Suzano (SUZB3): Escassez de celulose permite ajustes de preços, mas custos pressionam margens

Apesar da alta dos preços, margens vêm sendo pressionadas porque custos vêm subindo, em especial de commodities químicas

André Cabette Fábio

Fachada da Suzano em Três Lagoas (Foto: Divulgação)

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O CEO da Suzano (SUZB3), Walter Schalka, disse em entrevista a jornalistas nesta quinta-feira (5) que a escassez de celulose no mercado vem permitindo ajustes de preços. Apesar disso, a inflação de insumos pressiona as margens da companhia.

Segundo balanço do primeiro trimestre, a Suzano lucrou R$ 10,306 bilhões no primeiro trimestre deste ano, revertendo prejuízo de R$ 2,755 bilhões de igual período do ano passado. Nesta quinta-feira (5), as ações da empresa têm alta de 1,03%.

O executivo acrescentou que a empresa anunciou na quarta-feira (4) aumento de US$ 30 no preço do produto para o mercado chinês, e na semana passada foram anunciados aumentos para o mercado americano e outros.

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Schalka afirmou que os níveis de estoque de celulose continuam baixos, inclusive os da Suzano. E o dos clientes estão “muito baixos”, perto do limite operacional. Assim, grande parte dos compradores vem pedindo volumes maiores do que aqueles contratados.

Com a demanda em alta, a empresa deixou de vender no mercado “spot” (para entrega imediata) para atender só os contratados. Em se tratando de caixa, o momento é bom por conta de preços crescentes e redução das paradas na produção, afirmou.

Suzano aponta margens pressionadas

Apesar da alta dos preços de venda da empresa, as margens vêm sendo pressionadas porque os custos do mercado como um todo vêm subindo, em especial de commodities químicas.

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Nos próximos trimestres, ele disse ver estabilidade de custos a partir das projeções realizadas. Ele também afirmou que a Suzano vem buscando a gestão de preços e custos.

O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado subiu 5%, atingindo R$ 5,121 bilhões, com uma margem de 53%, 2 pontos porcentuais abaixo de um ano antes.

O resultado é explicado pela variação positiva no resultado financeiro, por sua vez decorrente do impacto positivo da variação cambial sobre a dívida e da marcação a mercado das operações com derivativos.

O resultado financeiro líquido foi positivo R$ 12,935 bilhões no primeiro trimestre de 2022, revertendo perdas financeiras de R$ 8,667 bilhões na mesma etapa de 2021.

A Suzano explica que as variações cambiais e monetárias impactaram positivamente o resultado financeiro da companhia em R$ 7,631 bilhões, decorrente da valorização de 15% do real frente ao dólar de fechamento, o que impactou a parcela de dívida em moeda estrangeira, parcialmente compensado pela variação cambial da posição de caixa.

Análise do balanço

Sobre a teleconferência de resultados da Suzano, o Bradesco BBI avaliou que trouxe “mensagens positivas no geral”, já que o mercado de celulose continua apertado e a empresa não vê sinais de fraqueza nos preços da celulose.

Conforme o documento, a oferta continua restrita, enquanto a produção de papel temporariamente mais fraca (e demanda de celulose) na China está sendo compensada pela maior produção de papel em outras regiões do mundo.

Além disso, os bloqueios e a situação logística interna na China já estão começando a melhorar, o que, por sua vez, está levando a um melhor sentimento no terreno.

Enquanto isso, os aumentos de preço do papel estão evoluindo gradualmente na China, abrindo espaço para a implementação completa dos aumentos de preço de celulose anunciados recentemente.

Por fim, o BBI destaca que o custo caixa da celulose da Suzano provavelmente atingiu o pico, com a administração esperando custos estáveis/reduzidos nos próximos trimestres.

Fracos resultados

Para o UBS, os resultados de Suzano foram mais fracos do que o esperado. Os motivos destacados para os resultados são basicamente que os mercados de celulose continuam apertados, com logística restrita e paradas inesperadas, além de manutenção elevadas reduzindo a disponibilidade de celulose, apesar do enfraquecimento da demanda na China.

Os preços da celulose estão atualmente em recordes, embora o UBS observe que os impulsionadores de preços de suporte do rali atual são de natureza temporária e devem começar a desaparecer no segundo semestre, “com oferta incremental da América Latina combinada com destruição de demanda devido à pressão generalizada das margens dos fabricantes de papel”.

A análise classifica Suzano como neutra, com preço-alvo de R$ 62,00.

Custos

Para o Itaú BBA, os custos mais altos e o real valorizado ofuscaram alta do preço da celulose em dólar dentro dos resultados da Suzano.

Os analistas observam a queda de 21% no Ebitda do segmento de celulose, para R$ 4,6 bilhões, um reflexo também de menores volumes. Por outro lado, destacam resultados resilientes no segmento de papel, com forte realização de preços.

O Bradesco BBI destacou a entrega de 312 mil toneladas de papel no período, 8% acima de sua estimativa, mas que os custos da divisão também superaram os projetados pelos analistas.

“Acreditamos que as pressões de custo serão amenizadas, a medida que os custos com químicos devem reduzir gradualmente e a diluição de custos fixos vai trabalhar também a favor da companhia”, diz a análise.

Ainda que os resultados tenham vindo levemente abaixo das expectativas, o BBI acredita que as ações estão são sobrevendidas. “Acreditamos que os fundamentos da celulose ainda vão surpreender pelo viés positivo”, afirma o BBI.

A case mantém classificação outperform para os papéis da companhia e preço-alvo de R$ 90.

Recompra de ações

O BBA também vê como positivo o programa de recompra de ações da Suzano, avaliado em R$ 1 bilhão, pelo atual preço de mercado.

“Recebemos bem a notícia da recompra, mas esperamos que a alocação de capital da companhia siga focada no projeto de crescimento no projeto Cerrado”, escreveram os analistas.

O BBA tem classificação outperform para ações SUZB3 e preço-alvo de R$ 75.

Opinião semelhante sobre a recompra teve o Morgan Stanley, destacando que tal fato acabou se sobressaindo aos resultados do 1T22 anunciado ontem.

O Ebitda ajustado ficou 4% abaixo do consenso. A menor receita de celulose mais do que compensa a maior receita de papel e menores despesas administrativas.

O Morgan Stanley classifica a ação como equal-weight (na média do mercado), com preço-alvo de R$ 60,00.

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André Cabette Fábio

Jornalista colaborador do InfoMoney