Reviravolta nos juros? 4 ações para comprar se a Selic cair menos que o previsto

Bofa lista suas "bond proxies" favoritas - ações que geralmente se saem melhor em cenários de juros mais altos

Vitor Azevedo

Juros e dinheiro. Fonte: Polina Tankilevitch/ Pexels

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O time de analistas do Bank of America, no fim de abril, elevou sua projeção para a Selic ao fim de 2024 de 9,5% para 10,25%, com um ciclo de flexibilização monetária que, na visão do banco, chega ao fim em junho com mais um corte de 0,25 ponto. O banco reiterou a visão após uma ata na terça mais hawkish (dura, mostrando preocupação com a inflação) da última reunião do Copom. Até o fim de 2025, o banco espera redução da taxa básica no Brasil para 9%, mas com as taxas de juros mais longas no Brasil dependendo das próximas movimentações do Federal Reserve (Fed) para cair.

Com base nesse cenário de juros altos por mais tempo, o time destacou algumas das suas ações favoritas que, para eles, podem se beneficiar das taxas mais altas, as chamadas “bond proxies“.

Saiba mais: “Pode não cair mais em 2024”: bancos elevam projeção para Selic após ata do Copom

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Apesar de os analistas mencionarem que a publicação nesta semana do índice CPI (inflação ao consumidor, na sigla em inglês) dos EUA mais suave desta semana ter sido “um passo na direção certa” e bem “recebida pelo mercado”, a visão de agora continua sendo mais pessimista do que a de meses atrás sobre o início de corte de juros por lá.

Bond proxies oferecem mais segurança em meio a incertezas

Com isso, o banco enxerga algum espaço para a valorização das bond proxies, ações que se comportam como títulos de renda fixa, usualmente mais previsíveis.

“Definimos bond proxies como ações em setores que geralmente têm fluxos de caixa previsíveis, com receitas e custos tendendo a crescer em linha com a inflação. No Brasil, consideramos as empresas que cobrimos dos setores de geração, transmissão e distribuição de energia, rodovias pedagiadas, ferrovias, shopping centers e telecomunicações como geralmente tendo fluxos de caixa previsíveis”, contextualizam. 

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No setor de energia elétrica, um dos favoritos de parte do mercado em cenários de juros mais altos por ser ligado ao consumo não discricionário, o BofA tem a Eletrobras (ELET3) como sua favorita. “Mantemos nossa visão de que oferecem retornos ajustados ao risco atrativos em meio à incerteza atual, mas somos seletivos, pois o posicionamento pode ser uma preocupação enquanto o setor continuar sendo um favorito na América Latina”, dizem os analistas do banco, em relação a valuations mais esticados. 

Para eles, a Eletrobras é a favorita dentre as companhias elétricas — recomendação de compra para os papéis, com preço-alvo em R$ 59 para ELET3 — por conta de sua performance no ano, com queda de 5% frente às demais empresas do ramo. Fora isso, a perspectiva de aumento dos lucros, desinvestimentos e redução de risco, com as mudanças pós-privatização ainda em curso, também são citadas. 

Em transporte, o BofA tem a Rumo (RAIL3), de linhas de trens, como favorita, com recomendação de compra e preço-alvo em R$ 30. Eles mencionam que a companhia, em 2025, deve ter negociações de novas taxas, o que pode ser um gatilho positivo para os papéis. No entanto, taxas de juros mais altas podem inibir a economia do Brasil, e decorrentemente o transporte, e também pesar do lado dos gastos financeiros.

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Em telecomunicações, a visão da casa é positiva para todo o setor. “Continuamos otimistas com telecomunicações, pois vemos fundamentos sólidos para o crescimento da receita e geração de caixa”, pontuam. “Apesar disso, vemos Vivo (VIVT3) e TIM (TIMS3) negociando com um desconto de 20% e 10% em relação às médias históricas, respectivamente”. A Vivo, porém, é a top pick, tendo preço-alvo em R$ 64 e recomendação de compra.