Saraiva vende ativos e recebe R$ 160 milhões para pagar dívidas

Valor é cerca de 1/3 do que a empresa deve; rede de livrarias vendeu o ponto de uma loja do Shopping Ibirapuera, em São Paulo, além créditos tributários

Estadão Conteúdo

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Ex-líder de mercado de livrarias no Brasil, a Saraiva (SLED4) ganhou fôlego para superar a sua grave crise financeira e tentar sair de um processo de recuperação judicial que já se arrasta há mais de três anos. A empresa vendeu o ponto de uma loja do Shopping Ibirapuera, em São Paulo, hoje alugada pela varejista Centauro, além de créditos tributários, em um leilão judicial realizado na semana passada.

Com o leilão, a varejista abaterá cerca de R$ 160 milhões de sua dívida (que já alcançava a casa dos R$ 500 milhões), mas o negócio será concretizado só depois da homologação judicial das propostas vencedoras. “Ainda há muito a ser feito, mas se trata de um passo importante”, disse uma fonte próxima à empresa, que pediu para não ser identificada. “E a venda também foi de uma loja que a Saraiva já sabia viver sem”.

O espaço agora ocupado pela Centauro era o único ponto que ainda pertencia à Saraiva (as demais lojas abertas funciona em áreas alugadas). Já os créditos tributários pertenciam originalmente ao Banco do Brasil, mas estão hoje nas mãos do fundo Travessia, do BTG Pactual.

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Esses eram os únicos ativos disponíveis para venda. A empresa até tentou vender seu e-commerce (saraiva.com), mas o ativo foi a leilão em mais de uma ocasião e não foi comprado. O dinheiro da venda dos ativos não entrará no caixa da empresa e será destinado exclusivamente para o abatimento da dívida. O restante do endividamento deve ser pago pela geração de caixa da empresa, e os credores também podem optar por trocar a sua dívida por ações.

Recuperação judicial

A visão dentro da Saraiva é que, para sair da recuperação judicial, a empresa precisará voltar a ter produtos em consignação (sistema em que a loja expõe o produto, sem a necessidade de compra). Assim, não precisaria mais gastar seu caixa para ter sortimento em suas prateleiras.

É uma prática comum de mercado, mas várias editoras estão se recusando em atuar nesse esquema com a rede depois de tomar vários calotes (ou seja: a Saraiva só está recebendo livros se comprá-los, segundo fontes de mercado).

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A RV3, administradora da recuperação judicial, informou em seu último relatório divulgado nos autos do processo, que a Saraiva registrou um prejuízo de R$ 15,8 milhões entre janeiro a abril deste ano (mais do que as perdas de todo o ano de 2021).

A Saraiva tinha 34 lojas em março, quase um terço do seu tamanho no início de 2017, um ano antes da recuperação judicial (quando a empresa tinha 113 lojas). A líder do setor atualmente é a Leitura, companhia mineira que assumiu algumas lojas da Saraiva e hoje tem mais de 90 unidades.

Fim das ‘megastores’

Diferentemente do que faz a Saraiva, que durante anos apostou em grandes lojas e chegou a fazer um forte investimento na comercialização de produtos eletrônicos, a tendência atual das livrarias é de unidades com custos menores, mais focadas em livros e papelaria.

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O modelo de megastores também era usado pela Cultura, antiga segunda colocada do mercado, que fechou quase todas as suas lojas e também está em recuperação judicial há cerca de quatro anos.

A substituição de lojas maiores por unidades de menor porte está ficando clara no Shopping Iguatemi, onde até pouco tempo atrás a Cultura tinha uma megastore (e está sendo substituída por uma unidade menor da Livraria da Vila).

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