Sem atacado e com impactos da Covid, Pão de Açúcar decepciona no 2º tri; ações caem na Bolsa

Analistas olham novas iniciativas do grupo com bons olhos, mas upside pode já estar no preço dos ativos

Mariana Zonta d'Ávila

(Divulgação)

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SÃO PAULO – Impactado por maiores restrições relacionadas à Covid-19 e com uma forte base de comparação no ano anterior, o grupo varejista GPA (PCAR3), controlador do Pão de Açúcar, decepcionou ao divulgar seus resultados referentes ao segundo trimestre na noite da última quarta-feira (29).

No período, a varejista teve lucro líquido consolidado de R$ 4 milhões, uma queda da ordem de 96% ante o mesmo intervalo de 2020, quando os consumidores correram aos mercados para comprar mantimentos em meio ao início da pandemia.

A receita também caiu, em 5,3%, para R$ 11,9 bilhões, enquanto o resultado operacional medido pelo lucro antes de impostos, juros, amortização e depreciação (Ebitda) ajustado somou R$ 899 milhões, baixa de 7,7% ano a ano.

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Como esperado, o mercado teve uma reação negativa dos resultados, levando os papéis da companhia a apresentarem queda na Bolsa nesta quinta-feira (29). As ações PCAR3 fecharam o pregão com queda de 7,4% na B3, a R$ 31,42.

Na avaliação da casa de análise Levante, os dados do balanço da companhia vieram ruins, principalmente se considerada a forte inflação de alimentos dos últimos dois anos.

“O GPA mostra que sua base forte de geração de caixa no passado vinha das operações do Assaí e ainda trabalha para rentabilizar melhor a sua base de ativos remanescentes”, destacam os analistas.

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No segundo trimestre, a operação de “atacarejo”, que une o varejo ao atacado, foi o grande destaque das varejistas de alimentos, tanto nos resultados do Assaí quanto nos do Carrefour Brasil. Leia mais aqui.

Resultado mais fraco que o do Carrefour?

Em relatório, o Bradesco BBI destaca que os resultados do Grupo Pão de Açúcar mostraram uma queda de 10% na base anual da receita no Brasil, em linha com o esperado pela casa. O dado, contudo, veio mais fraco do que o apresentado pela operação de varejo do Carrefour no dia anterior, de crescimento de 2%, escreve.

Para o Bradesco BBI, o desempenho da receita da companhia no trimestre decepcionou, com apenas 4% de crescimento de vendas mesmas lojas (SSS, na sigla em inglês) em dois anos.

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“Isso está bem abaixo das taxas de crescimento observadas pelos varejistas Cash & Carry, que estão entregando pilhas de dois anos em torno da marca de 20%”, escrevem os analistas.

“Também continuamos um pouco céticos sobre até que ponto o crescimento das vendas online é incremental ou está simplesmente substituindo um canal por outro”, completam.

Para o time de análise do Bradesco BBI, o nome preferido no setor é Assaí (ASAI3), que tem apresentado maior crescimento nos lucros.

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O banco tem recomendação neutra para os papéis PCAR3 e preço-alvo de R$ 44.

Empresa mais afetada no setor

Na avaliação do Itaú BBA, embora investidores já esperassem as comparações difíceis na base anual (principalmente para as categorias de não alimentos), o Pão de Açúcar é, até agora, a varejista de alimentos, sob a cobertura do banco, mais afetada diante do fechamento de lojas e limitações de capacidade de funcionamento das lojas físicas no trimestre.

Em relatório, os analistas escrevem que os resultados da companhia vieram em linha com o esperado, de uma receita mais fraca, mas sustentando os ganhos de lucratividade do primeiro trimestre de 2021.

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Para o banco, a capacidade da empresa de sustentar os ganhos de produtividade e continuar avançando na implementação de suas iniciativas estratégicas – como a implantação das lojas G7 na bandeira Pão de Açúcar e o novo formato Extra –, bem como na conquista de marcos importantes em seu ecossistema omnichannel, podem aumentar a confiança dos investidores à medida que evoluem, permitindo ao Pão de Açúcar alcançar os demais concorrentes.

Entre os destaques positivos do balanço, os analistas do Morgan Stanley citam as operações digitais da companhia, com aumento de 38% nas vendas na base trimestral e de 32% na base anual, representando 8,2% de penetração na venda de alimentos (acima dos 5,7% no primeiro trimestre).

O time de análise destaca ainda que o Pão de Açúcar segue com sua estratégia de ser uma plataforma de e-commerce mais aberta, com resultados mostrando o impacto positivo de iniciativas como novas parcerias e ampliação do leque de produtos oferecidos.

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“Embora os resultados não tenham atendido às nossas expectativas, o PCAR mostrou controle de custos no trimestre, com as margens Ebitda caindo modestos 20 pontos-base ano a ano, mesmo com uma queda de 5% na receita”, escrevem os analistas do Morgan Stanley.

Visão positiva já está no preço

O otimismo que recai sobre a companhia, em especial sobre as novas iniciativas do grupo podem, contudo, já estarem no preço das ações PCAR3.

Ao menos essa é a avaliação da XP. Segundo os analistas, parte da visão positiva com as novas iniciativas já está refletida no nível de valuation atual, em 27 vezes o preço sobre lucro estimado para 2021.

Além disso, desafios relacionados à venda no curto prazo da participação da empresa de marketplace Cnova devem continuar pesando sobre os ativos da companhia, destaca o time.

Assim como o Bradesco BBI, a XP manteve sua recomendação neutra para as ações PCAR3, e preço alvo de R$ 39 por ação.

De 13 casas que cobrem o papel, quatro têm recomendação de manutenção para os ativos e nove de compra, das quais uma delas recomenda forte exposição.

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