Com destaque para atacarejo, Assaí registra números mais fortes do que o Carrefour no 2º tri, apontam analistas

Analistas veem performance sólida de vendas mesmas lojas, apesar de maiores restrições impostas pela Covid-19 e base de comparação mais forte de 2020

Mariana Zonta d'Ávila

(AJ_Watt/Getty Images)

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SÃO PAULO – O Assaí (ASAI3) e o Carrefour Brasil (CRFB3) reportaram na noite da última terça-feira (27) resultados acima do esperado no segundo trimestre de 2021. No período, o destaque de ambas as companhias ficou por conta do segmento de “atacarejo”, que une o varejo ao atacado.

Na avaliação da XP, a operação de atacarejo apresentou uma performance sólida de vendas mesmas lojas, apesar de maiores restrições impostas pela Covid-19 no semestre e de uma base de comparação mais forte no mesmo período de 2020, quando houve o movimento de abastecimento por parte dos consumidores em meio ao início da pandemia.

“Esperamos que o segmento siga com uma performance positiva pela frente, uma vez que a reabertura e aceleração da vacinação deve impulsionar a demanda do segmento B2B (bares, restaurantes, transformadores e utilizadores), enquanto esperamos que parte do movimento de pessoa física para o canal seja estrutural”, escrevem os analistas em relatório.

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Para a XP, o resultado do Assaí foi mais forte por conta da combinação de um forte crescimento de receita e melhor rentabilidade entre os meses de abril e junho.

O segmento de varejo do Carrefour reportou resultados fracos por conta de uma base forte de comparação, enquanto o Banco Carrefour foi um destaque positivo, com os resultados voltando para os níveis pré-pandemia, escreve o time de análise da XP.

Nesta quarta-feira (28), os papéis ASAI3 e CRFB3 encerraram o pregão em queda de 1,03% e 1,31%, respectivamente, com os papéis negociados a R$ 88,08 e R$ 19,54.

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Assaí: uma história de crescimento

Na XP, os papéis ASAI3 são os preferidos no setor de varejo alimentar. Com a expectativa de que a companhia continue a entregar resultados sólidos nos próximos trimestres, a casa tem recomendação de compra para os papéis e preço-alvo de R$ 120 – o que implica potencial de alta de 34,8% ante o fechamento do último pregão (27).

A avaliação é compartilhada pelo Bradesco BBI, que vê as ações entre as mais atraentes do setor, negociando com múltiplo preço sobre lucro (P/L) para 2022 de 16 vezes, enquanto oferece uma taxa média de crescimento ponderado (CAGR) de três anos para o lucro de 18%.

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Segundo os analistas, o Assaí segue apresentando forte crescimento de dois dígitos, sustentado por sua exposição de 100% ao segmento de C&C (Cash & Cary), de alto crescimento e rápida expansão de lojas.

“Com 19 inaugurações nos últimos 12 meses e aproximadamente mais 25 até o final do ano, continuamos convencidos de que há muito potencial de crescimento por meio de lojas adicionais”, avalia o banco.

O Bradesco BBI manteve sua recomendação de compra para os papéis ASAI3 e elevou sua projeção de preço-alvo para 2022 de R$ 125 para R$ 130 (upside de 46,1%), dado que aumentou suas estimativas de lucro líquido para o período de 2021 a 2023 em cerca de 3% a 4%.

Assaí também é destaque entre as companhias acompanhadas pelo Itaú BBA, uma vez que o banco espera ver um crescimento ameno de receita e/ou uma rentabilidade mais pressionada no confronto anual para os demais operadores do segmento.

Os analistas permanecem confiantes e com recomendação de compra para os papéis da companhia, principalmente porque o cenário sugere uma contração mais rápida do preço sobre lucro em relação aos pares.

O banco estima um preço-alvo de R$ 100 para as ações do Assaí, o que implica potencial de alta de 12,4% ante os patamares atuais.

Já o Morgan Stanley destaca, em relatório, que o formato de cash & carry ainda é relativamente pouco penetrado nos mercados endereçáveis da vareijsta.

No segmento de B2C, C&C representa apenas 15% da indústria, enquanto no B2B corresponde a 21% das vendas totais. “Nesses níveis, vemos espaço para uma continuidade do crescimento nesse formato”, escreve.

Carrefour: foco no Atacadão

Com relação ao Carrefour, o Bradesco BBI escreve que, embora uma queda nos lucros (de 4% no Ebitda na base anual e de 17% no lucro líquido) seja sempre decepcionante, as taxas de crescimento de dois anos (levando em consideração a base de comparação mais forte) são saudáveis, embora não espetaculares.

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Segundo os analistas, o principal motor de crescimento e retorno (Atacadão) continua apresentando forte crescimento, mesmo com o indicador de vendas mesmas lojas (SSS, na sigla em inglês) mais baixo dada uma base de comparação anual mais forte.

O Atacadão também deve se beneficiar via expansão, avalia o BBI, com as lojas Makro adquiridas começando agora a dar uma contribuição significativa – o que permite a visão de que há espaço para expansão adicional.

O time de análise chama atenção ainda para a aquisição do Grupo BIG, que está sob análise das autoridades de defesa da concorrência, e que oferece, segundo o Bradesco BBI, “espaço significativo para a criação de valor”.

Com isso, o banco escreve que continua vendo bom valuation oferecido pelos papéis do Carrefour, com múltiplo preço sobre lucro (P/L) para 2022 de 14 vezes. O BBI tem recomendação de compra para as ações CRFB3, com preço-alvo de R$ 28 – potencial de upside de 41,4%.

A XP, por sua vez, manteve sua recomendação neutra para as ações de Carrefour Brasil, uma vez que avalia que as margens devem seguir pressionadas por conta da estratégia da companhia. A casa vê ainda que o segmento do varejo pode continuar a enfrentar alguns desafios de curto prazo por conta da retomada econômica.

Já os analistas do Itaú BBA destacam a operação de “atacarejo” e a aceleração do resultado operacional do Banco Carrefour, que apresentou crescimento no Ebitda de 35% na comparação anual.

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