmissão de energia, em mesa redonda no evento Melhores da Bolsa 2021, promovido pelo InfoMoney e pelo Stock Pickers.

Maurício Russomano, CEO da Unipar, prevê o mesmo para a empresa, que atua no setor químico. “Nossa política ficará inalterada. Distribuímos 25% lucro líquido e temos, de tempos em tempos, pagamentos excepcionais, como o que acabamos de anunciar, de R$ 250 milhões”, afirmou. Mas sendo uma companhia intensiva em capital, isso demandará esforço. “Fazemos investimentos grandes e recorrentes para manutenção dos ativos e continuidade operacional, teremos de equacionar tudo isso”.

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O Melhores da Bolsa premia as empresas de capital aberto mais relevantes do país, com base em critérios quantitativos e qualitativos num período de três anos. A Taesa foi escolhida a melhor empresa do setor de utilidade pública e a Unipar, a melhor do setor de materiais básicos. Confira a lista completa aqui.

Desafios da pandemia

Cada empresa a seu modo, ambas tiveram de realizar adaptações para manter os resultados apesar dos efeitos da pandemia. Russomano destaca que a Unipar entrou em 2020 beneficiada por um bem-sucedido processo de integração da Indupa, adquiria em 2017. “Também começamos um programa de excelência operacional, formamos grupos na companhia que passaram a olhar para os ativos, os ciclos de manutenção e tudo que poderia melhorar confiabilidade da empresa”, contou.

Essas iniciativas, aliadas à gestão financeira conservadora, permitiram à Unipar passar bem pelo período mais desafiador. “Do terceiro trimestre em diante conseguimos operar, as fábricas não pararam, os colaboradores reagiram de forma fantástica e com engajamento”, disse Russomano. Sendo a produção de cloro uma das suas linhas de atuação, essencial tanto no tratamento de água quanto na higienização, a empresa não podia parar. “Decidimos não demitir ninguém. Tivemos um ano de resultados positivos e entramos em 2021 com equilíbrio financeiro”.

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No caso da Taesa, a maior dificuldade foi seguir com projetos que já estavam em andamento. “Temos seis empreendimentos em construção. Houve lockdowns que afetaram o andamento”, contou Moreira. Mas eles foram superados ao longo dos meses. Os principais pilares da empresa, segundo o executivo, foram mantidos. “Temos uma geração de caixa consistente e robusta, que permite pagamento de bons dividendos. Nossa política é de distribuir 50% do lucro líquido, e procuramos equilibrar isso com nosso crescimento e nível de alavancagem”, afirmou.

Um dos desafios daqui por diante, na visão de Moreira, é intensificar o programa de inovação. Há muita tecnologia envolvida nas operações da transmissora, ele ressaltou. “Somos conectados diretamente ao Operador Nacional do Sistema (ONS) e precisamos tomar tomar decisões rápidas. Temos sistemas de comunicação de dados em tempo real para a tomada de decisão. Isso diminui a possibilidade de indisponibilidade”, explicou. Mas ainda é preciso automatizar processos que ainda são manuais.

Na Unipar, o que tem exigido maior atenção é a gestão de custos, dada a apreciação da taxa de câmbio e a elevação dos preços de matérias-primas. “Temos diversos programas em andamento que procuram melhorar processos e racionalizar insumos, reduzindo perdas, de modo que mesmo com o aumento do preço unitário dos insumos a perda menor acabe compensando”, disse Russomano.

Os investimentos em tecnologia também vêm nesse sentido, embora muitos tenham sido originalmente motivados pelos protocolos sanitários decorrentes da pandemia. “Investimos em sensores e formas digitais de acompanhamento das fábricas. Tínhamos lideranças nas fábricas acima de 60 anos de idade que colocamos em trabalho remoto, e praticamente levamos as fábricas dentro das suas casa”, explicou o executivo. A automação e o uso mais intensivo de inteligência artificial foram essenciais para monitorar processos e aumentar produtividade. “Quando digitalizamos os processos não precisamos adicionar tantas pessoas. Temos escalabilidade para os momentos de crescimento”.

Melhores da Bolsa

O InfoMoney premia anualmente as melhores empresas da Bolsa, com base num ranking exclusivo feito pela provedora de serviços financeiros Economatica e pela escola de negócios Ibmec.

O ranking analisa critérios quantitativos e qualitativos das empresas de capital aberto num período de três anos – o objetivo de escolher um período superior a um ano é valorizar a consistência de resultados (leia mais sobre a metodologia abaixo). Com base nesses critérios, são premiadas as melhores empresas entre os principais setores da Bolsa, e também a melhor companhia do mercado.

A pesquisa indica ainda qual é a grande revelação do mercado: a empresa que se destacou entre as que abriram capital há menos de três anos. Essa companhia ainda será revelada no evento do Melhores da Bolsa 2021.

Mariana Segala

Editora-executiva do InfoMoney