Semana de “stand by” terá resultado de bancos, racionamento e mais 4 eventos

Após semana de decepção nas ações da Petrobras com falta de baixas contábeis, a estatal voltará ao radar com os dados de estoque de petróleo e próximos capítulos da Operação Lava Jato

Marina Neves

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SÃO PAULO – A última semana de janeiro deixou os investidores de “cabelo em pé”, com o mercado de olho na divulgação dos resultados do terceiro trimestre da Petrobras (PETR3; PETR4), que decepcionou a todos com a falta de informação quanto às baixas contábeis, que mostraria quanto a estatal perdeu nos escândalos de corrupção investigados desde março do ano passado.

O apagão e o risco cada vez maior de racionamento de água também preocuparam os investidores nos últimos cinco dias. A Sabesp (SBSP3) informou no início desta semana que, caso a companhia veja risco de o Sistema Cantareira zerar sua capacidade, há grande possibilidade de ocorrer um racionamento de cinco dias sem água para dois de abastecimento na capital paulista.

E se o investidor achou que a próxima semana seria mais “tranquila”, se enganou: ela trará ainda mais preocupações dos últimos dias, com o economista Alex Agostini, da Austin Rating, declarando que a próxima semana pede aos investidores que fiquem em “stand by”, tomem cuidado e se programem para o longo prazo. Para ver a agenda completa com dias e horários, clique aqui.

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Veja os “drivers” do mercado para a próxima semana:

1) PMI Industrial da China
Os dados da indústria do gigante asiático são sempre acompanhados pelo mercado principalmente por demonstrarem uma aceleração ou desaceleração por lá. O que está sendo aguardado no momento, é que os dados não sejam muito animadores, como explica Agostini, complementando que é comum que os países em processo de maior urbanização e na procura de acentuar o capitalismo, gere um movimento gradativo de desaceleração. Os dados podem influenciar diretamente nas ações da Vale (VALE3; VALE5), uma vez que a China é o principal destino de exportação dos produtos da mineradora.

2) Estoques de petróleo dos EUA
Este é mais um dos principais drivers do mercado para a próxima semana, uma vez que deverão mostrar a quantas anda a relação de oferta e demanda da commodity. Não é assunto de hoje que o petróleo está sofrendo com muita produção e pouca demanda, o que levou seus preços a níveis baixíssimos. A briga entre os países participantes da Opep (Organização dos Países Produtores de Petróleo) como Venezuela e Arábia Saudita tem agravado ainda mais a crise, uma vez que a Arábia não pretende reduzir a produção da commodity.

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No entanto, após a Shell divulgar seus resultados trimestrais e demonstrar que o preço baixo tem pressionado os investimentos da companhia em extração, os preços da commodity demonstraram um respiro nos EUA nesta sexta, com o mercado especulando uma possível redução na produção. Com o novo cenário, a importância da divulgação dos dados na próxima semana só aumenta.

Para além dos casos de corrupção, as ações da estatal Petrobras ainda deverão repercutir os dados de estoque de petróleo na próxima semana, como explica Agostini. Para ele, mesmo que as denúncias da Operação Lava Jato não se descolem das cotações dos papéis na Bolsa, este também um fator-chave para a companhia na semana que vem.

3) IPCA anual e mensal
Os dados de inflação também é um dos fatores de importância para os próximos cinco dias. Influenciando na macroeconomia, os dados deverão vir de acordo com o que já esperado pelo mercado, como afirma Agostini. Para ele, o dado vale ser acompanhado pois a taxa de doze meses promete ser rompida, com maior variação desde 2011.

4) Relatório de emprego e taxa de desemprego nos EUA
Os dois dados, ambos divulgados na próxima sexta-feira deverão ser observados com atenção na próxima semana. A explicação está do aquecimento da economia norte-americana; com menores taxas de desemprego, significa uma recuperação econômica maior, o que os EUA já vêm demonstrando, de acordo com o economista.

“Caso os indicadores venham acima do esperado, poderemos ver um efeito direto na cotação do dólar, apresentando valorização; no caso contrário, o dólar poderá voltar para a banda de R$ 2,60. Isto se explica pois estes relatórios se relacionam diretamente com a política monetária dos EUA de aumento dos juros”, disse Agostini.

Estes dados costumam ser bastante relevantes para acompanhar alguns setores da Bolsa de valores, como os das companhias com receitas atreladas à moeda norte-americana, como é o caso das exportadoras. Uma vez que seus lucros sejam lastreados em dólar, a tendência é que com uma alta na divisa, as ações correspondam com valorização, como é o caso de Fibria (FIBR3), Suzano (SUZB5), Embraer (EMBR3) e BRF (BRFS3); no entanto, o oposto também é visto, como é o caso da Gol (GOLL4), que tem seus custos na moeda, uma vez que o petróleo (combustível de suas aeronaves) é cotado na moeda.

5) Racionamento de água
Mais uma vez o risco de racionamento entrará no radar dos investidores, já que nesta semana a Sabesp admitiu que, caso a companhia perceba perigo de o Sistema Cantareira zerar sua capacidade, poderá adotar um racionamento de cinco dias sem água para dois de abastecimento. No entanto, além de influenciar nos papéis da própria companhia de saneamento de São Paulo, também influenciará em outras companhias como a Braskem (BRKM5), que é grande consumidora de energia e, portanto, um novo “apagão” devido à falta d’água poderia levar a uma nova derrocada dos papéis.

6) Temporada de resultados
No início da temporada de resultados, bancos como Itaú Unibanco (ITUB4), Santander (SANB11) e ABC Brasil (ABCB4) já divulgarão seus balanços para o quarto trimestre de 2014 já na próxima semana. De acordo com o analista da XP Investimentos, Ricardo Kim, os investidores já estão alinhando os resultados com os do Bradesco, que já foi divulgado nesta semana, no entanto, ele ressalta que ainda é aguardada a teleconferência de cada uma delas, que geralmente influencia bastante no mercado. Ele ainda explica que os resultados dos bancos e instituições financeiras são bons termômetros para a situação macroeconômica do País.

Ontem, o Bradesco (BBDC3; BBDC4) divulgou seus resultados e viu seu lucro subir quase 30% no quarto trimestre, apoiado em maiores margens com crédito, robusta alta em seguros e menos despesas com provisões para calotes, embora o crédito tenha crescido abaixo do previsto. De outubro a dezembro, o lucro líquido do segundo maior banco privado do país somou R$ 3,993 bilhões, aumento ano a ano de 29,7%. Excluindo itens não recorrentes, o lucro somou R$ 4,132 bilhões, alta de 29,2%. A previsão média de analistas consultados pela Reuters apontava para lucro recorrente de R$ 3,971 bilhões. Para a Votorantim Corretora, os resultados do quatro trimestre reforçam a visão difícil que os bancos estão enfrentando no atual cenário de economia enfraquecida. Para ver a agenda completa da temporada de resultados, clique aqui.